O Acre cuidando de suas águas

A cada ano em que o Dia Mundial da Água é comemorado, as Nações Unidas definem um tema para abordar problemas e possíveis soluções relacionadas ao uso dos recursos hídricos. Em 2012, o tema é “Água e Segurança Alimentar”, dando importância não apenas ao planejamento e distribuição racionais, mas à qualidade desses recursos, levando em conta fatores sociais. É exatamente o que o governo do Acre vem se preocupando em fazer através de suas políticas.

Segundo a ONU, aproximadamente um bilhão de pessoas vive em condições de fome crônica e a pressão sobre os recursos hídricos tende a crescer. Para produzir um quilo de carne, por exemplo, são consumidos 15 mil litros de água, enquanto um quilo de trigo exige 1.500 litros. Ao mesmo tempo, pelo menos seis mil crianças morrem diariamente devido a doenças ligadas à água insalubre e a um saneamento e higiene deficientes, em função das graves desigualdades sociais existentes.

Governo e sociedade civil se unem para recuperar matas ciliares na Bacia do Rio Acre (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Governo e sociedade civil se unem para recuperar matas ciliares na Bacia do Rio Acre (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Em 2025, se os atuais padrões de consumo e a má distribuição de renda se mantiverem, duas em cada três pessoas vão sofrer escassez moderada ou grave de água. O sistema produtivo vigente, que nem sempre consegue aliar a necessidade de lucros ao bem-estar social, precisa ser urgentemente repensado com critérios de responsabilidade humana e ecológica. Mas para que isso ocorra, fatores ambientais e políticas públicas realistas são hoje indispensáveis.

No caso do Acre, que acaba de passar por uma das maiores inundações de sua história, ações pertinentes ao uso racional dos recursos hídricos estão sendo estudadas e implementadas. Não se trata somente de preservar a qualidade e a disponibilidade desses recursos.  As últimas alagações – que tendem a se repetir nas próximas estações chuvosas – provaram que ações para um reordenamento urbano devem ser levadas em conta, principalmente no que se refere à manutenção das áreas de preservação permanente ao longo das margens dos rios. São comprovadamente impróprias para a moradia, além de serem áreas que, densamente ocupadas, comprometem o bem-estar e a saúde de nossas águas e a segurança das pessoas que vivem nessas localidades.

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O papel das matas ciliares

Secretário de Meio Ambiente, Edegard de Deus, entrega mudas do Programa de Recuperação e Conservação de Nascentes e Matas Ciliares da Bacia do Rio Acre (Foto: Angela Peres/Secom)

Secretário de Meio Ambiente, Edegard de Deus, entrega mudas do Programa de Recuperação e Conservação de Nascentes e Matas Ciliares da Bacia do Rio Acre (Foto: Angela Peres/Secom)

Presentes às margens dos rios, as matas ciliares funcionam como filtros, retendo defensivos agrícolas, poluentes e sedimentos que seriam transportados para os cursos d’água, afetando diretamente a quantidade e a qualidade da água e, consequentemente, a fauna aquática e a população humana. Exercem também importante papel na proteção dos cursos d’água contra o assoreamento, evitando os processos erosivos. Funcionam como corredores ecológicos, ligando fragmentos florestais e, portanto, facilitando o deslocamento da fauna e o fluxo gênico entre as populações de espécies animais e vegetais, além de, em muitos casos, se constituírem nos únicos remanescentes florestais das propriedades, essenciais para a conservação da fauna.{/xtypo_rounded2}

Berço esplêndido

O Brasil, que possui a maior reserva de água potável do mundo, não escapa de uma análise comprometedora quando se trata do uso racional de seus recursos hídricos. A falta de saneamento básico destoa do nível de crescimento econômico que o país atravessa. Atualmente, 55% da população não dispõe de água tratada nem de saneamento básico, embora pesquisas indiquem que para cada R$ 1 investido em saneamento o governo deixaria de gastar pelo menos R$ 5 em serviços de saúde.

Na capital, o Depasa Rio Branco tem como meta alcançar 100% de eficiência no abastecimento de água até 2014 (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Na capital, o Depasa Rio Branco tem como meta alcançar 100% de eficiência no abastecimento de água até 2014 (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

O Brasil também possui a maior concentração de água doce do planeta (cerca de 20%), detendo 53% do manancial disponível na América do Sul, além de contar em seu território com o maior rio do mundo, o Amazonas. A segunda maior bacia hidrográfica existente, a Platina, também está parcialmente em território brasileiro.

Nossas riquezas hídricas não se restringem às águas superficiais: o aquífero Botucatu/Guarani cobre uma área subterrânea de quase 1,2 milhão de quilômetros quadrados, 70% dos quais em subsolo brasileiro. Apesar de tamanha disponibilidade, a água está distribuída de forma bastante desigual. A região hidrográfica do Amazonas dispõe de mais de 70% das águas do país, mas tem uma baixa densidade populacional, ou seja, está distante dos grandes centros de consumo. Nas grandes cidades, em contrapartida, o crescimento desordenado e as exigências imediatas por energia e alimentação estão impondo não só aos brasileiros, mas a toda a população mundial, crescentes demandas de água doce. Assim, dispor de grandes reservas hídricas não garante o abastecimento de água para toda a população. Como se não bastasse, o desperdício de água chega a 50% – um dos maiores índices do mundo.

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Curiosidades

Cada brasileiro gasta 300 litros de água por dia. Apenas metade disso seria suficiente para suprir todas as necessidades. Além disso, grande parte dos reservatórios está contaminada, principalmente em regiões mais populosas.

Na maioria dos países, é no campo que ocorre o maior consumo de água: a agricultura intensiva consome mais de quinhentos litros por pessoa ao dia. De 1900 até os nossos dias, a superfície de cultivo irrigado triplicou. Os sistemas tradicionais de irrigação aproveitam apenas 40% da água que utilizam. O resto evapora ou se perde.{/xtypo_rounded2}

Veja também

A Política Nacional de Recursos Hídricos

O Programa de Conservação e Recuperação de Nascentes e Matas Ciliares da Bacia do Rio Acre

 

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