Subindo o Rio Juruá por algumas horas a partir de Marechal Thaumaturgo, ou dois dias a partir de Cruzeiro do Sul, chega-se à Foz do Breu, uma das comunidades mais isoladas do Acre na região do Rio Juruá. Um mundo especial, visitado pelo governador Tião Viana e comitiva na última quinta-feira, 20.
“Aqui há centenas de famílias ao longo do rio. Os jovens querem oportunidade de vida, e as famílias, desenvolvimento. Estamos discutindo problemas e alternativas”
Governador Tião Viana
Cerca de 50 famílias vivem ali, no encontro do Juruá com o Breu. É bela a visão do barranco, das casas e das grandes escadarias que levam até a margem. Já não há mais os tradicionais ares de seringal. Mas casas bem levantadas, um campo de futebol e uma escola em alvenaria. E uma calçada de tijolos funciona como via principal.
A Unidade Básica de Saúde (UBS) local, a Roseno Rodrigo, está sendo ampliada com recursos do SUS. No dia anterior à visita, havia recebido o Saúde Itinerante, com o programa Mais Sorriso.
Novas oportunidades
Quem vive na Foz do Breu não esconde as dificuldades de estar num dos lugares mais isolados do Acre, mas, ainda assim, a população local, em geral, afirma ser feliz. Um dos problemas ainda é a energia elétrica, bastante instável. O investimento do governo na aquisição de 23 novos geradores foi de R$ 80 mil. A prefeitura de Marechal Thaumaturgo garantirá o combustível. Mas há outro desafio: o grande barranco do rio impossibilita a subida dos geradores, pesados demais, para a comunidade. Para superar o obstáculo, o governador autorizou, quando o nível das águas estiver mais estável, a vinda de uma escavadeira por balsa, que servirá de rampa para os geradores.
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“Aqui há centenas de famílias ao longo do rio. Os jovens querem oportunidade de vida, e as famílias, desenvolvimento. Estamos discutindo problemas e alternativas. Vamos implantar tanques de piscicultura, criação de galinhas caipiras e de pequenos animais, como ovelhas, além dos kits casas de farinha, que estão previstos para ser entregues este ano”, disse o governador Tião Viana, em conversa com a comunidade.
A produção local é de milho e feijão, o que dá uma boa segurança alimentar para a população. E há planos de se construir uma olaria no local.
Para a deputada federal Perpétua Almeida, o cenário é de perspectivas. “O povo diz para a gente que está animado. Há feijão para comer e para vender. É uma lição de vida, uma comunidade bem preservada. Dizem que é aqui que o Brasil termina, mas para mim é onde ele começa”, avalia a deputada.
Vida simples
Evanildo Souza, 39 anos, solteiro, dois filhos, nasceu na Foz do Breu. Participante ativo das decisões da comunidade, afirma que, mesmo com as dificuldades, sair da região não está em seus planos. “A vida aqui é boa. Ainda falta chegar um pouco de recursos, mas é muito melhor que viver na cidade. Para a gente é uma alegria ver as autoridades vindo, conversar com a gente e trabalhar junto”, assevera.
Um olho no futuro
Da foz, no Rio Amazonas, até as nascentes, no Peru, o Rio Juruá tem 3.283 quilômetros de extensão – um terço em território acreano. Filho da terra, o vice-governador César Messias se sentiu à vontade durante a visita. Conversou com a população, foi convidado a entrar nas casas e não dispensou a galinha caipira que lhe foi oferecida. “Estas regiões não tinham a presença de governo. Agora você encontra escola, produção, um povo feliz. E viemos justamente ouvir de que novos investimentos eles precisam”, conta César Messias, ao lembrar que Tião Viana é o segundo governador do Acre a pisar na Foz do Breu.
Para o prefeito de Marechal Thaumaturgo, Aldemir Lopes, se já não é fácil administrar um município isolado por meios terrestres, comunidades mais isoladas na fronteira apresentam desafios ainda maiores: “Estamos alegres tanto com a vinda do governador quanto com os recursos e parcerias que temos feito, beneficiando como nunca nossa população”, afirma.