Determinação para a vitória

Eles foram alunos do Cetemm e hoje ajudam a escrever histórias de sucesso relacionadas à madeira

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Em 1996 Aldeni conseguiu uma vaga no curso de marceneiro do Cetemm (Foto: Sérgio Vale/Secom)

A determinação em transformar uma vida fez com que Aldeni Evangelista mudasse o curso do seu destino e se tornasse um vencedor. Hoje ele é instrutor de marcenaria do Centro de Tecnologia da Madeira e do Mobiliário (Cetemm) e se prepara para receber o diploma de bacharel em Comércio Exterior no próximo ano. Uma realidade que um menino do Seringal Cachoeira, que aos seis anos começou a cortar seringa para ajudar a mãe e recebeu seu primeiro boletim escolar aos 17, não poderia imaginar.

Aldeni morava na Colocação São João da Barra, fronteira com a Bolívia, dentro do Seringal Cachoeira. Ainda criança precisou aprender a manusear a cabrita e a tigela para ajudar a mãe e os dois irmãos mais novos, assumindo, aos seis anos, o papel de chefe de família. Aos 14 anos foi morar com a avó e aos 17 parou de cortar seringa. "Eu vi que não era aquela vida que eu desejava para mim. Eu queria estudar, ser alguém. Não queria passar o resto da vida cortando seringa, vivendo sem perspectivas", relembra. Arrumou suas coisas e foi morar em Xapuri, onde começou a estudar na escola Rita Maia. Um professor de Educação Física resolveu fazer a diferença na vida daquele garoto determinado e começou a ensinar-lhe a arte da marcenaria.

Aldeni tomou gosto pela atividade e conseguiu uma vaga no curso de marceneiro do Cetemm em 1996, na cidade de Xapuri. Três anos depois Aldeni muda para a capital acreana e mais uma vez se matricula no centro de ensino ligado ao Senai para aprofundar os conhecimentos. Hoje, com 21 anos de experiência o instrutor, teve a oportunidade de se especializar na Itália em marcenaria, custos de produção e desenho técnico através do Comitê Amazônia/Brianza – entre Governo do Estado e empresários italianos.

Também se aperfeiçoou em São Paulo, pela empresa Etel Interiores,onde passeu nove meses se aprofundando nas técnicas da profissão. Em Trancoso, Porto Seguro, ele aprendeu a arte da marchetaria. Com as habilidades aprendidas na faculdade de Comércio Exterior, Aldeni pretende ajudar o empresariado local a exportar os produtos produzidos.

"Depois que eu vi como as coisas lá fora [no exterior] funcionam e as carências que temos aqui me motivei a ajudar as empresas da área a exportar. Para esse processo é necessária muita informação técnica, que nem sempre as empresas têm e posso ajudar também neste ponto. Outro fator é a rota do Pacífico que vai passar na nossa porta e precisamos aproveitá-la ao máximo", analisou Aldeni.

 

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  Aldeni trabalhava no seringal e hoje é instrutor no Cetemm. No próximo ano se forma em Comércio Exterior (Foto: Sérgio Vale/Secom)

 

O bom filho à casa torna

Como o bom filho a casa torna, Aldeni voltou ao Cetemm após vários anos de experiência profissional. Desta vez não na condição de aprendiz, mas na de instrutor na área de aprendizagem de marcenaria. "Eu sou o professor do bê-a-bá. Primeiro ensinamos a teoria, num processo que dura de seis a oito meses e engloba temas como tecnologia, relações humanas e os 5 S’s – técnicas de organização e higiene no ambiente de trabalho", relata. Depois da etapa teórica os jovens aprendizes de marceneiros passam então a fabricar mesas de centro, bandejas e pequenos objetos. "Mas não é só fazer uma mesinha de centro, é preciso aprender a utilizar as máquinas para fazer qualquer tipo de trabalho. É isso que ensinamos aqui", ressalta.

Para quem acha que marcenaria é profissão de homem um dado chama atenção: na turma de Aldeni uma média de 60% dos alunos é formada por mulheres.

 

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