Quem chega ao salão “Tesoura de Ouro”, na Rua Primavera, bairro Belo Jardim, no Segundo Distrito de Rio Branco, logo percebe que não se trata apenas de uma simples casa de beleza. Se for freguês, senta na cadeira do Zezé. E se for freguesa, na de Márcia. E aí começam as diferenças do salão do casal de cabeleireiros.
Ambos são ágeis na tesoura, fazem a cabeça dos fregueses de acordo com seus gostos e suas aparências, sempre buscando embelezar ao máximo as pessoas. O trabalho do casal vem acompanhado de um bom papo, de gente simples, humilde e inteligente, como são Zezé e Márcia, um casal com uma bela história de sucesso para contar.
Zezé é José Maria Roque de Lima, 30 anos, natural de Xapuri, onde nasceu no seringal Aubrácia, cortando seringa dos 12 aos 18 anos, quando veio para a cidade estudar. Mudou-se para a capital para se juntar ao irmão, que já era cabeleireiro, com quem aperfeiçoou os cortes de cabelo que fazia no seringal.
Nessa época, Zezé colocou em ação o lado solidário que todos trazem do interior da floresta. Além de venderem seus talentos profissionais, Zezé e o irmão passaram a fazer ação social nos bairros pobres da cidade. Até hoje, ele e a mulher Márcia cortam cabelo grátis em escolas e outros locais de gente simples e humilde como eles. “A gente precisa ajudar o próximo”, aconselha o cabeleireiro.
Márcia Rodrigues de Souza Roque, 42 anos, nascida em Rio Branco, duas filhas, uma (Maiara) ajudando no salão e outra cursando Direito, também é uma artista na arte de embelezar. Aprendeu com o marido Zezé e hoje disputa com ele a boa arte de embelezar as mulheres que, a exemplo dos homens, aparecem em grande número no Tesoura de Ouro, vindo de todos os lugares da capital e também dos municípios vizinhos. O casal conta também com o trabalho do empregado Jesuite.
Ambos tendo cursado apenas a quarta série, Zezé e Márcia são duas das 6,2 mil pessoas carentes do Acre que já se profissionalizaram no Programa de Pequenos Negócios, do governo Tião Viana, desde janeiro de 2011. Além de cursos profissionalizantes e de empreendedorismo, o casal recebeu diversos equipamentos modernos para desempenhar melhor suas atividades.
Foram dois lavatórios, duas cadeiras de corte, pranchas, secadores, espelhos e máquinas de cortar, que os dois receberam há um ano e meio. “Os cursos e os equipamentos nos garantiram um caminho de sucesso”, diz Zezé, ao acrescentar que está tentando tirar o micro-crédito para adicionar ao salão ar-condicionado, sofá e vitrines.
“Quando alguém enxerga você, você começa a crescer”, completa Márcia, agradecendo à Secretaria de Pequenos Negócios, de José Reis e Silvia Monteiro, pelo “grande” apoio profissional. Um apoio que permitiu ao casal passar, em um ano e meio, do faturamento diário de R$ 40,00 para R$ 300,00, um aumento de mais de 700%. De pouco mais de um salário mínimo no início, a renda do casal ultrapassa hoje os cinco mil reais.
Nesse período, o fantástico aumento da renda do casal de cabeleireiros Zezé e Márcia permitiu reformar o salão, ampliar a casa onde mora ao lado, comprar um carro modelo Ford KA e uma moto, além dos modernos eletrodomésticos para a sua residência.
