A equipe de transplantes de córnea iniciou seu trabalho no Hospital das Clínicas do Acre (HC) em junho de 2009 e até hoje foram realizadas 79 cirurgias, representando o fim de toda a demanda existente no Estado para esse tipo de procedimento.
A córnea é a lente transparente existente na parte anterior do globo ocular – ou seja, na frente do olho – e serve para proteção, focando a luz através da pupila. Sendo assim, o transplante consiste na substituição de uma porção doente de forma total ou parcial por uma córnea saudável, para melhorar a visão do paciente e corrigir problemas que causem risco de perda funcional do olho.
Segundo a Equipe de Transplantes do Acre, as causas mais frequentes de lesão na córnea nos jovens do Acre é o uso de lentes de contato apenas para fins estéticos. “Muitos, além de não terem o cuidado correto com a higienização da lente, ainda compartilham com outras pessoas. Mas também existem casos de lesões com produto químico ou úlceras”, disse a enfermeira Juliana Leoni.
“Já em pessoas com idade avançada, as principais causas de traumas na córnea são problemas em decorrência de um procedimento anterior, como cirurgia de catarata ou glaucoma”, complementou Juliana.
De acordo com a Central de Notificação, Capacitação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), foram realizados apenas este ano, no Hospital das Clínicas, 31 transplantes. Desses, 17 córneas vieram do Banco de Órgãos do Sistema Nacional de Transplantes. “Ainda existe uma grande recusa por parte das famílias do nosso Estado no que diz respeito à doação. Muitos se recusam a autorizar a doação dizendo que o parente deverá ser enterrado como veio ao mundo ou por motivos religiosos”, acrescentou Juliana Leoni.
Crhystiane de Souza, 34, precisou de um transplante de córnea devido a um acidente doméstico. Enquanto arrumava sua a, percebeu que algo a incomodava no olho direito. A irritação no olho acabou causando trauma na córnea em apenas quatro dias.
“Fiz a cirurgia no dia 15 de maio e tenho me recuperado bem. Todo mês tenho consulta com a minha médica [Natália Pimentel] e sempre recebo ligações para saberem como estou”, disse. “A vontade de todos que são submetidos ao transplante é de saber quem é o doador e conhecer sua família para agradecâ-la, por terem proporcionado essa total mudança na nossa vida.”