Artista toca em Rio Branco neste sábado, no estacionamento da Arena da Floresta
O cantor e compositor Zeca Baleiro conseguiu atingir sua meta de se tornar um artista popular. Com mais de 25 anos de carreira, dez discos autorais, participação em outras dezenas de trabalhos e criação do selo Saravá Discos por meio do qual lança artistas ignorados pela mídia, Zeca Baleiro continua inquieto e mais popular do que nunca ao lançar CDs inteiros em sua página na internet ao mesmo tempo em que abre ao público a escolha do repertório do próximo disco.
Zeca Baleiro concedeu entrevista à Agência de Notícias do Acre e diz o que o público pode esperar do show deste sábado, 13, no estacionamento do estádio Arena da Floresta, em primeira produção de 2010 do recém-lançado P&iá Coletivo de Cultura durante o circuito "A Cidade se Diverte".
Agência de Notícias – Sua primeira vez no Acre foi durante a turnê do Vô Imbolá. Na ocasião, o show aconteceu no Teatro Plácido de Castro, o Teatrão, que comporta em torno de 500 pessoas. Desta vez será na Arena da Floresta, local com capacidade para receber um público 20 vezes maior. Você se lembra dessa passagem pelo Estado? Qual a impressão que levou?
ZB – Claro que lembro. Foi um show muito especial, no dia dos 500 anos do Descobrimento. Fui recebido muito calorosamente pelo público acreano.
Agência de Notícias – Entre um show e outro no Acre já se passaram mais de 10 anos e quase o mesmo número de discos gravados. Para lugares onde você não costuma ir muitas vezes o show tem elementos diferentes?
ZB – Em dez anos muita água rolou por baixo da ponte (risos). Como faz tempo que não toco aí, acho interessante passear pelos discos todos, fazer uma espécie de revisão da carreira. Será divertido, tenho certeza.
Agência de Notícias – Você sempre abriu espaço para compositores esquecidos pela mídia. O Brasil é negligente com seus artistas populares?
ZB – Sim, muito, infelizmente. Há cinco anos criei um selo, o Saravá Discos, pelo qual lancei trabalhos de alguns artistas grandes, embora esquecidos ou desconhecidos. Já lançamos discos de Sérgio Sampaio, compositor capixaba morto em 94, autor da clássica "Eu Quero é Botar meu Bloco na Rua", e mais Antonio Vieira e Lopes Bogéa, dois compositores veteranos do Maranhão. Recentemente lançamos o disco "Nós Somos Nós", do angolano Filipe Mukenga, um gênio… Infelizmente, é um projeto independente e não é possível viabilizar muitos trabalhos, cujos custos são sempre muito altos. Mas talentos escondidos por esse país não faltam.
Agência de Notícias – Você subverteu a ordem dos fatores ao anunciar a gravação de Concerto, CD em que irá lançar músicas inéditas durante um show. O que você espera desse projeto?
ZB – Deve ser meu próximo disco, um trabalho intimista, um show só de violões, em que divido o palco com apenas dois músicos, o Swami Jr. e o Tuco Marcondes. No repertório, muitas releituras e algumas canções minhas inéditas. Fizemos uma temporada longa e bonita aqui em São Paulo, daí surgiu a vontade de tranformar o show em disco.
Agência de Notícias – Artistas mais ortodoxos e o mercado fonográfico de uma forma geral ainda negligenciam a internet como importante ferramenta de divulgação do trabalho e você disponibiliza CDs inteiros em seu site oficial. Qual está sendo a resposta do público para essa iniciativa? Você vende menos CDs hoje por causa disso?
ZB – Não. Inclusive muita gente escreve contando que, depois de ouvir determinado disco, foi à loja e o comprou (risos). Acho que temos que jogar em todas as frentes. A internet é importante como meio de divulgação, sim, mas o disco não vai morrer tão cedo. Eu mesmo sou um comprador de discos, sou apaixonado pelo objeto, gosto de ler encarte, ver projeto gráfico, ficha técnica. Enquanto houver uns malucos amantes do disco, ele sobreviverá. Isso não impede, é óbvio, que se use a tecnologia que temos ao alcance da mão para propagar ainda mais nosso trabalho.
Agência de Notícias – Muitas cantoras interpretam suas canções. Quais versões você considera irrepreensíveis?
ZB – Adoro as gravações da Rita Ribeiro e da Ceumar para minhas canções. E ouvir a Gal cantando "Flor da Pele" foi uma grande emoção.
Agência de Notícias – Que trabalho você considera que ficou mais parecido com você? Que você ouve e ainda se reconhece?
ZB – Todos (risos). Gosto de todos os discos que fiz, mas prefiro o próximo.
Agência de Notícias – Quem ou o que você está ouvindo?
ZB – As gravações do Concerto, para escolher os melhores takes (risos). Mas tenho ouvido também Wado, compositor alagoano de quem gosto muito, Criolina, uma dupla maranhense da pesada, e Vanessa Bumagny, cantora e compositora paulistana muito talentosa.
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