Vitória do extrativismo

Fábrica de Preservativos recebe certificação Iso 9001:2000

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Natex é a primeira indústria acreana a receber a certificação (Foto Angela Peres/ Secom)

Vitória do extrativismo. Assim foi considerado o recebimento da certificação ISO 9001:2000 pela Natex – Fábrica de Preservativos Masculinos de Xapuri. A indústria é a primeira no Brasil a produzir camisinhas a partir de látex de seringais nativos e também a primeira indústria acreana a receber a certificação internacional de qualidade, além de possuir a primeira centrífuga, que trabalha com látex, certificada internacionalmente no país.

A recomendação para o recebimento do certificado ISO 9001:2000 foi feita pelo organismo de certificação BSI Management Systems, uma empresa inglesa com mais de cem anos de tradição no ramo e vinculada ao órgão oficial de normalização do governo inglês. O certificado será entregue ao governador Binho Marques até o final do mês.

“A ISO 9001:2000 significa reconhecimento internacional do sistema de gestão de qualidade e é necessária para a exportação. A auditoria durou oito dias e verificamos a parte documental da empresa e a conformidade prática. A Natex tem tecnologia de ponta em absolutamente todas as etapas do procedimento para a fabricação de preservativos a partir de látex de seringueiras nativas. Ela não só atendeu aos requisitos, mas atendeu com excelência. É um desafio muito grande”, comentou o auditor Sérgio Augusto Xavier, da BSI Management System.

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Certificação reflete o modelo de gestão aplicado na fábrica (Foto Angela Peres / Secom)

O auditor comentou que poucas empresas no país têm o nível técnico e a modernização que ele encontrou na Fábrica de Preservativos Masculinos de Xapuri. As máquinas que fazem parte do parque industrial da Natex foram fabricadas com tecnologia alemã e são importadas da Malásia.

Além da certificação ISO 9001:2000, a Fábrica de Preservativos conquistou também a certificação em Boas Práticas de Fabricação, concedida pelo Ministério da Saúde. “Recebemos um e-mail na sexta-feira informando que o reconhecimento será publicado no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 8”, disse a gerente da Natex, Dirlei Bersch.

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Projeto de desenvolvimento do Governo do Estado efetivado nos últimos nove anos demonstra como uma gestão eficiente pode gerar renda com sustentabilidade ambiental (Foto Angela Peres / Secom)

O deputado estadual Luis Tchê, presidente da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa, esteve presente na homenagem aos funcionários realizada na última sexta-feira e definiu o dia 5 de setembro como o dia da vitória do extrativismo, pois nesta data, em que a fábrica de preservativos que usa látex nativo recebeu a recomendação para o ISO 9001:2000 fica provado que é possível obter renda com a floresta em pé, com sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

“Vou propor que todos os deputados venham conhecer a Natex e vejam que ela está sim produzindo e em níveis de excelência”, comentou o deputado.

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Funcionários são homenageados pelo esforço na busca da qualidade

 

A Fábrica de Preservativos Natex é vinculada à Fundação de Tecnologia do Estado do Acre (Funtac) e no dia da Amazônia, última sexta-feira, 5, data em que a empresa responsável assinou a recomendação para a certificação, os 97 funcionários da fábrica se reuniram para uma homenagem de reconhecimento ao esforço empregado na busca pela qualidade.

O funcionário Ageisandro Soares da Cruz utilizou de uma comparação para definir o processo de crescimento da Natex. “A empresa é como um corpo e cada um aqui faz parte deste corpo, que não consegue sobreviver se não for completo. Somos necessários para o funcionamento como um todo, todos nós fazemos parte dessa vitória e cada um aqui tem potencial”. Os funcionários citaram também a importância da fábrica para o município de Xapuri. Dos 97 colaboradores diretos, 97% são da cidade, além das 700 famílias de seringueiros que entregam látex beneficiadas diretamente. {/xtypo_rounded2}

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Consultorias foram contratadas para atingir excelência na qualidade

 

“O processo de treinamento para as boas práticas começou na floresta, num trabalho desenvolvido com os seringueiros, que precisaram utilizar novos utensílios e aplicar novas formas de coleta do látex. Essa matéria-prima continua sendo acompanhada até o momento da embalagem, tudo com foco na satisfação dos clientes e na melhoria contínua da qualidade”, ressaltou o gestor da qualidade da Natex, Ladislau de Oliveira Santos.

“As certificações são fruto de um trabalho de conscientização e treinamento iniciados em setembro de 2007, intensificado no final do ano passado e que não vai parar”, avaliou Edson Carlos, da Stavale Consultoria e Treinamento, contratada pela Natex para acompanhar o e assessorar a indústria a atingir os padrões de qualidade.

O consultor técnico Amilton Bonvenit, que trabalhou para a Jhonson & Jhonson, Blowtex e Olla, as três fabricantes de preservativos no Brasil, também acompanhou o processo.

“Preservativo é considerado medicamento e leva de um ano a 18 meses para que uma fábrica consiga a certificação em Boas Práticas de Fabricação. Assumimos isso como meta, conquistamos esse documento e o ISO 9001:2000 e conseguimos isso graças ao empenho do grupo de funcionários. Nenhuma outra indústria de preservativos fabrica com látex de seringueiras nativas, todas importam a matéria-prima. O Acre venceu este grande desafio”, disse Bonvenit. {/xtypo_rounded2}

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Látex de Xapuri, terra de Chico Mendes

Não é à toa que a matéria-prima utilizada na fabricação de preservativos masculinos vem de seringais nativos. A região abriga a Reserva Extrativista Chico Mendes, onde centenas de famílias vivem de produtos da floresta. Um dos objetivos do Governo do Estado ao planejar o investimento na fábrica de camisinhas era fomentar o desenvolvimento em bases sustentáveis.

A usina de centrifugação, primeira certificada pela ISO 9001:2000, é responsável por receber, centrifugar e armazenar o látex utilizado na produção de preservativos. A usina faz parte da fábrica e é necessária porque a matéria-prima é retirada diretamente da floresta e precisa ser processada, ao contrário das demais fábricas de preservativos brasileiras, que utilizam matéria-prima importada.

“Nosso objetivo é viabilizar a economia extrativista da borracha natural, através da diversificação da industrialização no Acre, contribuindo para o desenvolvimento econômico de Xapuri, além de internalizar e desenvolver tecnologia para aumentar a competitividade de produtos da floresta amazônica e melhorar a qualidade de vida do seringueiro”, avaliou o presidente da Fundação de Tecnologia do Estado do Acre, Funtac, César Dotto.

Os estudos de viabilidade técnica e econômica, iniciados em 2000 pelo Governo do Estado e Governo Federal, apontaram a produção de látex in natura para a fábrica como uma alternativa econômica para os povos da floresta. Dezenas de seringueiros que abandonaram os seringais e migraram para a cidade com a decadência da borracha retornaram às suas terras para reativar a extração de látex das seringueiras.

A Fábrica de Preservativos Masculinos de Xapuri – Natex, é fruto de empenho e investimentos do Governo do Estado do Acre, que buscou parceiras com o Ministério da Saúde, Suframa, Ministério da Integração Nacional, Unesco/DST/Aids e Funasa para implementar a planta industrial e todos os investimentos necessários, da capacitação técnica dos seringueiros para a nova forma de extrair o látex – dentro dos padrões de qualidade exigidos – e melhorias sanitárias domiciliares nas casas dos povos da floresta à construção da infra-estrutura necessária para a instalação da fábrica.

“Essa fábrica é a esperança de que os seringueiros vão continuar existindo, de que não é necessário abandonar a floresta e que as colocações, as estradas de seringa, tudo vai permanecer. O preço do látex melhorou, a vida melhorou. Eu tive que fazer empate para manter a floresta em pé, fui preso, ameaçado e num momento como esse a gente percebe a importância das políticas de governo, porque essa fábrica é uma política de governo pra garantir condições aos povos da floresta”, disse o seringueiro Assis Oliveira, que hoje trabalha mobilizando a comunidade para a produção de látex.{/xtypo_rounded2}

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Números

 

O Ministério da Saúde importa por ano 1 bilhão de preservativos

A estimativa para importação em 2009 é de 1,2 bilhão de camisinhas

A Natex tem um convênio firmado com o Ministério da Saúde de R$ 22 milhões para a entrega de 100 milhões de preservativos que serão utilizados para atender a região Norte no programa de DST/Aids

Cada uma das três máquinas de fabricação de preservativos da Natex produz 100 mil preservativos por dia e vai operar nos três turnos de produção, totalizando 100 milhões de camisinhas por ano. A fábrica foi projeta para ter sua capacidade instalada de produção ampliada assim que houver necessidade.

Para fabricar os 100 milhões de preservativos serão utilizados 500 mil litros de látex.

Cada preservativo é testado um a um eletronicamente.

A fábrica emprega 97 funcionários e vai chegar a 150 logo após o processo de certificação, quando passar a produzir comercialmente, além das 700 famílias de seringueiros e dos empregos indiretos.

O programa de fornecimento de látex in natura abrange 24 seringais da Resex Chico Mendes e áreas do entorno. Cerca de 550 produtores já foram treinados e equipados com o kit de coleta. {/xtypo_rounded2}

 

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