Violência doméstica: uma história de superação e coragem

Em 2010, Maria Auxiliadora denunciou o ex-marido por violência doméstica (Foto: Maria Meirelles)
Em 2010, Maria Auxiliadora denunciou o ex-marido por violência doméstica (Foto: Maria Meirelles)

“Eu fui vítima de violência doméstica por cinco anos, e com a ajuda do Centro Vitória Régia, consegui denunciar meu ex-marido.” Foi com essa declaração que a feirante Maria Auxiliadora de Araújo começou a falar das agressões que sofria no período em que esteve casada. Residente em Cruzeiro do Sul, em 2010 decidiu pôr um fim à violência que sofria dentro do lar.

“Começaram com as agressões verbais: ele me xingava, destruiu a minha autoestima, em seguida passou a me bater. Mas foi quando ele começou a furtar as coisas de dentro de casa que eu tomei a decisão de pedir ajuda ao Centro Especializado de Atendimento à Mulher: Vitória Régia”, relata a feirante, que fez uso da Lei Maria da Penha para salvar a própria vida.

O Centro Vitória Régia, gerenciado pela Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres), oferece acolhimento às mulheres em situação de vulnerabilidade. “Além do atendimento psicológico, fazemos o acompanhamento do caso na delegacia e nas demais instâncias que compõem a Rede Especializada”, explicou a coordenadora do serviço, Rosalina Sousa.

“A última vez que ele me agrediu foi na frente do meu filho, que na época só tinha quatro anos. Quebrou meu maxilar, as coisas dentro de casa, e eu fui parar no hospital. Foi quando a Rosalina me levou à delegacia e ele foi enquadrado na Lei Maria da Penha”, lembrou Auxiliadora.

Segundo a titular da SEPMulheres, Concita Maia, a reconciliação entre o casal é comum. “Elas acreditam que um dia eles vão mudar, mas isso geralmente não acontece, por isso incentivamos a denúncia”, disse.

Rede Reviver

“Além do atendimento psicológico, acompanhamos o caso na delegacia”, destacou Rosalina Sousa (Foto: Onofre Brito)
“Além do atendimento psicológico, acompanhamos o caso na delegacia”, destacou Rosalina Sousa (Foto: Onofre Brito)

O Acre possui duas redes de especializadas de Atendimento à Mulher – a outra fica localizada em Rio Branco: Rede Reviva. Ambas são compostas por instituições governamentais, Judiciário e movimento social, responsáveis pela temática da violência contra a mulher.

“Estamos estruturando os serviços das redes de atendimento e implementando núcleos de Atendimento à Mulher nas delegacias de Polícia Civil das outras três regionais que ainda não possuem uma Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher: Alto Acre, Envira e Purus”, destacou Concita Maia.

“Depois de uma surra, eles sempre prometem que aquilo não vai se repetir, mas é tudo mentira. Eu sei que é difícil colocar o pai dos seus filhos na cadeia, mas não podemos ser cúmplices. Nós apanhamos, mas os nossos filhos levam as marcas da agressão para toda a vida”, ressaltou a feirante Maria Auxiliadora de Araújo.

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