Um senhor servidor

Germano Freire é servidor público terceirizado e atua no Hospital das Clínicas

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“Ser bem atendido é um direito do usuário do serviço público”, diz Germano (Foto:Gleilson Miranda/Secom)

Antes das 7 da manhã, Germano da Silva Freire já está no setor de atendimento ambulatorial (Same) do Hospital das Clínicas (HC), dando início à sua jornada de receber e encaminhar pessoas que esperam uma consulta, muitas vezes sem horário previamente agendado.

Entre as muitas tarefas que executa ao longo de sua jornada, ouve atentamente o que o usuário pede, explica o procedimento utilizado, adiciona-o, se necessário, à lista de espera do dia e acompanha cada caso até que obtenha boa solução.

Se, por exemplo, o paciente é enviado ao Raio-X, Germano não descansa enquanto não for ao setor e verificar se a pessoa foi adequadamente recepcionada e atendida. Na verdade, ele realiza a indispensável tarefa de integração entre as atividades das diversas áreas do HC, o que gera, entre os usuários, a confortante sensação de confiança no serviço.

Quem recebe essa atenção reconhece a presteza do funcionário e se sente especial, amparado.  Mas é o próprio Germano quem desmistifica a sua atuação: “Eu me sinto satisfeito com o meu trabalho, mas atender bem não é um favor que se faz, porque ser bem atendido é um direito do usuário do serviço público”.

E, mesmo diante de situações adversas, Freire não perde a compostura.  Mantém-se sereno e atento, ainda que haja alguém esbravejando à sua frente. Sua tática é deixar o indivíduo falar, ainda que esteja completamente sem razão. Depois do desabafo é que ele verifica o que se pode fazer para ajudar.

E por que Germano é assim? Provavelmente, acredita o próprio, porque já passou muitas privações na vida e, dessa forma, sempre se põe no lugar daquele que precisa de ajuda. Ele conta que nasceu no Seringal Regeneração, na região do Purus, e, aos três anos de idade veio para Rio Branco, com pais e irmãos. Alguns anos depois, a mãe teve que assumir sozinha a criação de quatro filhos, quando a família passou situações bastante adversas. “Não tínhamos casa, não tínhamos nada…”, recorda o rapaz de 28 anos, que começou a trabalhar aos 12.

Por isso, Germano, faz de tudo para atender todos, especialmente as pessoas mais humildes – aquelas que vêm dos municípios, que não sabem como se dirigir dentro da instituição, e que, muitas vezes, não sabem nem assinar o nome. “Sempre procuro oferecer o meu melhor e sofro demais quando alguém não consegue ser atendido”, diz.

Generoso, não quer os louros apenas para si. Lembra que o trabalho é de equipe e faz especial menção ao serviço dedicado da colega Heleneide, da administradora do Same, Heloísa Moras, que define como “muito humana”, e do superintendente Carlos Eduardo Alves, que “dá chances para nós e corre atrás do que é necessário”. Também destaca o trabalho dos médicos, que, segundo ele, na maioria, “são bem compreensivos com as necessidades dos usuários”.

Em sua vida pessoal, Germano tem especial devoção pela mãe, Maria Lima da Silva, que, segundo declara, ensinou-lhe tudo o que sabe. “Foi a melhor escola da minha vida. Ensinou-me a respeitar, saber ouvir e o valor do trabalho. É uma pessoa de caráter muito digno”, comenta, comovido. É casado, tem um filho e dois enteados e está no 6º período da faculdade de Serviço Social. Escolha perfeita para sua vocação humanitária.

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