A equipe de nefrologia do Hospital das Clínicas do Acre realizou neste mês outros dois transplantes de rins. Os pacientes, que passaram por procedimento cirúrgico nos dias 11 e 13 deste mês, se recuperam bem da cirurgia e estão ganhando qualidade de vida ao deixar de fazer hemodiálise.
A médica nefrologista Jarinne Nasserala destaca que em 2015 a rede pública do Estado registrou o maior número de transplantes de sua história.
“Começamos em 2006, e a cada ano foi aumentando. Este ano foram realizados 14 transplantes. Isso representa um ganho de qualidade de vida imensurável para o paciente, que deixa de vir fazer hemodiálise três vezes por semana para vir ao hospital apenas uma vez por semana, depois, a cada dois ou três meses.”
José Moreno conta que há 11 anos fazia hemodiálise. Ele lembra que durante mais de uma década enfrentou muitas dificuldades nos dias que precisava passar pelo procedimento.
“Você só falta viver e morrer num mesmo dia. Eu pedia a Deus para sair disso. Fiz exames [de compatibilidade] com meus irmãos, mas não deu certo. Então fui pra fila de transplantes e estava há sete anos aguardando”, diz.
O paciente alegra-se ao comentar que sua vida mudou. “Hoje eu me sinto muito bem. Essa semana estaria aqui fazendo a hemodiálise, mas não precisei mais vir. Já não estou mais nem me lembrando disso. Agora é só andar para frente”, celebra.
Tales de Souza Nascimento tem apenas 13 anos, mas também já foi transplantado. O tio do garoto, Francileudo de Souza Andrade, conta que Tales nasceu sem um dos rins e a família tinha muito receio da cirurgia, mas no Hospital das Clínicas conseguiram encontrar apoio e chegar à cirurgia.
“As pessoas precisam ser doadoras de órgãos. Há milhares de pessoas como o meu sobrinho que precisam dessa doação. Agora, o Tales tem uma vida sossegada e de felicidade”, destaca Francileudo Andrade.
Trabalho permanente
Dados do setor de Nefrologia do HC informam que no Acre há 250 pacientes em tratamento de hemodiálise em Rio Branco, dos quais 23 estão na lista aguardando doação; outros 100 pacientes estão em estudo para transplante.
Cada doador falecido beneficia duas pessoas. A sobrevida, ou seja, as chances de reagir bem ao transplante de um paciente é maior do que em hemodiálise.
O serralheiro Natanael Souza de Oliveira, 51 anos, é um dos que aguardam um transplante. Natanael começou a hemodiálise em 2014. Ele mora em Senador Guiomard e todas as terças, quintas e sábados tem sessão, ficando cerca de três horas e meia na unidade de nefrologia do HC.