Trabalho e insônia – artigo

O governador Tião Viana falou mais de uma hora, na quarta-feira pela manhã, sobre os cinco anos de mandato iniciados em 2011, numa entrevista produzida em parceria pela Agência de Notícias do Acre e a Rede Pública de Comunicação, tratando de temas nem sempre favoráveis. A entrevista teve ampla difusão por emissoras de rádio e TV, sites e redes sociais pela internet, na capital e no interior, e foi transmitida em tempo real pelo canal Youtube.

Aparentando bom humor e naturalidade, o governador começou falando da insônia que o leva a acordar às duas da madrugada, diariamente, tempo que aproveita para ler e ver televisão. Incansável em suas idas e vindas a Brasília, e nas constantes andanças por todo o interior do Estado, ele disse que, quando não está viajando, aproveita o sábado à noite e o domingo para conviver com a família.

Os quatro jornalistas que o entrevistaram passaram rapidamente da vida pessoal do governador para os problemas que, certamente, provocam a insônia. Indagaram sobre segurança pública, falta de medicamento na saúde, analfabetismo na educação e um gargalo que é a BR-364 no trecho Rio Branco – Cruzeiro do Sul.

Tião Viana não perdeu a linha. Quem tem serenidade para não se deixar levar pelas más línguas, ou pelos agourentos, reconhece que o governador não é um embusteiro. Nos cinco anos de mandato cumpridos (faltam mais três), ele deu provas de ser um político competente como gestor público. Basta lembrar as dificuldades que enfrentou com a epidemia da dengue em 2011, a cheia do Rio Madeira em 2014 e a surpreendente migração de haitianos via Peru, com coragem, decisão e humanismo.

Dono de memória notável e contando sempre com informações privilegiadas, o governador foi otimista sobre o que considera seu principal papel como terceiro sucessor do PT no poder acreano a partir de 1999: produzir em áreas degradadas, com aplicação de alta tecnologia, gerando no estado uma economia própria sustentável.

Ele se referiu às “cadeias produtivas sustentáveis”  (do peixe, das aves e dos suínos) que já são uma realidade animadora na região do Alto Acre. A cadeia do peixe já atende um cliente importante como o Supermercado Pão de Açúcar, de São Paulo. E tem demandas do Peru e do México. O projeto envolve mais de cinco mil famílias com boa remuneração na ponta comunitária.

O empreendimento Dom Porquito, inaugurado em 2015, está abatendo 400 animais por dia, quando a previsão para esta data era de 250. O mercado interno começou a ser abastecido e o Peru aguarda desembaraço burocrático da parte do governo brasileiro para importar.

Essa economia que junta governo, empresa e comunidades numa produção sustentável, com emprego de alta tecnologia, está apenas começando. Outros produtos, como o mel de abelha silvestre sem ferrão (uruçu e jandaíra), o açaí e o bambu vão gerar novos projetos envolvendo as famílias da floresta. As possibilidades são imensas.

Sobre o “calo” BR-364, Tião foi esclarecedor: conseguiu dinheiro para fazer a manutenção da estrada (R$ 78 milhões), mas o Dnit, que estava encarregado do serviço, perdeu-se na burocracia interna e no desconhecimento da área, e por isso não o fez. Com esse valor, o Acre teria refeito a obra.

Não importa, garantiu o governador. A estrada para Cruzeiro do Sul não vai parar mais. “Em vez de pessimismo, temos que trabalhar e resolver. A BR tem que ser cuidada todo dia”, disse.

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