Por Helena Guedes*
O conceito de ressocialização é fundamental na administração das penas de prisão em muitos sistemas de justiça ao redor do mundo. Embora possa haver discussões sobre a terminologia, a ideia central é reconhecer que os indivíduos que cometeram crimes e estão cumprindo penas de prisão ainda são membros da sociedade. Essas pessoas não devem ser esquecidas ou excluídas; em vez disso, devem ser preparadas para uma eventual reintegração na comunidade.
A ressocialização reconhece que a prisão, por si só, não é suficiente para resolver os problemas subjacentes que podem ter levado ao comportamento criminoso. Em vez disso, ela se concentra em oferecer oportunidades de reabilitação, educação e formação profissional para ajudar os detentos a adquirirem habilidades que os ajudarão a se reintegrar de forma bem-sucedida na sociedade após o cumprimento de suas penas.
O trabalho de todos os servidores que atuam nas prisões, sejam especialistas, técnicos ou policiais penais, desempenha um papel vital nesse processo de ressocialização. O cumprimento da Lei de Execução Penal oportuniza aos detentos a construção de uma vida melhor após a prisão.
É importante reconhecer que o trabalho nas prisões, embora desafiador devido às limitações e obstáculos que enfrenta, faz uma diferença real na vida dos detentos e na sociedade como um todo. Ele contribui para que as pessoas privadas de liberdade tenham uma segunda chance, uma oportunidade de reformar suas vidas e evitar uma reincidência no ciclo do crime.
A ressocialização, portanto, não nega a responsabilidade pelas ações passadas, mas enfatiza a possibilidade de mudança e crescimento. É uma abordagem humanitária e eficaz para a administração das penas de prisão, e nós, servidores do sistema penitenciário, desempenhamos um papel vital nesse processo de transformação.
Continuemos com nosso trabalho importante e inspirador, pois estamos fazendo uma diferença significativa na vida de muitos apenados e na construção de uma sociedade mais justa e compassiva.
Ainda que o sistema penitenciário enfrente inúmeras dificuldades e obstáculos, e ainda que o sucesso na ressocialização fosse de apenas um único apenado, todos os esforços investidos estariam justificados. Isso não apenas transforma vidas individuais, mas também contribui para a segurança e a justiça em nossa sociedade, promovendo uma visão mais humanitária e eficaz da administração das penas de prisão.
Helena Guedes é pedagoga, especialista em Educação Inclusiva, em Gestão do Sistema Penitenciário e Direitos Humanos, em Didática do Ensino Superior e em Educação a Distância. É chefe da Divisão de Escola do Servidor Penitenciário, com experiência na Coordenação de Educação Prisional na Senappen, contribuição na reformulação da Política Nacional de Serviços Penais e Programa de Formação de Professores e construção do Plano Estadual de Educação Prisional de 2015