Os produtores rurais de Xapuri e Brasileia viveram nesta sexta-feira, 27, um dia de honra: receberam das mãos do governador Tião Viana os Planos de Desenvolvimento Comunitário (PDCs) e todos os equipamentos e insumos que solicitaram. Longe de ser apenas um papel, o documento tem um significado bem mais amplo que as estratégias que contém: atesta que o governo reconheceu a luta dos produtores e dá a eles o direito de dizer onde e de que forma querem investir recursos públicos para desenvolver a comunidade da forma que sempre defenderam.
Os PDCs são estratégias de desenvolvimento construídas pelas comunidades, sob orientação de técnicos do governo, onde elas apontam o que gostariam de desenvolver e o que é preciso para melhorar a produção. Barcos, motores, sementes, trilhadeiras, roçadeiras e outros equipamentos são comprados com recursos do Programa de Inclusão Social e Desenvolvimento Econômico e Sustentável do Acre (Proacre).
“O trabalhador do campo não é como o funcionário de um comércio. O suor tem que pingar do rosto pra ele poder ver o dinheiro da produção. E o trabalhador rural precisa de condições de trabalho. É isso que estamos fazendo ao estender a mão pras comunidades”, disse o governador Tião Viana.
“O que mais judia um produtor rural é pisar o arroz. Exige muito esforço, e a gente já vem cansado da lida. Tudo que a gente queria era uma trilhadeira, que vai fazer esse serviço por nós. São coisas que facilitam a nossa vida, poupam uma parte do trabalho e dão condições pra viver melhor”, resumiu o produtor André de Oliveira Souza, da comunidade Apudi, em Brasileia.
Os deputados estaduais Geraldo Pereira, Moisés Diniz e Manoel Morais acompanharam a agenda do governador no Alto Acre, ao lado do deputado federal Taumaturgo Lima. “Antes o produtor rural não era ouvido. Aí veio o Lula e mudou essa história. Hoje a presidente Dilma prioriza a produção. No Acre, o governador Tião Viana acerta em cheio quando acredita no produtor, que é quem coloca alimento na nossa mesa”, disse Taumaturgo.
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O senador Jorge Viana, esteve presente na entrega dos PDCs para as comunidades. “O que faz a diferença do Acre para os outros estados é que aqui houve uma continuidade. O governo teve sequencia e o governador que entrou não abandonou os projetos do anterior. Se formos sinceros, nós enxergaremos todas as mudanças pelas quais o Acre vem passando e podemos dizer que está bem diferente do que era no passado. Antigamente para andar aqui no centro da cidade, em frente à igreja, era uma grande dificuldade porque não havia ruas. Hoje tem rua pavimentada, tem ramal recebendo melhoria. Nós avançamos muito”, disse o senador em Xapuri.
Mais de R$ 1,6 milhão investido, cerca de mil famílias beneficiadas
Segundo o secretário de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar, Lourival Marques, foram beneficiadas 614 famílias em Brasileia, de nove comunidades, com investimento de R$ 1 milhão. “Mais de R$ 500 mil em produtos foram comprados no comércio de Brasileia. E os R$ 651 mil de recursos para os produtores de sete comunidades de Xapuri foram investidos no comércio local, atendendo um pedido da comunidade”, comentou.
O secretário de Meio Ambiente, Edegard de Deus, lembrou da importância da produção para a preservação ambiental: “A medida que oferecemos recursos para os produtores, eles encontram alternativas para o uso do fogo e diminuem a pressão florestal”, resumiu.
Para Raimundo Mendes, primo de Chico Mendes, os PDCs coroam a luta do passado. “Não se trata de uma utopia, de promessas. É realidade. Isso só foi possível por conta das noites mal dormidas, do sofrimento, do sangue derramado que tivemos que enfrentar. A luta construiu essas oportunidades que vivemos hoje”, afirmou.
{xtypo_rounded2}“Eu sempre acreditei que valia a pena lutar”
Reunidos em frente à praça de Xapuri, palco das grandes decisões que precisaram tomar ao longo dos últimos 20 anos para defender a floresta, os produtores viveram o momento que sempre sonharam. Muitos deles participaram dos empates – movimentos pacíficos contra a derrubada das matas e a invasão dos pecuaristas. “A gente acreditava demais naquela luta, tanto que participava dela e meus filhos iam comigo. Hoje é um momento de alegria que nós esperamos muito tempo pra viver”, conta o seringueiro Raimundo Araújo de Souza, da comunidade Dois Irmãos, em Xapuri.
Seu Raimundo chegou cedo à tenda armada em frente ao salão paroquial. Agitado, andava de um lado para o outro com um violão pendurado no ombro. A ansiedade, ele revelou, foi causada por um desejo: fazer um repente em homenagem ao governador Tião Viana. Além de cortar seringa e trabalhar nos roçados, ele não nega as raízes nordestinas e se mostra um repentista de mão cheia. Conhecido como Reio do Brega, sonha em gravar um CD.
Para ele, o dia também era de festa. O governo, que outrora virava as costas para as populações tradicionais da floresta e pra causa ambiental, agora reunia os produtores para entregar sementes, máquinas, motores. São os ideais de Chico Mendes, Wilson Pinheiro e tantos outros companheiros que se transformaram em realidade. “Eu sempre acreditei que valia a pena lutar”, disse o produtor.{/xtypo_rounded2}
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