O governador Tião Viana, agora batizado cacique Nete Wanê – aquele que domina sobre todo o povo Katukina – foi recebido com festa e roda de mariri na aldeia Kamanawa, onde, no dia do Índio, anunciou o investimento de R$ 7,8 milhões no Programa Nacional de Habitação Rural (Ë Shovo Minha Vida, em língua indígena) e entrega de equipamentos agrícolas para as famílias das comunidades indígenas.
Após ser pintado com um kenê de guerreiro pelo povo Katukina – que agora se chama de Noke Kui (Povo Verdadeiro) o governador Tião Viana agradeceu a acolhida. “Eu e o vice-governador César Messias temos muita honra de estar ao lado de vocês. Para nós esse encontro simboliza a força moral de quem vive em comunidade. O governo traz hoje, aqui, com o forte apoio da presidenta Dilma Rousseff, mais de R$ 7 milhões. Isso é respeitar uma comunidade tradicional que ajuda a preservar esse jardim de Deus que é a floresta amazônica e reconhecer que o Brasil tem uma dívida histórica com vocês”, disse o governador, destacando que ao longo dos últimos anos foram investidos R$ 47 milhões para o fortalecimento e desenvolvimento das comunidades indígenas.
O diretor da assessoria especial dos Povos Indígenas, Marcelo Piedrafita, explica que as ações fazem parte da implementação do plano de gestão territorial de cada terra, de acordo com as metas de fortalecimento da produção, segurança alimentar, proteção da cultura e espiritualidade. Os recursos são do Fundo Amazônia, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), governo federal e recursos próprios.
“Este é um momento de reafirmar um compromisso histórico com os povos indígenas e é um investimento que tem grande alcance na vida destes índios, no presente e no futuro, são os filhos e netos que vão herdar estas casas. Agora é extremamente importante que cada um faça a sua parte”, comentou Piedrafita.
O cacique do povo Katukina, Fernando Rosa, agradeceu ao governador. “Meu coração está chorando de emoção porque esse programa foi muito esperado pelo nosso povo. O povo está com o senhor, e vamos zelar por tudo que o governo vai fazer aqui por nós. A parte de vocês está sendo feita e nós faremos a nossa”.
O secretário de Produção, Lourival Marques, ressaltou o compromisso do governo com as comunidades indígenas, principalmente em relação a produção sustentável. Um técnico agrícola foi designado para acompanhar todo o trabalho dentro das aldeias, assessorando na área de piscicultura, roçados e criação de pequenos animais, tudo visando a segurança alimentar e ingestão de proteínas pelo povo.
Luiz Valdenir, coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), garantiu que o órgão vai acompanhar a execução dos programas e colaborar no que estiver ao alcance. O representante nacional da Funai, Francisco Pianko, também participou da solenidade.
César Messias relembra processo de valorização dos povos indígenas
O vice-governador César Messias lembrou que há alguns anos o povo indígena não era reconhecido pelo povo do Acre e isso começou a mudar quando Jorge Viana assumiu o governo e desde então tem havido muitos avanços no tratamento, reconhecimento e respeito aos povos indígenas. “O povo do Acre não reconhecia os seus índios, não os respeitava e a cultura estava se apagando. Aí vieram os governos da Frente Popular e começaram a mudar esta história, reconhecendo o valor que cada índio tem e o seu papel na formação e desenvolvimento do nosso estado”, disse.
O presidente da Assembleia Legislativa, Elson Santiago e o deputado estadual Geraldo Pereira acompanharam a solenidade. “O que a nossa presidenta Dilma Rousseff, o governador Tião Viana e todos nós estamos fazendo hoje é um pouco do reconhecimento da importância de vocês para o desenvolvimento do país. Pois quando o Brasil começou a se desenvolver foi a custa do suor e do sangue de vocês”, disse Pereira.
“O que eu quero é que não tenha uma criança subnutrida, uma menina triste, uma mulher sofrendo ou um velho sem carinho, sem amparo e que os jovens possam sonhar com um grande futuro para o povo”, finalizou o governador Tião Viana.
Indígenas escolheram o modelo das casas e não pagarão contrapartida
As primeiras terras a serem beneficiadas são a TI Colônia 27, localizada a 6 quilômetros do centro urbano de Tarauacá e a TI Campinas/Katukina, distante 55 quilômetros de Cruzeiro do Sul, que tem seu território cortado pela BR-364 em 18 quilômetros e foi o palco do lançamento do programa. As duas terras indígenas foram escolhidas nessa primeira etapa por serem consideradas as mais impactadas em função da construção e asfaltamento da BR-364. A ação de governo faz parte do plano de mitigação voltado para os povos indígenas, uma estratégia do governo que consiste no desenvolvimento de ações que garantam o fortalecimento e proteção da cultura de cada povo.
No levantamento realizado pelo governo foram identificadas e cadastradas 186 famílias, totalizando 933 pessoas distribuídas nas aldeias Pinuya, Kamanawa, Wainawa, Varinawa, Samaúma, Masheya e Bananeira.
Segundo o secretário de Habitação, Rostenio Souza, o transporte dos insumos já está sendo feito e na próxima semana começa a construção das unidades, que serão construídas em grupos de quatro e a meta é entregar todas as residências até o natal deste ano.
Cada unidade habitacional terá o custo de R$ 30 mil e foram os próprios indígenas que escolheram o modelo que melhor os representava e se adaptava à sua cultura. A mão de obra será da própria comunidade, que fará um mutirão para construção das casas. Cada beneficiário teria que arcar com R$ 1,2 mil de contrapartida, mas o governo do Estado também está cobrindo este custo. O valor total do investimento e, habitação nas duas terras indígenas é de
Águas para Todos – Também foi lançado o programa de saneamento Água para Todos, com a perfuração de poços, execução de rede de água, suporte de caixa d’agua, caixas d’água e torneiras. Para garantir o fim da subnutrição indígena será investido R$ 1,5 milhão em aquisição de alimentos para atender duas mil crianças de 0 a 5 anos. Dentro das ações de vigilância e fiscalização das terras indígenas um recurso do Fundo Amazônia vai permitir a aviventação dos limites da terra em parceria com a Funai.{xtypo_rounded2}
Números
167 casas
7 aldeias
835 indígenas atendidos
R$ 30 mil cada unidade{/xtypo_rounded2}
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