O Vale do Juruá teve oportunidade de conhecer os secretários. Dois fatos chamaram a atenção: a presença de muitas mulheres no governo e a atenção dada à região pelo governador Tião Viana
A comandante do Gabinete Militar do governador, tenente-coronel Francisca Margarete de Oliveira Melo, nasceu às margens do rio Juruá, no seringal Tatajuba, em Cruzeiro do Sul, e ilustra bem os critérios para escolha do novo secretariado.
Aos 13 anos de idade, mudou-se com a família para Rio Branco, onde estudou e formou-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Acre. Em 1985 ingressou na Polícia Militar, quando se formou na primeira turma de sargentos femininos. Em 1990, foi para a Brigada Militar do Rio Grande do Sul, onde fez o curso de Formação de Oficiais e foi a primeira oficial militar da PM acreana. Durante sua carreira, ela comandou a Companhia de Polícia Militar Feminina e chefiou o Centro de Operações da Polícia Militar, hoje CIOSP. Foi assessora do comandante do policiamento da capital e do subcomandante da PM. Também comandou o 2º Batalhão da Polícia Militar e foi corregedora geral da PM.
Margarete conta que no início da carreira enfrentou muitos preconceitos e discriminação, pois estava ingressando numa profissão totalmente masculina. Ao longo de 25 anos, porém, conquistou o respeito e seu espaço dentro da corporação e abriu o caminho para outras policiais femininas, oficiais e praças que hoje fazem parte do efetivo da Polícia Militar. Convidada pelo governador Tião Viana, assumiu a chefia do Gabinete Militar, que tem como missão principal zelar pela segurança pessoal e famílias do governador e do vice-governador.
Infância em Cruzeiro do Sul
O pai de Margarete, José Alves de Melo, nasceu em Cruzeiro do Sul e era marceneiro de profissão, mas ficou conhecido pela população cruzeirense por ter atuado como juiz de futebol e por ter sido goleiro do Nauas. A mãe, Francisca Negreiros de Oliveira Melo, nasceu no seringal Tatajuba.
A família morava em Cruzeiro do Sul, mas quando chegou a hora do nascimento de Margarete, dona Francisca preferiu ir para o seringal Tatajuba, para ficar perto da mãe, naquela hora tão importante. Assim que nasceu, os pais retornaram para Cruzeiro do Sul, onde Margarete viveu até os 13 anos. Estudou no Instituto São José e lembra bem quando subia a ladeira do morro da Glória cheia de lama nos períodos chuvosos. “Tive uma infância igual aos cruzeirenses daquela época, sem muitas novidades, mas com muitos banhos frios nos igarapés”, conta.
Mulheres em novas funções
O fato de haver muitas mulheres na equipe do novo governo, segundo Margarete, não é de estranhar muito. Para ela, a eleição de uma mulher para presidente da República estimula isso. Sobre sua nomeação, ela comenta: “Estou muito satisfeita, porque nunca havia participado de nenhum governo diretamente, sempre fiquei um pouco à parte da política. Então é a primeira vez que tenho oportunidade de ver de perto como funciona o governo”.
Para ela, o governador Tião Viana foi muito feliz em trazer os secretários para o Vale do Juruá, pois foi a oportunidade de a equipe se conhecer.