Superações constroem os 13 anos do Programa Saúde Itinerante

As equipes estão sempre dispostas a seguirem de carro, de barco, de avião ou a pé (Foto: Sérgio Vale/Secom)

As equipes estão sempre dispostas a seguirem de carro, de barco, de avião ou a pé (Foto: Sérgio Vale/Secom)

O Programa Saúde Itinerante, do governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), completa 13 anos neste mês. Várias pessoas são mobilizadas para dar resolutividade às demandas na área de saúde nos municípios do interior do Acre. As superações coroam o trabalho de uma equipe sempre disposta a servir.

Seja na estrada, no rio ou sobrevoando, as ações itinerantes têm chegado aos locais de difícil acesso, com o objetivo de diminuir o tempo de espera das comunidades por atendimento médico, sem a necessidade de deslocá-las até a capital. As equipes normalmente são compostas por 20 a 30 pessoas, de acordo com a necessidade. É um trabalho que exige renúncia e essencialmente, solidariedade.

Como prova de uma aposta consolidada, o número de consultas médicas pelo programa até metade deste ano é de 11.286, já são tão expressivos quanto os resultados do ano de 2012, que foram de 11.384 atendimentos. O programa leva especialidades médicas como cardiologia, ginecologia e obstetrícia, pediatria, infectologia, neurologia, psiquiatria, dermatologia, ortopedia, oftalmologia, gastroenterologia e clínica geral.

Entre os diversos exames oferecidos, os mais frequentes são eletrocardiograma, ultrassonografia, endoscopia digestiva alta, colposcopia, exames de prevenção do câncer de colo uterino e exames laboratoriais. Em casos mais complicados, uma junta médica se reúne para tirar as prioridades locais e encaminhá-las para a capital, quando se faz necessário o processo cirúrgico. Além disso, existe a participação da assistência social para identificar problemáticas relacionadas à família e educação.

{xtypo_quote_right}Em 2012 foram 11.384 atendimentos, até a metade deste ano já foram realizados 11.286 procedimentos{/xtypo_quote_right}

Para garantir eficácia nos serviços oferecidos, toda a parte logística precisa ser pensada e revista antes da equipe se deslocar de Rio Branco. “A logística sempre tem que ser considerada, porque se algo der errado, não conseguimos levar a mesma qualidade, por isso tudo é esquematizado antes, é algo que não permite falhas”, explica a coordenadora do programa, Celene Maria Prado.

Dificuldades encaradas são pérolas da experiência

Menino de nove meses foi salvo pela equipe do Saúde Itinerante (Foto: Regiclay Saady)

Menino de nove meses foi salvo pela equipe do Saúde Itinerante (Foto: Regiclay Saady)

Quem pensa que realizar esse trabalho é algo simples, um dia precisa conferir de perto a eficiência dos profissionais envolvidos. Abrir mão do conforto de seus lares, da presença dos familiares e do precioso descanso dos fins de semana, é um desafio para poucos, principalmente, para quem sabe dos percalços que vão surgindo no meio do caminho.

{xtypo_quote_right}Quem trabalha no Itinerante sabe que está ali para ser oportunidade na vida de alguém e, por isso, tem que muitas vezes superar a exaustão

Celene Maia{/xtypo_quote_right}

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Dedicação e compromisso definem os profissionais do Programa Saúde Itinerante

“Uma vez nós estávamos chegando na sede da comunidade Cazumbá-Iracema e tinha uma mulher com o filho de nove meses nos braços, na beira do rio pedindo ajuda; a criança estava desidratada, com pneumonia e 40 graus de febre, começamos a aplicar o soro e hidratá-lo, colocamos a mãe com o bebê e os irmãos na canoa seis horas da tarde, pegamos uma forquilha, pusemos o soro, o médico colocava o soro na colher e dava na boca da criança pra que ela aguentasse a viagem até Rio Branco, fizemos o contato com o Samu e eles mandaram uma ambulância que veio encontrá-los na beira da ponte; outro médico veio de Sena e nove horas da noite trouxeram o bebê pra cá e foi encaminhado pra UTI, doze dias depois o pai dele me ligou agradecendo porque o filho estava bem”, conta a coordenadora.

Chegar às comunidades nunca é  fácil. Mesmo assim, o programa já visitou mais de 70 delas, encarando a dificuldade dos rios sinuosos e nada transversais. Há quatro anos, foi a vez dos moradores da Vila Restauração, situada no meio da floresta às margens do Rio Tejo, em Marechal Thaumaturgo, já na fronteira com o Peru. A equipe viajou de avião até Cruzeiro do Sul e em seguida, embarcou em um helicóptero militar Black Halwk durante duas horas até chegar ao local para atender aproximadamente 300 moradores.

Recentemente, o Saúde Itinerante também seguiu em destino ao Rio Azul, afluente do Rio Môa, para atender a uma comunidade de 600 pessoas. Uma viagem em que enfrentaram horas de avião, de carro, de barco até chegar ao Rio Azul e, em seguida, cinco horas a pé antes de chegar ao local. Na ocasião, a equipe realizou palestras de prevenção e esclarecimentos sobre patologias como o câncer de mama e outros, além das atividades de rotina do programa.

As dificuldades não impediram a realização dos atendimentos que beneficiaram três comunidades da Serra do Divisor, no ano passado. Para realizá-los, estavam presentes sete médicos, duas enfermeiras e profissionais de apoio administrativo. Para estes profissionais, toda hora é hora e em qualquer lugar, os serviços de saúde precisam chegar.

“Quem trabalha no Itinerante sabe que está ali para ser oportunidade na vida de alguém e, por isso, tem que muitas vezes superar a exaustão”, diz Celene.  Consciente disso, uma das organizadoras da equipe, Keila Nunes, conta como foi viajar para a Serra do Divisor, no extremo oeste do estado, e o barco quebrar no meio do caminho.

“Uma parte da equipe que cuida da logística foi na frente e o restante viria no dia seguinte; nós estávamos levando todos os medicamentos e equipamentos necessários e o barco quebrou às dez horas da noite, o rio estava cheio e a gente conseguiu chegar até à  margem, amarramos o barco e foi assim que passamos a noite, estávamos eu, o barqueiro e uma enfermeira, encaramos o frio e a chuva, mas não desanimamos, até que o restante da equipe nos encontrou no dia seguinte, por volta das oito e meia da manhã, no Rio Môa”, relatou.

O Saúde Itinerante já percorreu mais de 70 comunidades em todo o estado (Foto: Sérgio Vale/Secom)

O Saúde Itinerante já percorreu mais de 70 comunidades em todo o estado (Foto: Sérgio Vale/Secom)

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