Uma atitude impensada, alguns minutos de adrenalina, uma ação sem volta. Waldenilson Andrade do Nascimento foi sentenciado a cumprir medida socioeducativa, quando tinha 15 anos de idade, pela participação a um assalto à mão armada.
Hoje, aos 20 anos, o jovem experimenta o prazer de ter a liberdade retomada após longos anos de reincidência no sistema socioeducativo. Diferentemente de alguns adolescentes que apenas “pulam” das medidas para a penitenciária, Waldenilson resolveu mudar e seguir a vida de forma digna e respeitosa.
Mas antes de qualquer “feliz para sempre”, o rapaz gosta de destacar os dias de uma pessoa que faz a escolha errada. “Eu era muito jovem e fui facilmente influenciado pelas companhias. Fui internado por causa de um assalto. Na unidade os dias eram sempre iguais e a gente até perdia noção de tempo. Fiquei um bom período nos Centros Socioeducativos e acabei me acostumando, mas aquilo não é vida”, destaca.
Waldenilson dividia a atenção da mãe com mais 15 irmãos. Buscou a independência muito cedo e aos 13 anos já morava sozinho. Assim como a maioria dos meninos do seu bairro, ele teve uma infância muito pobre. “Participei de coisas erradas em busca de dinheiro, mas nunca tive vício com drogas”, afirma.
Encontrar motivos para buscar ser um bom cidadão, um ser humano exemplar, não é fácil quando se está rodeado de negatividade e pessoas tão ou mais perigosas que você, declara Waldenilson. “Estar lá dentro, entre os muros, afastado e preso mesmo, não é pior do que ver o sofrimento da família pelos nossos atos. Minha mãe chorava tanto. Lembro que eu sempre dei muito trabalho para ela”, recorda o jovem, com tristeza.
Apesar do passado, Waldenilson se diz feliz hoje. Há dois meses ele concluiu as medidas socioeducativas e já se considera um homem livre. Atualmente ele trabalha como servente em uma rede atacadista instalada em Rio Branco. Seguindo uma rotina que começa às 14 e vai até às 22h30min, ele recebe o salário mensal, que não é muito mas dá para tirar o sustento, já que ainda mora sozinho.
Ele lembra que a conquista pelo emprego só foi possível com o apoio de pessoas importantes que surgiram quando ele ainda estava internado no Centro Socioeducativo Santa Juliana. Parcerias importantes entre o Instituto Socioeducativo do Acre (ISE) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) lhe possibilitaram alcançar o certificado pelo curso de Ajudante de Obras, um enriquecimento para o currículo.
“Só fui capacitado para algo na vida quando estive lá dentro. Quando cheguei à unidade, eu não estudava mais, havia abandonado a escola. Mas a equipe acabou me incentivando a retomar as aulas. Parei no primeiro ano do ensino médio, que foi quando saí de lá. Agora está nos meus planos voltar a estudar no ano que vem”, determina.
No último ano de internação, Waldenilson conheceu um pastor durante as atividades religiosas, que são rotinas nas unidades socioeducativas. O missionário se tornou seu amigo e lhe prometeu ajuda. “Quando fiquei livre, uma das primeiras coisas que fiz foi procurá-lo. E aqui estou eu, empregado e dando orgulho para a minha mãe. Vejo a alegria nos olhos dela”, comemora.