“Sinto que estamos reconstruindo nossa vida”, diz morador da Cidade do Povo

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Dorival e Joelma projetam o futuro na nova casa (Fotos: Sérgio Vale/Secom)

Aquele bairro localizado na BR-364 já nasceu com nome de gente grande: Cidade do Povo. Traz consigo a missão de ajudar na retomada de vidas. Com pouco mais de um ano, já são mais de dez mil histórias que começam a ganhar novo rumo.

Na quadra 9D, sob a tranquilidade de um sábado nublado, construindo a mureta da casa, Dorival de Souza se despede da esposa Joelma dos Sales, que com o filho segue para creche, ali mesmo na Cidade do Povo, para uma apresentação artística das crianças. Depois de alguns tijolos postos, Dorival convida a conhecer o interior da nova morada.

Abrindo a geladeira, ele não contém o sorriso ao mostrar as cores e desenhos do revestimento que cobre seu eletrodoméstico. “Trabalho também com esses adesivos decorativos, mas hoje estou fazendo teste como motorista em uma indústria aqui perto”, explica. Por toda a casa, portas e até o fogão recebem os adereços, que mostram seu prazer de arrumar o lar. “Todo mundo quer ver sua casa arrumadinha”, afirma.

O pai de família, com 55 anos de idade, vindo de Capixaba, morava no bairro Taquari. Como outras dez mil pessoas, Dorival teve sua residência alagada pelo Rio Acre no início deste ano e perdeu sua fonte de renda: toda a matéria-prima que havia comprado para realizar novos trabalhos.

Está agora tentando se firmar no emprego, mas sua vontade mesmo é continuar enfeitando casas e geladeiras por toda Rio Branco. “Quero voltar a comprar os adesivos. Esses dias publicamos uma foto da geladeira no Facebook, minha esposa ficou até uma hora da manhã explicando que a enchente tinha levado o restante do material e não poderíamos fazer novos trabalhos”, conta, rindo da situação.

Dorival ri, pois sabe que agora o caminho para seu futuro vai ser muito mais tranquilo. “Sinto que estamos reconstruindo nossa vida”, resume.

Nesse abrigo de sonhos, a vida se renova. E ao amanhecer as cenas se repetem: o café sendo feito em cada cozinha, crianças saindo para escola, roupas sendo estendidas no varal, donas de casa cultivando jardins. Seu José Pimentel, quando não vai pescar no Rio Acre, que agora não alaga mais sua casa, molha sua pequena roça, colhe mandioca, batata-doce e pimenta-de-cheiro.

Ao lado, Vanderleia Barbosa passa o dia em casa, não gosta de sair. Quando os afazeres estão completos, senta na cadeira e observa o movimento da filha e as amigas brincando na rua. No fim do dia, o pensamento de Vanderleia deve se juntar ao de tantas outras famílias: “Hoje, quando deito pra dormir e paro pra pensar, não tenho mais a preocupação com a alagação, podemos ter enfim nossa vida tranquila”.


Uma cidade

Foto: Gleilson Miranda/Secom
Foto: Gleilson Miranda/Secom

O projeto Cidade do Povo, iniciado em 2012, prevê um total de 10.518 unidades habitacionais pelo Minha Casa Minha Vida, da quais 2.647 já foram entregues pelo governador Tião Viana para famílias que moravam em áreas de risco. Paralelo às casas, a “Cidade” se organiza com os diversos empreendimentos necessários para o cotidiano das famílias: duas escolas já funcionam, outra será entregue em breve; uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) realiza os serviços de saúde; uma galeria e um mercado abrigam os comerciantes e fornecem os suprimentos diários. Os serviços de segurança e transporte coletivo se encontram na área desde o primeiro dia de entrega das casas.

 

Cotidiano na Cidade do Povo

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