Simpósio discute linguagens e identidades da e na Amazônia

Evento acontece simultaneamente com Colóquio Internacional sobre Amazônia e África

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Simpósio reúne professores e acadêmicos até a próxima sexta-feira (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Abrir as portas do universo acadêmico para os saberes dos povos tradicionais e para o debate sobre a transdisciplinaridade de temas convergentes como cultura, economia, política e religião a partir do eixo da linguagem. Este é o objetivo do programa de Mestrado em Letras com a realização do 2º Simpósio Linguagens e Identidade da/na Amazônia Sul-Ocidental simultaneamente com o 2º Colóquio Internacional "As Amazônias, as Áfricas e as Áfricas na Pan-Amazônia" que reúne professores e acadêmicos até a próxima sexta-feira no Campus da Universidade Federal do Acre (Ufac).

Professores doutores de instituições de ensino federais, estaduais e particulares do Acre, Rondônia, Pará, Amazonas, Ceará, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, e ainda do Peru, Bolívia, Senegal (África) e Chicado (EUA), além de mestres e pesquisadores se unem a representantes de movimentos sociais para ampliar a discussão sobre a sociedade a partir de seus próprios anseios fugindo da perspectiva eurocêntrica que constrói o conceito de tempo e história a partir da visão religiosa.

Para o professor Gerson Alburquerque, chefe do CDIH, o simpósio discute política acadêmica a partir da idéia de que é preciso transformar as consciências e atitudes dos professores na busca por espaço que dê visibilidade e identidade aos povos tradicionais da Amazônia. Ele cita como exemplo o fato de não haver na universidade, cadeiras de língua indígena, o que impossibilita a troca de experiências e o aprendizado dessas culturas milenares. "É preciso dialogar com os povos daqui na língua deles. Precisamos aprender, na forma da oralidade, que é assim que eles transmitem seus conhecimentos, os conhecimentos milenares que eles têm sem nunca ter sentado num banco de escola. Isso é enfrentamento", argumenta Albuquerque que reconhece a luta de implementar mudanças em uma estrutura acadêmica.

A intenção, ao final do simpósio, é formar grupo de trabalho que se propõe a assessorar os órgãos de educação do Estado a criar estrutura para implementar duas leis. Uma, já aprovada, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas e outra ainda a ser apreciada que dá o mesmo tratamento à história e cultura indígenas. "Uma lei criada não significa que ela esteja viva. É preciso lutar por ela, pela sua efetivação. Temos que nos capacitar primeiro e envolver professores, índios, negros, quilombolas. Isto significa romper a hierarquia do saber", diz Gerson.

Parcerias entre o Centro de Documentação e Informação Histórica (CDIH) e o Centro de Estudos Culturais Africanos e da Diáspora (Cecafro) da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo permitiu a participação dos professores doutores Boubacar Barry, da Universidade Cheik Anta Diop do Senegal e de Robert Lee Adams Jr, DePaulUniversity, de Chicago (EUA). Nesta quinta-feira, 16, acontecem a mesa temática História e Culturas: enfrentando a colonialidade dos saberes eutocêntricos (8h00) e A formação de professores em contextos diversos: questões de linguagem e identidade(14h00) e Os contra-discursos das outras amazônias: reflexões sobre o espaço, as territorialidades e as lutas sociais nos campos/florestas/rios/cidades, às 19h30.

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