Servidores Públicos da Fundação Elias Mansour conciliam vida familiar e profissional

Às vezes as coincidências da vida unem surpresas extremamente agradáveis. Na última sala do corredor à esquerda, no primeiro andar do prédio da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), dois colegas de trabalho possuem histórias em comum. Marcelo Ferreira e Jersey Diniz são servidores do governo do Estado do Acre e têm de conciliar as vidas de pais solteiros com o trabalho de auxiliar na captação de recursos destinados ao ramo artístico acreano.

Lotados na Assessoria de Planejamento e Projetos da FEM, eles se dedicam ao máximo no trabalho e na vida de pais. “Eu não tenho problema em fazer papel de mãe”, disse Marcelo, sorrindo durante uma conversa. “Mãe é insubstituível, mas a gente tenta nosso melhor”, Jersey concordou.

Jersey Diniz, 53 anos, é professor de filosofia, servidor há 32 anos e cedido à FEM. É pai de três: Júlia, 14 anos; Pedro, 21 anos e Jersey Júnior, 22 anos. Conta que se planejou para ingressar na vida paterna. Foi pai aos 32 anos de idade, já com a vida mais organizada e estruturada.

Jersey com os filhos Jersey Júnior, Pedro e Júlia. Foto: Cedida

Descobriu que o filho mais velho é uma criança portadora de necessidades especiais no dia de seu aniversário. “Passamos o final de semana impactados. Na segunda-feira fui trabalhar e minha esposa levou nosso filho à fisioterapia. À noite, ela me mostrou que o Jersey já conseguia sentar sozinho. Pouco tempo depois ela engravidou”, conta.

Ficou viúvo um dia depois do nascimento de seu segundo filho, Pedro. A então esposa foi diagnosticada com embolia pulmonar pós-parto, que ocorre quando um coágulo chega ao pulmão e diminui a passagem de sangue, comprometendo a respiração. “Fui retirá-la da cama e ela faleceu em meus braços”.

Com uma criança recém-nascida e uma criança portadora de necessidades especiais, Jersey quis entender o momento pelo qual estava passando. Por sorte contou com o apoio da família, mas os cuidados são feitos por ele. “Não tem hora, lugar, nem distância. Eu sou pai”, afirma.

Marcelo e a filha Sophia. Foto: Cedida

Sua maior preocupação hoje é de quando falecer. “E quando eu faltar? ”, questiona-se o servidor. Porém ele afirma com confiança: enquanto tiver vida, saúde, força e consciência, vai cuidar dos filhos.

Marcelo Ferreira, 41 anos, é servidor há 15 anos e está há quatro na FEM. É assessor de planejamento e projetos e pai da Sophia, de 8 anos de idade. Das muitas coincidências com seu colega de trabalho, ele também se planejou antes de ser pai. Quis ter estabilidade antes de colocar outra vida no mundo.

A vinda da filha serviu para que ele quebrasse seus próprios paradigmas, contou Marcelo. Ele diz que cria Sophia para que ela faça suas próprias escolhas por meio de momentos únicos entre os dois, com muito diálogo e também diversão.

“De início foi bem complexo. Sair para comprar calcinha, maquiagem, é bem diferente para mim. Mas eu sempre quis dar para ela o poder de escolher o que quer. Mas sempre com muito diálogo, sempre juntos”.

Marcelo e Jersey riem ao contar sobre suas semelhanças com as filhas. “A Júlia sou eu mulher”, diverte-se Jersey. “É impressionante como a gente se parece”. Marcelo também sorri ao contar de Sophia. “Ela é o Marcelo de saia. A questão de ser totalmente independente com as coisas dela, extremamente organizada”.

Os dois servidores atualmente enriquecem o quadro de funcionários da Fundação Elias Mansour. Foto: Carol Lamar

Marcelo conta que a filha é prioridade na vida. “Mesmo tendo a vida profissional, a gente não esquece da responsabilidade de ter nossos filhos. Eu falo que só tem uma coisa que vai me fazer atrasar ou faltar ao trabalho: a minha filha”, relata.

O assessor de planejamento lembra também das atividades escolares, onde participava das reuniões escolares em que era o único pai. “As mães ficavam surpresas, não é?”, ria Jersey ao se identificar com a situação passada pelo colega de trabalho.

Hoje em dia o único filho a morar com Jersey é o mais velho, Jersey Júnior. Apesar dos desafios de criar uma criança com deficiência, pai e filho possuem uma comunicação forte, quase psíquica. Os colegas lembram com carinho de um dia em que Jersey levou o filho para o trabalho e teve que sair. Quase que de forma mística, ele pressentiu que o primogênito precisava ir ao banheiro e voltou bem a tempo.

Sophia mora com o pai e os dois têm uma forte ligação. Marcelo exprime um sorriso ao contar do primeiro arraial em que levou a filha sozinho. “Agora eu entendo algumas questões de mulheres, como o motivo pelo qual o salão de beleza demora tanto”.

Os servidores são exemplos de resiliência e responsabilidade, membros valiosos do quadro de trabalhadores que fortalecem a cultura do Estado do Acre.

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