Não diferente do que ocorre nos demais estados do país, a ida ao dentista nem sempre é um hábito frequente entre a população acreana. Apesar do grande número de profissionais da área odontológica, o acesso aos serviços ainda é limitado. Isso porque muitas pessoas ainda desconhecem que têm direito ao tratamento odontológico gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Como forma de facilitar o acesso, com foco no serviço de ortodontia, o Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), iniciou avaliações em alunos da rede pública de ensino para identificar os casos de maloclusão dental, quando os dentes não fecham corretamente e pode indicar a necessidade de utilizar aparelho.
A ortodontista Caroline Freire de Lucena, coordenadora do Programa de Fissurados e do Serviço de Ortodontia do Hospital das Clínicas (HC) de Rio Branco, destaca que a iniciativa só foi possível após a contratação de mais seis profissionais, aprovados em concurso público e convocados pela Sesacre no ano passado.
“O governo do Estado investiu nessa especialidade da odontologia, contratando mais ortodontistas, o que nos deixa muito feliz, tendo em vista que vamos conseguir ampliar mais os serviços e beneficiar mais crianças, adolescentes e adultos que necessitem do tratamento”, ressalta Lucena.
Ainda de acordo com a especialista, as avaliações que tiveram início essa semana na Escola Senador Adalberto Sena, no bairro Tucumã, devido a aproximação maior com o Hospital das Clínicas, tem como meta identificar os casos mais graves de má oclusão entre as crianças, levando em consideração que não se trata apenas de estética, mas que pode prejudicar o desenvolvimento ósseo e acarretar em vários problemas de saúde.
A maloclusão é o terceiro maior problema de saúde pública do Brasil. Estudos epidemiológicos mostram que estudantes de 10 a 19 anos têm de 62 a 95% de pacientes sem o encaixe correto na arcada dentária.
“Um problema que realmente existe e tem um impacto muito negativo na vida das crianças, que além de causar um problema funcional de mastigação, também envolve outros fatores que comprometem a saúde, inclusive com a perda dentária precoce. São muitos os fatores que estão envolvidos, sejam eles na ordem psicológica, uma vez que essa criança está exposta a sofrer bullying devido à má posição dos dentes ou mesmo pela dificuldade na fonação”, avalia a ortodontista.
As avaliações estão sendo realizadas com alunos a partir de 10 anos, mas que a equipe também irá atender pacientes de outras idades encaminhados pela rede pública, além da demanda espontânea no Hospital das Clínicas. “Quem tiver um filho ou se sentir prejudicado com sua situação oclusal, pode procurar o Hospital das Clínicas para uma avaliação. Importante ressaltar que não há burocracia no agendamento, basta procurar o serviço de odontologia, que dependendo da demanda do dia, já dá até para consultar, sem precisar de agendamento prévio”.
As crianças que tiverem indicação do uso do aparelho dentário serão encaminhadas ao serviço de odontologia do Hospital das Clínicas e farão todo o tratamento e manutenção do aparelho gratuitamente.
Serviço de odontologia do Saúde na Escola já existe há 17 anos
Além da inovação do serviço de ortodontia pelos profissionais do HC, os estudantes das escolas da rede pública contam com tratamento odontológico a custo zero pelo programa Saúde na Escola há 17 anos. Desenvolvido por meio de parceria entre as Secretarias de Estado de Saúde e de Educação, o programa já atendeu quase 149 mil crianças e adolescentes, desde sua criação.
São 15 consultórios odontológicos distribuídos em escolas da capital e em Cruzeiro do Sul. O atendimento é feito por região. Os alunos das escolas que possuem o consultório são atendidos durante o horário das aulas.