Com a presença de autoridades dos governos do Brasil, Peru e Bolívia, além de empresários dos três países, acontecem em Rio Branco o Seminário Internacional de Desenvolvimento Econômico Integrado Sustentável na Pan-Amazônia Sudoeste e o 1° Encontro Internacional de Turismo e Comércio, nos dias 14 e 15 deste mês. A abertura acontece no Teatro Plácido de Castro e os debates, na Federação do Comércio. O seminário pretende definir encaminhamentos para o desenvolvimento econômico e integração na região.
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O evento também celebra o cinquentenário da autonomia política do Acre. Irailton Lima, assessor especial do governo do Estado, explica: “Vamos falar sobre possibilidades de investimentos, das ações territoriais, da Estrada Interoceânica e avaliar a possibilidade de outro corredor de exportação, que seria a estrada de ferro em Cruzeiro do Sul, a integração aérea com a possibilidade de novos voos, acordos diplomáticos e medidas na área de segurança pública”. Já está confirmada a participação do governador do Departamento de Pando [Bolívia] e dos presidentes regionais de Madre de Díos, Ucayali e Arequipa [Peru], acompanhados de secretários, parlamentares e entidades empresariais.
A força da economia trinacional
A integração econômica é o ponto alto da discussão do seminário. A Bolívia, por exemplo, tem laços estreitos de comercialização de manejo florestal, látex e castanha. Já o Peru tem acordos comerciais na área de piscicultura e manejo florestal, entre tantos outros, oportunos após a criação da Estrada Interoceânica.
“O maior foco está em criar uma cooperação para que exista uma expansão da área industrial”, conta Jair Santos, diretor de Comércio da Secretaria de Indústria e Comércio do Acre. A indústria do peixe é uma das mais discutidas, mesmo porque esse é um dos carros-chefes do governo do Estado, uma atividade de grande complexidade ambiental, e será responsável por uma grande propulsão da economia acreana. Só Madre de Díos compra cinco toneladas de peixe todo mês do Acre. “Não adianta crescer sem nossos vizinhos acompanharem esse crescimento. Queremos exportar conhecimento técnico da piscicultura”, ressalta Santos.
A ampliação da fábrica de camisinhas Natex, que passará sua produção de 100 para 200 milhões de unidades, também abrirá portas para a negociação de látex nas regiões de Madre de Díos e Pando. Na área madeireira será discutida a montagem de uma nova linha de produção para a fábrica de tacos de Xapuri, que resulte em novos acordos de exportação. Há também a atenção voltada para a possibilidade de mercado existente para a produção de castanha e polpa de frutas, não só a acreana, mas em toda a área amazônica dos três países.
Também serão discutidas negociações com o BNDES para investimentos do Fundo da Amazônia em projetos de desenvolvimento sustentável para a região de fronteira. O Fundo da Amazônia é um recurso internacional, cujo principal depositário é a Finlândia, no norte da Europa. Esse dinheiro é usado para projetos de economia verde e desenvolvimento com sustentabilidade, como programas de manejo florestal comunitário e capacitação de pessoas para prevenção e combate a incêndios florestais. A região de tríplice fronteira em que o Acre está inserido tem se mostrado ideal para esses investimentos.
Reforço na segurança
Outro objetivo do seminário é discutir e firmar termos de cooperação com Ucayali e Pando no desenvolvimento de projetos na área de segurança pública. Um curso de formação para a polícia de Pando já está sendo articulado pelas forças de segurança do Acre. Compromissos para combater os crimes de fronteira também deverão ser reforçados e firmados. Tudo isso através do Ministério das Relações Exteriores.
O secretário adjunto de Segurança Pública, Ermício Sena, conta que, além do termo de cooperação de formação policial com Pando, também estão sendo organizadas cartas de intenções com os governos de Madre de Díos e Ucayali. “Vamos discutir o que pode ser feito. Já há uma relação muito boa entre esses governos e trabalhamos parar firmar acordos bilaterais e trinacionais.”
Avançar é preciso
Ao final do seminário será feito o anúncio da criação da Escola Internacional de Fronteira. Será um espaço para profissionalizar mão-de-obra necessária nas principais áreas econômicas da tríplice fronteira internacional envolvendo os Estados do Acre, Pando, Madre de Díos e Ucayali. O Ifac e a Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE) também estão envolvidos no projeto.
Os gargalos institucionais para chegar de fato a uma integração é outro ponto do seminário, além de estimular o andamento dos projetos nas esferas de governo até que eles sejam finalmente aprovados e colocados em prática. Entre o Brasil e o Peru, por exemplo, já existem diversos projetos que integram os países, mas que estão parados e necessitam do avanço levado pelos parlamentares, governantes regionais e empresários. Há um importante projeto para que até 2019 todas as alíquotas de produtos Brasil-Peru sejam zeradas na comercialização entre os dois países.