O Acre possui a maior indústria de peixes do Brasil e a segunda maior da América Latina. O seminário sobre os novos Modelos de Tecnologias para a Piscicultura, realizado na quarta-feira, 30, vai ao encontro desse sistema industrial, que demanda mais produção de pescado para atender o mercado nacional e internacional em constante e crescente procura.
A indústria Peixes da Amazônia tem capacidade produtiva de 20 mil toneladas por turno e até agora conseguiu chegar a cinco mil.
Nesse sentido, o seminário apresentou o que existe de melhor em tecnologia produtiva para um público de 200 participantes, entre piscicultores, cooperados e produtores em geral.
Também as perspectivas de mercado em nível nacional, regional e internacional foram apresentadas. Atualmente a Peixes da Amazônia já fornece para os supermercados locais e nacionais, pela rede Pão de Açúcar, além de exportar 10 toneladas a cada 10 dias para o Peru.
Técnicas produtivas
As metodologias produtivas apresentadas foram o sistema Biofish, que orienta a criação de peixe em processo de concentração, propondo aumentar a produção de seis para 16 toneladas por hectare ao ano. A Piraçai prioriza utilização das fezes do peixe para irrigação de sistemas produtivos como, por exemplo, o açaí com a proposta produtiva de seis toneladas de peixe para cada 250 metros de água.
O Sebrae apresentou uma proposta mais natural, misturando diferentes espécies de superfície como o tambaqui, de meio a exemplo da curimatã e de fundo, como é o caso do pirarucu, no mesmo criadouro .
O Projeto Pacu propõe um sistema em rotação de água e alimentação como sucesso produtivo para 50 mil toneladas por ano.
Baixo carbono
O governador Tião Viana avalia o sucesso produtivo da piscicultura no Acre como um passo à frente, num mercado mundial que será cada vez mais promissor, tendo em vista tratar-se da proteína mais valiosa do mundo, a do peixe.
“É ecologicamente correta, porque exige baixa emissão de carbono, gera valor agregado, gera renda numa pequena propriedade e possibilita renda de classe média para o agricultor familiar”, enumerou o governador.
Tião Viana esclareceu ainda que o Acre incorporou o que há de melhor em tecnologia do mundo e trouxe para ofertar nessa atividade econômica, cuja tendência é o estímulo ao desenvolvimento integrado nessa região de fronteira.
“O governo de Pando participa conosco do seminário na busca de novas técnicas produtivas e o Peru já compra dez toneladas do nosso peixe a cada dez dias, o que indica integração de mercado com nossos países vizinhos”, avaliou.
Objetivo comum
O secretário de Estado de Desenvolvimento da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), Sibá Machado esclareceu que o seminário na busca de novas tecnologias reuniu também órgãos de fiscalização no controle ambiental e fomento como é o caso da Sedens. A Fieac foi parceira, acompanhando e conhecendo novos modelos e tecnologias produtivas em Rondônia.
Segundo o secretário, os modelos apresentados no seminário propõem grandes avanços em produtividade, indo ao encontro da necessidade de ter peixes nos açudes para cumprir os contratos de comercialização.
“O sonho do futuro é pôr nosso peixe na mesa dos europeus, chineses, americanos e latinos como já é o caso dos peruanos”, previu Sibá Machado.
Mercado seguro
A Acrepeixe reúne mais de 700 produtores em sete cooperativas de piscicultores. O presidente Milton Melo do Nascimento disse que a atividade melhorou a vida dos cooperados em renda e qualidade de vida, pois antes da indústria a produção era comercializada de forma incerta e desorganizada.
“A gente produzia sem saber se venderia ou não, já que as vendas ambulantes e os mercados eram nossa única opção”, lembrou o cooperado.
Busca de incentivos
A produtora rural Araide Lima de Castro tem 10 açudes em sua colônia, no quilômetro 30 da rodovia AC-01.
“Tenho visto muitos produtores que vêm tendo sucesso com a produção de peixe. Vim participar do seminário para aprender, investir, utilizar meus açudes e ter renda também”, salientou.