O governo do Estado, por meio do Instituto Socioeducativo do Acre (ISE), implantou, em dezembro de 2012, o sistema de semiliberdade invertida, modelo pioneiro no país. Desta forma, os adolescentes em conflito com a lei devem permanecer durante todo o dia na unidade, realizando atividades de educação, lazer, cultura e profissionalização. Já no período da noite e nos fins de semana, eles podem retornar para as suas casas.
A ideia foi levantada pelo atual presidente do ISE, Henrique Corinto, que idealizou um projeto inovador no Estado. “Com esse método, priorizamos as atividades na comunidade e, principalmente, o resgate do vínculo familiar. Não é simples, porém, objetiva garantir um retorno positivo do adolescente ao convívio em sociedade”.
Desde então, o antigo Centro Socioeducativo Acre deu lugar ao Centro de Apoio à Semiliberdade, ao Egresso e Família (Casef).
Programações externas – A diretora da unidade, Cíntia Pontes, comemora os resultados satisfatórios que melhoram a aplicação das medidas. “Nós colocamos na rotina dos adolescentes, atividades culturais, esportivas e de lazer. Desde que assumi aqui, procurei levar esses jovens para a comunidade e o retorno foi surpreendente”, revela.
O Casef fechou parceria com a Biblioteca Pública. A partir de então, os adolescentes podem ir uma vez por semana no local, para ter acesso aos filmes, navegar na internet e participar da contação de histórias. “Esse é um dos lugares selecionados para as atividades externas. Além disso, frequentamos também o Horto Florestal e parques ambientais. Assim, as professoras podem fazer uma aula mais prática voltada para assuntos encontrados no meio do caminho”, explica.
Atividades religiosas – Uma preocupação da equipe que está à frente da unidade é respeitar e valorizar as crenças dos socioeducandos. Parcerias com igrejas locais rendem bons comportamentos e destaques no Centro.
Frequentemente, grupos de jovens e pastores visitam o local, levando palavras de apoio e evangelização aos jovens. No início do ano, batizados foram realizados na área de lazer da unidade. Os meninos são também levados para cultos religiosos fora do Centro.
Apoio às famílias – Nesse novo modelo, os pais e responsáveis pelos adolescentes em conflito com a lei são chamados para mais perto da medida socioeducativa. Grupos de apoio foram criados para que as famílias troquem experiências e sejam acompanhadas pela equipe técnica do local.
“Reuniões quinzenais são realizadas, com a organização do Núcleo de Apoio ao Egresso e Família, composto por assistentes sociais e psicólogos. Um ônibus fica disponível para buscá-los e depois deixá-los em casa. Dessa forma, trazemos os familiares para mais perto”, defende Cíntia.
Investimento na profissionalização – Um levantamento realizado pela Divisão de Ações Sociopedagógicas do ISE revela que 578 pessoas já foram atendidas pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), por meio do ISE. Dessas, 385 eram adolescentes em medidas socioeducativas e 193 eram membros da comunidade, entre eles, alguns familiares.
Segundo Cíntia Pontes, na última segunda-feira, 24, mais uma capacitação profissional foi encerrada no Casef. “A formatura do curso de Frentista foi emocionante. O próximo já tem data para começar. Então é assim, não paramos. Estamos a todo vapor dando o melhor da gente. Com isso, esses adolescentes podem concluir suas medidas e ter condições de conseguir um emprego formal”, idealiza.
O esporte como meio de transformação – “Sabemos da importância do esporte e do lazer na vida de adolescentes comuns, quanto mais na dos socioeducandos. Entendendo isso, iniciamos um torneio interunidades. Eles se empolgam e fazem planos. O importante é que eles não deixem de alimentar os sonhos, isso nos impulsiona na vida”, declara a diretora.