Segurança Pública visita fronteiras do Peru e da Bolívia com adidos norte-americanos

Um comboio de carros composto pelo Grupo Especial de Fronteira (Gefron), Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal (PRF) teve como destino as fronteiras do Acre com a Bolívia e o Peru na manhã desta quarta-feira, 7. O roteiro, realizado pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública do Acre (Sejusp), faz parte da agenda de compromissos dos policiais adidos da Embaixada dos Estados Unidos. Os norte-americanos chegaram na segunda-feira, 5, e já realizaram palestras para as forças policiais sobre tráfico de pessoas.

A visita às regiões fronteiriças do Acre, que somam mais de 2.100 km de fronteiras, divididas ao sul e a leste com a Bolívia e ao sul e oeste com o Peru, tinha como objetivo analisar as instalações de segurança existentes, como postos de controle e vigilância, para a troca de informações sobre técnicas de monitoramento, investigação e estratégias de combate a crimes transnacionais. Os Estados Unidos, assim como o Acre, fazem fronteira com o México, uma divisa que se estende por cerca de 3.100 km, atravessando quatro estados norte-americanos.

A primeira parada da agenda foi no Posto de Fiscalização Avançada do Gefron, em Senador Guiomard, localizado entre uma interseção que liga as cidades de Plácido de Castro, Brasileia e Capixaba, onde os municípios fazem fronteira com a Bolívia, um dos principais países produtores de cocaína no mundo. No local, os adidos viram de perto o fluxo de carros oriundos das regiões fronteiriças, assim como as abordagens e apreensões de produtos fruto de descaminho, prática comum na região de fronteira, caracterizada pela importação ou exportação de mercadorias sem o pagamento de impostos.

O ramal Brasil/Bolívia, no município de Capixaba, foi a segunda parada. A rota dá acesso à fronteira boliviana da Comunidade Vila Maparo, que possui apenas um monumento em forma de mastro, como um marco simbólico da divisa entre os dois países. Os adidos visitaram o Posto Policial Boliviano que está a cerca de dois quilômetros da fronteira com o Brasil.

O comboio seguiu viagem, parando na Unidade Operacional da Polícia Rodoviária Federal, no quilômetro 237, no entroncamento de Xapuri, conhecendo de perto a base da força de jurisdição federal, que funciona 24h, atuando até o município de Capixaba, com quatro equipes diárias.

No município de Epitaciolândia, que faz divisa com Brasileia, as forças de segurança do Acre, em companhia dos americanos, visitaram as instalações da Polícia Federal, o posto fiscal da Receita Federal e a ponte que dá acesso ao Departamento de Pando, Cobija, na Bolívia. Já em Brasileia, o grupo visitou a Ponte Binacional Wilson Pinheiro, que cruza o Rio Acre, dando acesso à cidade de Cobija.

Para chegar à última parada de fronteira em Assis Brasil, situada no extremo oeste do estado do Acre, na fronteira peruana, próxima das cidades de Iñapari (Peru) e Bolpebra (Bolívia), as forças policias brasileiras e americanas utilizaram o transporte aéreo do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer),que na oportunidade realizou um sobrevoo pela densa área de floresta amazônica que cobre a região de fronteira do Acre até chegar os limites de terra peruanas, descendo na Receita Federal de Assis Brasil.

A agenda dos norte-americanos nas fronteiras encerrou com uma reunião na Polícia Federal, em Epitaciolândia, com representantes da Humanity Society International (HSI), que contou com a presença de autoridades policiais brasileiras e bolivianas.

O que disseram

“A presença de adidos da Embaixada dos Estados Unidos é um esforço conjunto para enfrentar desafios comuns, como o tráfico de drogas, contrabando e crimes organizados no estado, buscando uma troca de informações para o fortalecimento das relações entre Brasil e Estados Unidos no âmbito da segurança, criando um ambiente propício para futuras colaborações de bancos de dados e tecnologias”, expõe o secretário de Segurança Pública do Estado do Acre, José Américo de Souza Gaia.

“Na visita de hoje [7] mostramos como funciona o sistema de controle nas fronteiras acreanas. Fomos muito bem recebidos pela Polícia Federal, de modo que estamos integrando essa troca de experiência, tantos dos americanos, que têm interesse, porque aqui é um ponto de passagem, de saída do Brasil, entrada no Peru, geralmente com destino aos EUA. Nós queremos saber quem frequenta, quem passa nas nossas fronteiras, assim como eles também têm esse interesse. É a união de todo o sistema de segurança pública, tanto do estado quanto do governo federal em prol da segurança interna do nosso país”, explica o diretor operacional da Secretaria de Segurança Pública, Atahualpa Batista Ribera, que acompanhou o grupo norte-americano nas fronteiras.

“A visita foi agendada com a Secretaria de Segurança para que os adidos policiais americanos, três adidos de três agências federais, viessem conhecer a realidade das fronteiras, principalmente da tríplice fronteira com Peru e Bolívia. Um dos adidos é de segurança interna, lidando com o tráfico de pessoas, tráfico de armas, exploração sexual infantil. O outro lida com a aduana, as questões de proteção de fronteiras nos EUA. E o terceiro adido é da segurança diplomática. Lida com investigações de vistos e passaportes falsos e todos os crimes conexos que estão relacionados com o uso de documento falso. Então, o objetivo da visita principalmente foi para conhecer a realidade, os desafios que a segurança pública enfrenta no estado e para compartilhar informações”, conta a investigadora do Serviço de Segurança Diplomática, M.C.

“Fazemos o policiamento entre as fronteiras Brasil/Bolívia, em Capixaba, onde a gente faz um patrulhamento numa vicinal. Ao lado esquerdo, entrando, é o lado boliviano e o lado direito é o lado do Brasil, onde mantemos um contato com a polícia boliviana justamente para evitar que pessoas tanto do lado boliviano quanto do lado do Brasil cometam delitos. Nós trabalhamos em escala de 24h para 48h, havendo sempre uma equipe fazendo patrulhamento”, esclarece o subtenente da Força Nacional, Alexandre de Araújo.

“O trabalho de fronteira é um trabalho integrado em 100% com as forças estaduais e federais, e isso tem dado grandes resultados e também aumentado o número de atuações, uma vez que quando os trabalhos eram feitos de forma individualizadas, muitas vezes se repetiam os trabalhos e não tinham tantas operações e ações como está tendo hoje”, destaca o coordenador adjunto do Gefron, delegado Rêmulo Diniz.

Fronteiras acreanas

O estado do Acre faz fronteira com três países e tem cidades que estão localizadas próximas a essas fronteiras. As fronteiras acreanas são com o Peru e a Bolívia, além de compartilhar limites com outros estados brasileiros.

– Fronteiras Internacionais

1. Com o Peru:
– Assis Brasil: Localizada na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Bolívia, Assis Brasil é uma das principais cidades de fronteira com o Peru.
– Brasiléia: Outra cidade próxima à fronteira com o Peru, que faz parte da região de influência do comércio e da passagem de pessoas entre os dois países.

2. Com a Bolívia:
– Epitaciolândia: Fica ao lado da cidade boliviana de Cobija e é uma das principais cidades de fronteira com a Bolívia.
– Brasileia: Também está localizada perto da fronteira com a Bolívia e é uma cidade de importância regional na área.

– Fronteiras Nacionais

1. Com o estado do Amazonas:
– Cruzeiro do Sul: Esta cidade faz parte da fronteira com o estado do Amazonas e é uma das cidades importantes no Acre em termos de comércio e serviços.

2.Com o estado de Rondônia:
– Senador Guiomard: Localizada na fronteira com Rondônia, é uma cidade que também influencia o comércio e o transporte na região.