Dialogar com os produtores familiares, sem intermediários, sentir as necessidades e as potencialidades da produção agroflorestal, foi com esse objetivo que o Secretário de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), Lourival Marques, visitou, no último sábado, 16, produtores do Projeto de Assentamento Tocantins, no munícipio de Porto Acre.
Nas localidades estão presentes vários programas de governo que buscam incentivar a produção agroflorestal, com o incremento de tecnologia que permite otimizar as áreas destinadas a agricultura e resgatar outras que estão em processo de degradação.
“O planejamento que realizamos e os recursos que gerenciamos são importantes para a execução dos programas que visam melhorar a vida dos produtores familiares. Porém, se não ouvirmos os produtores e adequarmos nossas ações de acordo com as suas necessidades, corremos um sério risco de nossas ações não produzir o resultado esperado”, afirmou Lourival Marques, secretário da Seaprof.
A receptividade e a espontaneidade com que cada produtor recebeu a visita demonstrou que não havia nada previamente acordado, o que permitiu conversas francas, à beira da varanda, nos degraus de escadas e até mesmo no sofá, regado a um cafezinho passado na hora.
Acompanhado do gerente do escritório da Seaprof no município, José Adalberto Oliveira da Costa, e do secretário adjunto da Secretaria de Agropecuária (Seap), Mamed Dankar, visitou vários produtores e constatou os resultados positivos dos investimentos na produção agrícola e assumiu compromisso para novos investimentos.
Os dos exemplos de que com incentivo o produtor rural consegue produzir e melhorar sua qualidade de vida é o do produtor de pimenta de cheiro, Nazareno Bento Bezerra. Ele fechou contrato com um supermercado localizado em Rio Bbranco. Entrega 150 kg de pimentinha de cheiro por semana a um preço de R$ 4 o quilo. Na época de maior produção chega a utilizar mão de obra local, contratando até quatro diaristas, a um custo de R$ 30 o dia, para poder cumprir o contrato.
Nazareno apresentou como maior dificuldade o custo do frete para transporte da produção, principalmente no período das chuvas. Lourival Marques assumiu o compromisso de organizar o transporte da produção da região com periodicidade semanal.
Já o produtor rural, José Milton e a esposa, professora Keila Mara, tem uma produção bem diversificada. Criam desde suínos a frango caipira e plantam mandioca e milho. Também produzem queijo e iogurte. O casal foi beneficiado com a mecanização, e o milho produzido é destinado a manutenção da atividade de avicultura, cujos pintos são adquiridos a preços subsidiados pela Seap.
A renda mensal com a venda de queijo chega a R$ 900. Keila Mara é formada em Letras, leciona em uma escola no ramal Capixaba e aproveita para vender iogurte de sua produção artesanal. Arrecada em média R$ 150 por semana. Para diversificar os sabores, utiliza frutas da própria produção também como forma de reduzir custos. Na avicultura, no período de maior produção, são comercializadas cerca de 30 galinhas no mês, por um preço que varia de R$ 15 (animal vivo) a R$ 20 (frango abatido).
O presidente da Associação Palmeiral, localizada no final do ramal Capixaba, Pedro de Araújo Lopes, explica que a associação tem cerca de 16 associados e todos receberam mecanização de até dois hectares. A produção na região é de melancia, pepino, milho e arroz. “Geralmente os serviços de atendimento ao produtor iniciam no começo do ramal e quase sempre não chegam a atender os que moram mais distantes”, avaliou.
A associação possui uma peladeira de arroz que beneficia toda a produção local, mas não tem trilhadeira para beneficiar o milho produzido. Lourival Marques afirmou que vai analisar a possibilidade de atender a demanda da comunidade por uma trilhadeira para o processamento da produção. “Os técnicos da Seaprof e Seap devem analisar a questão da necessidade e em qual programa de governo se insere”, garantiu.
No ramal dos Paulistas, conhecido polo leiteiro, Darlete Jovelino de Assis foi contemplada com a instalação de um ordenhadeira mecânica, através do Programa de Incentivo à Produção Leiteira. Darlete contou da satisfação de poder tirar o leite em um menor tempo e com maior higiene. Disse que a atividade que durava quatro horas agora é realizada em menos de uma hora.
“Além disso, é fácil o manuseio e pode ser feita por um dos meus filhos”, disse. No período de maior produção chega a entregar 60 litros de leite por dia a um laticínio localizado na rodovia AC-10, município de Porto Acre. “As vezes as coisas não acontecem com a rapidez que a gente quer mas as coisas estão acontecendo sim e chegando até o produtor”, analisou.