Seca severa

Precisamos falar de coisa séria! O nosso principal manancial de águas registra uma das mais baixas medições para a época. De acordo com o Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (Cigma), no dia 12 de julho deste ano, o Rio Acre chegou à marca de 1,74m, em Rio Branco. Nos anos de 2022 e 2023, nesta mesma data, o rio estava na casa dos 2 metros.

Estamos em julho, o verão amazônico vai até outubro, quando geralmente o rio alcança o nível mais baixo do ano. Em 2022, marcou 1,24m na capital. Daqui até lá, serão cerca de três meses, e isso tem preocupado as autoridades.

O governo do Acre decretou situação de emergência ambiental em todos os 22 municípios do estado no dia 11 de junho, e a medida vigora até 31 de dezembro.  O Gabinete de Crise, a Defesa Civil Estadual e a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) coordenam as ações para amenizar os agravos causados pelos eventos climáticos e a estiagem.

Com a seca, governo decretou  emergência ambiental em todos os 22 municípios do estado. Foto: Odair Leal/Sesacre

Ao longo dos anos, a eliminação de gases de efeito estufa, os fenômenos El Niño, que impulsionou o aumento das temperaturas globais e das condições meteorológicas extremas, e La Niña, que consiste na diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico, têm alterado as temperaturas globais, provocando calor, chuva e seca no planeta.

Há pouco mais de três meses, o Acre passou por um desastre natural causado pela inundação dos rios, que afetou 19 dos seus 22 municípios, sendo a maior cheia já registrada em Brasileia, e a segunda maior já registrada na capital do Acre, quando o Rio Acre alcançou a marca de 17, 89m.

O Acre viveu uma catástrofe que alcançou mais de 70 mil pessoas e mobilizou toda a estrutura do estado e municípios atingidos, chamando a atenção do país e do mundo para a gravidade da situação.

Hoje, vivemos o outro extremo, porém a seca costuma durar mais do que a cheia. Vários rios perdem a navegação, o transporte de alimentos e de pessoas fica prejudicado, comunidades ficam isoladas, cardumes de peixes não resistem à falta de água e às altas temperaturas e, o pior, falta água para o consumo de milhares de pessoas.

Além da capital Rio Branco, outras cidades acreanas também sofrem com a seca severa dos rios: Assis Brasil, Brasileia, Xapuri, Manoel Urbano, Santa Rosa do Purus, Sena Madureira, Tarauacá, Cruzeiro do Sul e Feijó, sendo que a situação de emergência abrange todos os municípios.

A falta de chuvas nesse período de estiagem, os ventos e a baixa humidade do ar são condições propensas a causar incêndios florestais, que agravam ainda mais os problemas da seca.

Toda essa problemática nos leva a uma conclusão: a seca dos rios afeta mais pessoas do que as cheias. As esferas federal, estadual e municipal do poder público estão unidas para tentar minimizar os impactos da seca, porém, toda a sociedade precisa se unir para enfrentar essa crise hídrica.

Precisamos ser conscientes e colocar em prática ações para enfrentar esse problema. Por isso, vamos economizar água no banho e nos afazeres domésticos, não desmatar as áreas das nascentes das bacias dos rios e não jogar lixo nos rios.

A preservação das fontes das águas e os principais rios do nosso estado deve ser cultivada o ano inteiro, independente de cheia ou seca, para que possamos garantir um futuro melhor para as próximas gerações.

Andreia Nobre é Jornalista e repórter da Agência de Notícias do Acre.

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