Governo comprou oito mil unidades para distribuir entre produtores familiares
A arroba da ovelha vale hoje no mercado entre R$ 105 e R$ 120, enquanto a do boi sai por R$ 84. Ovelhas exigem um pasto menor e com oito meses já podem ser abatidas. O gado leva em média três anos para atingir o ponto de abate. As vantagens da ovinocultura são muitas, o mercado é promissor, e elas surgem como mais uma alternativa de produção numa propriedade, podendo ser consorciadas com outros animais.
O Brasil é importador da carne de ovino. Manaus, capital do Amazonas, é uma grande consumidora e não supre seu mercado interno. Rondônia também não. E o Sul do país paga até R$ 45 no quilo da carne. Em abril, o Anassara, frigorífico voltado para a ovinocultura, fará seu primeiro abate e estará pronto para abastecer o mercado interno e exportar o excedente.
O secretário de Agropecuária, Mauro Ribeiro, e uma equipe técnica viajam na próxima semana para buscar o primeiro lote das oito mil ovelhas das raças Santa Inês e Dorper. Os animais serão distribuídos para 600 produtores familiares, que passam por um processo de seleção para verificar quais se adaptam melhor ao perfil exigido para a criação.
“Os produtores selecionados precisam ter pasto cercado – a ovelha é um animal que anda muito -, condições de alimentar os bichos e aptidão para o negócio. Já fizemos um pré-cadastro e agora os técnicos visitam novamente as propriedades para uma última checagem. Os 30 produtores que receberão os animais do primeiro lote já foram selecionados”, explicou o secretário.
Uma equipe técnica, incluindo um médico veterinário, vai acompanhar o embarque dos animais para garantir que a fazenda que ganhou a licitação do lote de ovelhas entregue animais jovens, com dentição adequada à idade e com bons aspectos reprodutivos. Os animais foram comprados com recursos próprios do governo do Estado e serão doados aos produtores familiares.
“A ideia é fortalecer um negócio em torno da criação de ovelhas e tornar o Acre um Estado produtor. Já existe uma cadeia produtiva consolidada das aves e está em construção toda uma estrutura para criar e abater porcos. Temos o projeto da piscicultura e agora o das ovelhas. Aos poucos a realidade acreana está mudando, sempre com o governo de um lado e a produção familiar de outro”, disse Ribeiro.
Se o produtor fosse comprar os animais no varejo, a fêmea Santa Inês custa em média R$ 500 e o reprodutor, da raça Dorper, entre R$ 1,5 e R$ 2 mil.
Frigorífico vai comprar toda a produção acreana
O Frigorífico Anassara, que deve iniciar suas atividades em abril, terá capacidade instalada para abater 400 animais por dia. Inicialmente, a estimativa do empresário é de que tenha, em média, entre 30 e 50 ovelhas para abate diário, de acordo com a capacidade de produção dos produtores familiares envolvidos no negócio. A meta é atingir 200 abates/dia em dois anos.
“Nós compraremos todos os animais que estiverem prontos para o abate. Mercado existe, o que falta é os produtores se adequarem à produção e ofertar o produto. O projeto do governo do Estado vai ajudar a criar essa produção, que vai incentivar a produção familiar e garantir um aumento na renda das propriedades”, disse o empresário Beto Moreto, do Frigorífico Anassara.
No primeiro momento, o frigorífico vai trabalhar com o Serviço Estadual de Inspeção (SEI), que permite a comercialização apenas no mercado interno. A estimativa é de que no prazo de oito meses a empresa esteja qualificada para receber o selo Sisbi (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal), que vai garantir a entrada da carne das ovelhas acreanas em mercados como Manaus e Porto Velho, os primeiros alvos, e em seguida, o mercado sulista. Hoje, no mercado local, a carne está sendo comercializada entre R$ 9 e R$ 12 o quilo para supermercados e restaurantes. Em São Paulo, dependendo do corte – e são mais de 20 variações -, o quilo chega a R$ 45.