O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), promoveu nesta terça-feira, 3, no Espaço Fazendinha, o Painel Temático da Cafeicultura, com palestrantes de diversas especialidades na produção de café. Aproximadamente 120 produtores vindos de Epitaciolândia, Xapuri, Porto Acre, Capixaba, Acrelândia participaram do evento.
Durante a feira de negócios, a Expoacre, a Seagri está promovendo várias palestras e cursos sobre cadeias produtivas da agricultura familiar para produtores rurais e proprietários de agroindústrias, assim como para estudantes de diversos cursos relacionados às áreas de agronomia e pecuária. E os apreciadores de café podem visitar o estande da Seagri para experimentar os cafés robustas preparados por um barista.
A engenheira agrônoma e coordenadora do Núcleo de Café e Cultura da Seagri, Michelma Lima, explicou que o evento tem por objetivo, melhorar a qualidade e a produtividade dos cafés no estado.
“Além de promover esses cafés, que o estado vem produzindo, nesse trabalho com qualidade que iniciamos desde o ano passado, a partir do primeiro concurso de qualidade dos cafés, sabemos que a informação traz o poder, empodera o produtor, tanto para ele aumentar a produtividade quanto a qualidade dos seus cafés”, ressaltou a agrônoma.
Morador do projeto de assentamento Tocantins, localizado em Porto Acre, o cafeicultor Abílio Caetano conta como a produção de café está mudando a realidade dos produtores e evitando o êxodo rural.
“Estamos com 12 produtores aqui e todos muito empenhados e dedicados a aumentar a produção do café pela rentabilidade que está trazendo para as famílias. Buscamos incentivar mais parceiros, porque isso vai nos trazer renda. Então, hoje a gente tem exemplos, de jovens, que há dois anos estão produzindo, já têm a sua própria moto, o seu próprio dinheiro, e isso vem ajudando a fortalecer a família e a permanência no campo, que hoje é uma coisa rara, você segurar o jovem no campo”, destacou.
“A nossa palestra foi voltada para a questão sensorial dos cafés, o que ele pode agregar de valor para o produtor, e a palestra passou pelo caminho do café no mundo, como está a produção e demanda de café no Brasil e no mundo, a evolução do sensorial, a comercialização e precificação dos cafés. E também trouxemos uma degustação de café onde o produtor pode ver, sentir o sensorial da média dos cafés da região. Então, isso é importante para o produtor saber que ele tem que ter vários tipos de produtos, para atender o máximo de gostos e consumidores”, ressaltou o presidente da Cafeicultores Associados da Região das Matas de Rondônia (Caferon), Juan Travain.
O pesquisador da Embrapa, Henrique Alves, explicou que a conversa com os cafeicultores do Acre visa mostrar o potencial da produção de robustas amazônicos finos nessa região, que é uma região que tem um teor único, com clima e solo muito adequado e produtores que já têm a cultura do café.
“O Acre, mais do que ninguém, tem o potencial de explorar esses cafés finos e abrir horizontes e novos mercados. E o café é uma forma de produção compatível com a floresta, uma forma de produção sustentável, vinculada à agricultura familiar de pequena escala, que é a cara do Acre. E a partir do momento que o Acre começa a investir numa cafeicultura mais tecnificada, com maior produtividade, sustentabilidade e, principalmente, qualidade, isso vai ajudar na preservação, inovação da floresta, que hoje é, com certeza, o maior patrimônio que o Acre tem”, ressaltou.
O pesquisador acrescentou, ainda, que a Embrapa atua fazendo pesquisas, gerando tecnologias e novos protocolos de produção para que o produtor tenha acesso a essa nova realidade de transformação, qualidade e produtividade. Sobre os números de produção, Henrique pontuou que o Acre, em 2015, tinha 26 sacas de produtividade por hectare, e hoje está próximo a 50 sacas por hectare, o que é uma das maiores produtividades médias do país em uma agricultura familiar de pequena escala, que só pode ser alcançada com tecnologia.
Atuando há mais de 40 anos na produção de café, o consultor, empresário e cafeicultor, Agnaldo Lima, veio ministrar e conhecer mais da produção acreana. “Vim apresentar as oportunidades que os robustas amazônicos têm no mercado. Eu vim como consultor para fazer um trabalho aqui de indicação geográfica, me apaixonei pela região, vi que era toda diferente e agora estou vendo que tem um potencial enorme na Amazônia, que é um negócio imensurável e que vai trazer, com certeza, muita riqueza para os seus produtores e suas comunidades”.
O analista da Embrapa, Marcio Baima, é supervisor do setor de prospecção e avaliação de tecnologias da Embrapa Acre, e trouxe para os produtores os custos de produção do café robusta. “A gente usou a metodologia de painel, diversos pesquisadores da Embrapa participaram da reunião juntamente com os produtores e a gente foi seguindo os parâmetros de metodologia que a gente segue hoje, para definir de custos de produção”.