Saúde Itinerante atende pela primeira vez na Serra do Divisor

Equipe do Saúde Itinerante leva atendimento médico especializadp pela primeira vez até o Parque Nacional da Serra do Divisor (Sérgio Vale/Secom)

Equipe do Saúde Itinerante leva atendimento médico especializadp pela primeira vez até o Parque Nacional da Serra do Divisor (Sérgio Vale/Secom)

Região que concentra uma das maiores biodiversidades do planeta com variadas espécies da flora e da fauna, o Parque Nacional da Serra do Divisor está localizado no extremo oeste do Acre, aonde só se chega de barco. Foi nesse lugar majestoso e de rara beleza que o Programa Saúde Itinerante chegou pela primeira vez no último dia 29. Um verdadeiro feito que precisou de uma superestrutura para que a viagem, de mais de oito horas de “voadeira” até a primeira comunidade, fosse possível. Uma aventura partindo de Mâncio Lima pelo Rio Japiim em direção aos rios Môa e Azul para atender em duas comunidades.

Quatro “voadeiras”  levavam sete médicos, duas enfermeiras, assistente social, equipe de apoio, uma cozinheira, colchões, botijão de gás, panelas, água filtrada e mantimentos para garantir a alimentação de 15 pessoas (incluindo os barqueiros) durante três dias. Na bagagem, 50 tipos de medicamentos, aparelhos de ultrassom e eletrocardiograma, material para pequenas cirurgias e emergência, e oxímetro de pulso.

Quatro “voadeiras” levavam sete médicos, duas enfermeiras, assistente social, equipe de apoio, uma cozinheira, colchões, botijão de gás, panelas, água filtrada e mantimentos para garantir a alimentação de 15 pessoas durante três dias (Sérgio Vale/Secom)

Quatro “voadeiras” levavam sete médicos, duas enfermeiras, assistente social, equipe de apoio, uma cozinheira, colchões, botijão de gás, panelas, água filtrada e mantimentos para garantir a alimentação de 15 pessoas durante três dias (Sérgio Vale/Secom)

Os obstáculos do trajeto tornaram a viagem ainda mais emocionante e até preocupante, mas que em nenhum momento abateu a equipe, em sua maioria já acostumada com os imprevistos e improvisos que caracterizam o Saúde Itinerante pelas localidades de difícil acesso em que costuma atender.

Na partida, muita chuva, vento forte e o cronômetro ligado para chegar antes do anoitecer por causa da escuridão no rio. A correria, porém, não adiantou para o pessoal que ia na ambulancha e para uma dupla, cujo barco quebrou. A ambulancha conseguiu retornar ao porto, mas os ocupantes da “voadeira” não, e como não havia ninguém por perto para pedir ajuda, já que os outros barcos também retornaram, o jeito foi dormir lá mesmo, dentro da voadeira na beira do rio, ancorada em plena floresta.

Missão abortada para quem conseguiu voltar, e no dia seguinte bem cedo todos partiram novamente pelo Rio Japiim. Um trajeto em que se pôde admirar a beleza das infinitas espécies de plantas e árvores como a majestosa samaúma, pássaros como o maçarico de pernas longas e incrivelmente finas ou a pequena garça de bico azul. O infinito azul do céu traduzia a grandiosidade e a força da natureza.

Adversidades – a serra é o limite

A Serra do Divisor é um locais mais bonitos do território acreano (Sérgio Vale/Secom)

A Serra do Divisor é um dos locais mais bonitos do território acreano (Sérgio Vale/Secom)

Cerca de duas horas de viagem e eis que surge lá no alto do barranco a primeira comunidade, já no Rio Môa que também abriga duas etnias: Puyanawa e Nukini. As crianças acenam e fazem festa para os estranhos que vão passando. Seguindo viagem, uma pequena parada na Base do Exército para deixar uma tenente que encontramos durante a viagem com problemas no barco. O Destacamento Especial se estabeleceu ali em 2004 para fiscalizar a passagem de barcos na fronteira com o Peru e impedir o contrabando de drogas.

Nessa parada, mais um barco com defeito. Dessa vez todos ficaram juntos esperando o conserto. “Já fui com o Itinerante a locais de difícil acesso outras vezes, como no Rio Iaco, tribo indígena no Rio Gregório, no Rio Muru. É importante atender essas comunidades”, diz o ginecologista paulista George Umeoka, um dos preceptores do programa de residência médica de ginecologia do Hospital das Clínicas de Rio Branco e o mais antigo desse grupo no Itinerante.

“Eu me assustei com a quantidade de coisas que é necessário trazer numa viagem dessas. Só tive a dimensão da estrutura quando vi que levávamos um botijão de gás para fazer a nossa comida para não ter que usar o das comunidades”, diz outro ginecologista, professor e também preceptor, o paraense Alberto Soares, que acompanha pela primeira vez a missão do Itinerante em um lugar de difícil acesso.

Mesmo com todo o cansaço da viagem, rapidamente os médicos improvisam um consultório na varanda para atender, àquela hora, famílias que esperavam ansiosas pela chegada deles (Sérgio Vale/Secom)

Mesmo com todo o cansaço da viagem, rapidamente os médicos improvisam um consultório na varanda para atender, àquela hora, famílias que esperavam ansiosas pela chegada deles (Sérgio Vale/Secom)

Já é quase noite quando a comitiva chega à comunidade Pé de Serra, no Rio Azul, de onde se avista a neblina azulada no topo da majestosa e imensa Serra do Divisor, na divisa com o Peru. Todos arregaçam as mangas, tiram as bagagens dos barcos e dividem as salas da pequena escola Josefa de Queiróz em alojamentos para o grupo.

Mesmo com todo o cansaço da viagem, rapidamente os médicos improvisam um consultório na varanda para atender, àquela hora, famílias que esperavam ansiosas pela chegada deles, algumas vindas de barcos de outras comunidades próximas. “Soube que os médicos viriam para cá e estou aqui porque a gente só vê médico quando vai a Mâncio Lima ou quando vem algum da Saúde Indígena ou do Exército”, diz Fátima Araújo, 44, que mora com o marido e os oito filhos na região.

Enquanto os médicos atendem, a cozinheira faz o jantar e outros da equipe vão à procura de um lugar para tomar banho na beira do rio, num pequeno igarapé. O povoado que faz parte da comunidade Pé de Serra abriga seis famílias, mais de 30 pessoas num imenso terreno em que todos parecem ser uma só família.

Além da escola, há  uma igreja evangélica, onde se reúnem três vezes por semana, e um pequeno posto de saúde que faz basicamente curativos sem muita gravidade e oferta analgésicos. “Moro aqui desde que nasci, há 55 anos, e nunca fiquei um mês inteiro longe. Não quero morar em outro lugar. A saúde já foi mais difícil, e a vinda desses médicos foi uma ideia muito boa, todos aqui gostaram muito quando souberam pelo rádio”, diz Lauro Moreira da Silva, presidente da comunidade. Ele tem cinco filhos – quatro moram lá, e a filha, que se formou em pedagogia em Cruzeiro do Sul, é a diretora da escola.

Especialidades fazem a diferença na itinerância. E o improviso, também

O diferencial do Saúde Itinerante é que não são chamados apenas clínicos-gerais, mas especialistas de diversas áreas (Sérgio Vale/Secom)

O diferencial do Saúde Itinerante é que não são chamados apenas clínicos-gerais, mas especialistas de diversas áreas (Sérgio Vale/Secom)

De manhã cedo, correria na porta do banheiro, rápido café da manhã, e recomeçam os atendimentos. Sete médicos, seis especialidades: dois ginecologistas, um dermatologista, um cardiologista, um gastro, um psiquiatra e uma pediatra se dividem nos atendimentos. Mais duas enfermeiras e uma assistente social completam a equipe.

O diferencial do Saúde Itinerante é que não são chamados apenas clínicos-gerais, mas especialistas de diversas áreas. A necessidade existe para que possam fazer um diagnóstico correto dos casos e dar resolutividade ali mesmo, sem que o paciente tenha que se deslocar até a cidade, onde marcar consulta é mais demorado.

Para o atendimento improvisado, as “carteiras” da escola fazem o papel das mesas dos médicos. Duas pessoas preenchem as fichas dos pacientes e, de acordo com a queixa, os encaminham para o especialista correto (Sérgio Vale/Secom)

Para o atendimento improvisado, as “carteiras” da escola fazem o papel das mesas dos médicos. Duas pessoas preenchem as fichas dos pacientes e, de acordo com a queixa, os encaminham para o especialista correto (Sérgio Vale/Secom)

“Em outras viagens já atendi paciente com encaminhamento para cardiologia e quando fui avaliar não encontrei nada de errado. Suspeitei que o caso fosse de psiquiatria, e era. Diagnóstico: síndrome do pânico. Por isso o paciente sentia muita taquicardia e coisas afins, daí a importância de ter vários especialistas na itinerância”, avalia o cardiologista Renato Corrêia.

“O Itinerante já salvou muitas vidas. Em uma das viagens para Brasileia, encontramos três crianças com cardiopatias congênitas, mas que já saíram com o diagnóstico porque levamos o ecocardiograma. O bom é chegar com rapidez no problema”, diz a pediatra Vandeira da Silva, nascida em Acrelândia e com formação em Cuba.

A fila da criançada foi a maior. Mães com um, dois, três, quatro, cinco filhos, que, mesmo sem nenhuma doença aparente, passaram por avaliação (Sérgio Vale/Secom)

A fila da criançada foi a maior. Mães com um, dois, três, quatro, cinco filhos, que, mesmo sem nenhuma doença aparente, passaram por avaliação (Sérgio Vale/Secom)

Para o atendimento improvisado, as “carteiras” da escola fazem o papel das mesas dos médicos. Duas pessoas preenchem as fichas dos pacientes e, de acordo com a queixa, os encaminham para o especialista correto. Se necessário, o médico que atende encaminha para um dos outros especialistas.

A fila da criançada foi a maior. Mães com um, dois, três, quatro, cinco filhos, que, mesmo sem nenhuma doença aparente, passaram por avaliação. Felizmente nada de grave, apenas alguns resfriados e uma criança com catapora. No fim da consulta, um pirulito para alívio da garotada. “Nessa distância só a proteção divina para salvar a vida dessas pessoas, ainda mais no verão”, constata a doutora Vandeira.

O consultório de ginecologia e obstetrícia foi montado no posto de saúdem e por falta de uma mesa ginecológica para os exames, uma mesa comum foi improvisada em uma das salas. Na oportunidade as mulheres puderam fazer, além de consultas rotineiras, coleta para o exame do preventivo de colo do útero (PCCU), exame da mamam e as grávidas, o pré-natal, como Clívia de Souza, 19. Grávida de cinco meses, o médico pôde ouvir o coração de seu bebê com o sonar que ele levou na bagagem. Ela também aproveitou para consultar o filho de três anos com a pediatra.

Porém, no meio da tranquilidade, uma paciente indígena, da etnia Nukini, recebe indicação cirúrgica de histerectomia (retirada do útero). “Já passei meses com sangramento e dor na barriga, fiquei feliz porque agora sei o que tenho e vou fazer a cirurgia”, diz.

O Saúde Itinerante faz do atendimento ao diagnóstico e acompanhamento final. A assistente social do grupo, Lúcia Lima, é a responsável por levar os exames coletados para Mâncio Lima, a referência mais próxima. Se constatado algum problema, ela cobra dos gestores do hospital para que mandem buscar o paciente para o tratamento ou cirurgia na unidade.

Dedicação e espírito de equipe

Hora de levantar acampamento para chegar ainda durante o dia na Comunidade Bom Sossego. Todos ajudam a colocar as coisas de volta nos barcos, sem esquecer a panela com arroz fresquinho para o almoço que será… Bem, será em qualquer lugar no caminho.

Seguindo pelo Rio Azul, a mata é um pouco mais fechada, a sombra é maior e a temperatura, mais amena. O coração fica mais apertado toda vez que o barqueiro corta caminho pelo que chamam de “furo”, uma passagem superestreita próxima da selva e de onde se sente o forte cheiro do mato e a gritaria dos pássaros ecoa.

Durante todo o trajeto é possível ver várias igrejinhas espalhadas nas comunidades – pelo jeito, a única distração do lugar. As parabólicas também estão bem presentes, porque muitas comunidades possuem gerador de energia. A subsistência das famílias vem da agricultura, com o cultivo de arroz, feijão, café, milho, mandioca, a criação de aves e porcos para o próprio consumo e para a venda no mercado de Mâncio Lima. Muitos são analfabetos, outros estudaram nas escolas das comunidades ou foram estudar em Mâncio Lima ou mesmo em Cruzeiro do Sul, mas depois voltaram para suas casas. Se perguntar a algum deles se querem morar na cidade, a resposta vai ser negativa.

Mais uma curva e um dos barcos da equipe está ancorado no que mais parece uma “prainha”, de areia superbranca e fininha, uma espécie de porto de uma casa lá do alto do barranco. O barqueiro acena, explica que uma das peças do motor quebrou e precisa se ausentar para pedir ajuda. Sem alternativa, a turma pede ao dono da casa para cozinhar e aproveita para tomar um banho nas águas do Rio Môa. O pai, com 36 anos, e a mãe, com 30, vivem com seis dos sete filhos – a mais nova tem dois meses e a mais velha, de quatorze, mora com familiares em Mâncio Lima, para onde foi estudar.

“É uma experiência incrível ver que num lugar inóspito como esse as pessoas sobrevivem com o que têm, aproveitam aquilo de que dispõem e são felizes. É uma troca de experiência, um aprendizado. Quando estamos no hospital e atendemos uma pessoa que mora tão distante, procuramos resolver o caso dela o mais rápido possível porque sabemos do sacrifício que fez para estar ali”, reflete o psiquiatra Marcos Araripe.

Barco consertado, o próximo destino é o Bom Sossego, um assentamento do Incra onde vivem cerca de 40 famílias. O imenso terreiro de areia branca e muito limpo abriga as casas, um posto de saúde, uma escola e uma casa de farinha.

A noite já se aproxima e não é possível mais fazer atendimento porque o gerador de luz não funcionou. Mas, com uma lua daquelas, que precisa de um? Apressadas, as mulheres correm para a beira do rio tomar banho antes que anoiteça por completo. A água, deliciosamente gelada, convida para um banho demorado. Durante a noite, um pouco de conversa com os moradores, e, como se faz em locais sem energia elétrica, dormir cedo é a melhor alternativa.

Um dos ginecologistas, George Umeoka, aproveita o imenso espaço do quintal, coloca uma mesa e um banco e faz uma palestra ali mesmo sobre planejamento familiar e métodos contraceptivos (Sérgio Vale/Secom)

Um dos ginecologistas, George Umeoka, aproveita o imenso espaço do quintal, coloca uma mesa e um banco e faz uma palestra ali mesmo sobre planejamento familiar e métodos contraceptivos (Sérgio Vale/Secom)

Na manhã seguinte, a mesma correria. Banheiro, café da manhã e atendimento para a fila de gente que já se formava daquela e de várias comunidades próximas. De novo, o campeão de procura foi a pediatria. Por lá, passou um dos dois filhos de Idiene do Nascimento, uma bebê de dois meses. Idiene é filha da diretora da escola e agente comunitária, função que exerce aconselhando sobre planejamento familiar, necessidade do uso do hipoclorito na água para beber, e diz que quer se formar em “alguma coisa relacionada à saúde”. Segundo ela, nunca tinha visto tanto médico diferente (especialista) atendendo na comunidade.

Mais uma vez, o posto de saúde serve de consultório ginecológico. Um dos ginecologistas, George Umeoka, aproveita o imenso espaço do quintal, coloca uma mesa e um banco e faz uma palestra ali mesmo sobre planejamento familiar e métodos contraceptivos, enquanto o outro ginecologista atende no posto.

Na plateia, composta basicamente por mulheres, apenas um homem olha atentamente as explicações do médico. “Eu faria a cirurgia [de vasectomia] porque já tenho oito filhos”, diz Raimundo Silva, que saiu do Barro Vermelho, no Rio Azul, para receber atendimento. Ele conta ainda que essa distância já lhe custou caro – perdeu um filho de três anos porque não tinha barco para levá-lo ao hospital e quando conseguiu a criança faleceu antes de chegar à cidade.

Missão cumprida

Pessoas de várias comunidades aproveitaram a passagem dos médicos do Saúde Itinerante para realizar consultas e fazer exames (Sérgio Vale/Secom)
Pessoas de várias comunidades aproveitaram a passagem dos médicos do Saúde Itinerante para realizar consultas e fazer exames (Sérgio Vale/Secom)
Pessoas de várias comunidades aproveitaram a passagem dos médicos do Saúde Itinerante para realizar consultas e fazer exames (Sérgio Vale/Secom)

Pessoas de várias comunidades aproveitaram a passagem dos médicos do Saúde Itinerante para realizar consultas e fazer exames (Sérgio Vale/Secom)

Algumas horas depois, missão cumprida! Só resta almoçar, arrumar as bagagens novamente nos barcos e partir de volta para casa, já que, devido aos imprevistos com os barcos durante toda a viagem, não foi possível parar em outra comunidade que estava programada. “Não é difícil levar saúde de qualidade mesmo nessas condições adversas. Há muitas doenças não diagnosticadas, mas você tem que ser abnegado, tem que ser desprendido. O que move no Itinerante é levar a medicina a quem não tem acesso. Toda vez fico impressionado com a felicidade com que nos recebem”, alegra-se o gastroenterologista Diógenes Dantas, que está no Itinerante desde que chegou ao Acre, em 2006.

Para o dermatologista Leonardo Souza, também um dos mais antigos do grupo, esse trabalho é gratificante porque na cidade não é assim, não tem essa emoção nem gratidão pelo trabalho deles. “Tem gente que é atendido todo dia e ainda reclama, aqui é uma vez ou outra e te agradecem. Esse grupo que está aqui é quase fixo no Itinerante porque se ajuda, está pronto para o que der e vier, são pessoas entregues. Muitos já passaram pelo ‘Iti’ [como o programa é carinhosamente chamado pela equipe], mas poucos ficaram”, analisa.

“No início foi meio assustador, mas o barqueiro, experiente, nos acalmou. Já estou acostumada, porque no fim sempre dá certo e é recompensador trazer assistência para pessoas que moram tão isoladas”, diz a enfermeira paraibana Rosemary Arruda, uma das que dormiu na voadeira quando ela quebrou no primeiro dia de viagem e que está há oito anos no Itinerante.

“Nós nos agarramos em galhos com espinho para poder ancorar e não deixar a canoa cheia de medicamentos virar. Foi a viagem mais difícil que já fiz no Saúde Itinerante. Tínhamos medo de dar de cara com algum bicho, mas deu tudo certo. A gente faz uma revisão de valores”, diz Keila Nunes, a outra integrante da “voadeira” quebrada no primeiro dia.

Celene Maia, se emociona com o elogio dos profissionais que ela considera “da família (Sérgio Vale/Secom)

Celene Maia se emociona com o elogio dos profissionais, que ela considera da “família” (Sérgio Vale/Secom)

Unanimidade, a ponto de dizerem que se não fosse por ela provavelmente não aceitariam o trabalho. Considerada uma espécie de “mãezona” que brinca, participa, divide, agrega, mas que também não alivia quando tem que dar bronca, a coordenadora do programa, Celene Maia, se emociona com o elogio dos profissionais que ela considera “da família”.

“Mesmo com todas as dificuldades, o que fica é a unidade, o espírito de equipe. Você não vê nenhum médico e ninguém reclamando ou de mau-humor. É doação mesmo, solidariedade. O Saúde Itinerante é minha vida. Sinto-me querida e respeitada por eles”, diz, com a propriedade de quem está desde o início do programa, há mais de 11 anos, ainda como voluntária a convite do então senador e hoje governador Tião Viana.

Resultados

Nas duas comunidades atendidas, que também reuniram moradores de outras comunidades próximas, foram consultadas 241 pessoas, a maior parte em pediatria; 175 receitas foram expedidas e os medicamentos entregues lá mesmo (Sérgio Vale/Secom)

Nas duas comunidades atendidas, que também reuniram moradores de outras comunidades próximas, foram consultadas 241 pessoas, a maior parte em pediatria; 175 receitas foram expedidas e os medicamentos,entregues lá mesmo (Sérgio Vale/Secom)

Nas duas comunidades atendidas, que também reuniram moradores de outras comunidades próximas, foram consultadas 241 pessoas, a maior parte em pediatria; 175 receitas foram expedidas e os medicamentos entregues lá mesmo. Apenas uma paciente, com problema ginecológico, foi encaminhada para Cruzeiro do Sul.

“Muitas pessoas, inclusive profissionais de saúde, ainda tratam o Itinerante como uma coisa menor, não entendem a dimensão e o quanto faz diferença na vida das pessoas que moram em acessos difíceis. Sei do resultado do nosso trabalho porque sempre recebo cartas de agradecimento de pacientes. Isso é o que vale. Saúde Itinerante é isso aqui que estamos vendo: um sucesso”, finaliza Celene.

Lembrar a simplicidade, da resignação, da felicidade daquela gente vivendo num lugar tão distante, longe de tudo e de todos. Lembrar a beleza daquele lugar e o esforço e dedicação de todos os profissionais que se dispõem, se doam para essa ação, uma coisa é certa: ninguém volta a mesma pessoa de uma experiência dessas. Ninguém volta a mesma pessoa da Serra do Divisor.

O Parque

Com 837.555 hectares de área, o Parque Nacional da Serra do Divisor foi oficialmente criado pelo Decreto nº 97.839, de 16 de junho de 1989 (Sérgio Vale/Secom)

Com 837.555 hectares de área, o Parque Nacional da Serra do Divisor foi oficialmente criado pelo Decreto nº 97.839, de 16 de junho de 1989 (Sérgio Vale/Secom)

Com 837.555 hectares de área, o Parque Nacional da Serra do Divisor foi oficialmente criado pelo Decreto nº 97.839, de 16 de junho de 1989, como Unidade de Conservação com o objetivo de proteger e preservar amostra dos ecossistemas ali existentes, assegurando a preservação de seus recursos naturais, proporcionando oportunidades controladas para uso pelo público, educação e pesquisa científica. A execução de ações para proteção e fiscalização do lugar é do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

Saúde Itinerante – uma saúde sem fronteiras

O Saúde Itinerante já serviu até mesmo de modelo para outros Estados da Região Norte (Sérgio Vale/Secom)

O Saúde Itinerante já serviu até mesmo de modelo para outros Estados da Região Norte (Sérgio Vale/Secom)

O Programa Saúde Itinerante surgiu como um desafio em 1997, quando o médico infectologista e atual governador do Estado, Tião Viana, juntamente com uma equipe de profissionais, uniu-se para fazer um atendimento médico voluntário para a população acreana que reside no interior do Estado, especialmente aquelas de difícil acesso.

O programa, que é uma das ações da Secretaria de Estado de Saúde, existe oficialmente pelo Ministério da Saúde há 11 anos e desenvolve uma nova modalidade de cuidado, levando atendimento médico especializado e cirúrgico às populações residentes em todos os municípios acreanos, até os mais isolados e em locais com insuficiência da oferta assistencial. Seus propósitos ratificam os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), fundamentados na universalidade, integralidade e equidade, buscando uma estratégia de oferta de serviços em várias dimensões: promoção prevenção, cuidado, proteção, tratamento. Já serviu até mesmo de modelo para outros Estados da Região Norte, que pedem consultoria constantemente.

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