“Falar do Saúde Itinerante e não se emocionar é impossível, pois ao longo desses 16 anos nós ajudamos a salvar muitas vidas”, declara a enfermeira, fundadora e coordenadora do programa, Celene Maia.
Com 16 anos de sua implantação, o Saúde Itinerante já realizou 208.317 consultas médicas especializadas, garantindo equidade no acesso com cobertura universal e gratuita, levando mais qualidade de vida a populações de difícil acesso do Acre.
O programa, criado em 2010, foi idealizado e oficializado pelo governador Tião Viana, que na época ocupava o cargo de senador.
Sempre preocupado em garantir e aprimorar a saúde no estado, ele participou ativamente das ações e resultados do programa ao longo dos anos.
“Sempre falo para a comunidade que só é possível a nossa chegada com comprometimento e o envolvimento dos nossos gestores. Tião Viana foi quem idealizou e possibilitou o programa por meio de emendas, e até hoje nos apoia. Contamos atualmente com o ajuda da vice-governadora Nazareth Araújo”, explica a coordenadora.
Celene completa: “Para nós, que trabalhamos no programa, é um grande aprendizado. Quem participa é com a alma e coração de poder ajudar tanta gente e vivenciar o local onde as pessoas moram e ver o agradecimento dessas pessoas quando chegamos à comunidade”.
Perto de quem precisa
Sandriele Cavalcante, 24 anos, é uma das pacientes que já foi atendida pelo programa na edição realizada este ano, no Complexo de Florestas Estaduais do Rio Gregório, entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul. Ela contou em entrevista que, acompanhada por outras pessoas das comunidades Estirão do Arraial e Boca da Saudade, ao longo do Rio Acurauá, passaram por uma jornada de um dia e meio para ir ao local dos atendimentos.
“A caminhada foi muito difícil. A gente vem porque realmente tem necessidade de um atendimento de saúde com mais qualidade e dignidade”, explica Sandriele Cavalcante.
Atualmente o programa já alcançou os 22 municípios, atendendo todas as comunidades ribeirinhas e de difícil acesso do estado, onde já foram realizados 26.365 exames laboratoriais e 46.606 procedimentos e exames diagnósticos, sendo 18.623 Preventivos de Câncer de Colo do Útero (PCCU), 18.110 ultrassonografias, 1.293 endoscopias digestivas altas, 5.971 eletrocardiogramas, 564 ecocardiogramas e 949 colposcopias.
Desde 2015, os atendimentos ganharam a participação do projeto Mulher Cidadã, que é coordenado pelo gabinete da vice-governadora Nazareth Araújo, com a parceria das secretarias de Saúde (Sesacre), de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres), de Articulação Institucional (SAI), de Segurança Pública (Sesp) e também da Defensoria Pública.
Diretrizes do Programa
Com o objetivo de garantir atendimento médico especializado e cirúrgico, o Saúde Itinerante tem suas ações pautadas no controle e regulação, atendendo às populações residentes nos municípios isolados, de difícil acesso e em locais com insuficiência da oferta assistencial, proporcionando uma modalidade de saúde com ênfase na resolutividade e continuidade da assistência.
O planejamento das ações é baseado nos indicadores de saúde de cada município, atendendo comunidades isoladas, com necessidades de atenção especializada à saúde, que são reguladas pela unidade básica local, observando o que está estabelecido no Plano Diretor de Regionalização (PDR) e as peculiaridades de cada um.
Os locais de atendimento são definidos de acordo com a articulação com as redes de atenção local, evitando a compartimentação de ações e a busca espontânea de atendimento. Os atendimento têm duração média de dois a três dias e ocorrem em sua maioria nos fins de semana.
A equipe do programa é composta por médicos, biomédicos, assistentes sociais, enfermeiros, técnicos em enfermagem e equipe de apoio.
As especialidades médicas são cardiologia, cardiopediatria, cirurgia-geral, clínica-geral, dermatologia, gastroclínico, geriatria, ginecologia, hematologia, infectologia, neurologia, oftalmologia, oncologia, ortopedia, otorrinolaringologia, pediatria, psiquiatria, reumatologia, ultrassonografia e urologia.
Prioridades do Programa
– Trabalho orientado pelo elemento fundamental que é o acesso universal de forma integral, levando em consideração as diversas particularidades e especificidades de indivíduos e populações;
– Introduzir novas práticas, novos instrumentos, novas maneiras de realizar atenção à saúde, com baixo custo, de forma mais integrada, eficiente e equitativa.
– Garantia da continuidade do tratamento e a coordenação do cuidado, buscando a inclusão do usuário em outras políticas públicas de direito (educação, assistência social, habitação).