A secretária de Estado de Saúde do Acre, Mônica Feres Kanaan Machado, participou nesta segunda-feira, 8, do programa “Fale com o governador”, transmitido pela Rádio Aldeia, quando prestou esclarecimentos sobre os pontos mais questionados, complicados e polêmicos a serem enfrentados durante a sua gestão.
Há pouco mais de um mês à frente da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), Mônica Machado e sua equipe realizaram análises, estabeleceram estratégias e montaram um cronogramas de mudanças necessárias no setor.
Durante a programação, a titular da Sesacre foi questionada e abordou diversos pontos, além de ter respondido perguntas feitas pelos internautas e ouvintes do programa. Confira os tópicos principais da entrevista:
Levantamento de problemas
“Nós passamos esse tempo recolhendo e analisando dados, fazendo um levantamento do patrimônio e das farmácias, os patrimônios para tentarmos sanar os problemas, como falta de remédios e outros. Existe muito material desvalorizado, jogado, materiais sucateados, os quais já está estamos colocando para funcionar. A gente fica muito triste com situações de descasos assim, porque tem um valor importante para a assistência e saúde, e um valor numerário também porque foi comprado com o imposto dos cidadãos”.
Carga horária dos médicos
“Tudo é questão de organizar. Em relação aos médicos, nenhuma conduta está sendo imposta. Eu como médica, estou me reunindo com todas as grandes áreas: pediatria, cirurgia. Hoje à noite estarei me reunindo com a ortopedia. Estamos fazendo um trabalho conjunto. Nessas reuniões, fazemos um levantamento da carga horária do médico e estamos montando os serviços, porque… O que acontece? Os médicos estão isolados. Eles têm pequenas cargas horárias em várias unidades. Ele não se encontram dentro de um serviço e para fazer uma boa medicina você tem que estar inserido ali dentro, ter a sua equipe. Isso dá uma qualidade no trabalho. Estamos redistribuindo a carga horária dos médicos, montando as equipes dentro das unidades, e ali eles vão se organizar para fazer toda a cobertura, desde o atendimento de ponta, até uma cirurgia. Nós temos muitos médicos bons e comprometidos com a situação, e é preciso que trabalhem em conformidade com a nossa gestão, para que a saúde caminhe”.
Mutirões de cirurgias
Vamos ter as equipes dos hospitais funcionando? Sim. Algum município que não tenha uma equipe, que não está funcionando e, que realmente tenha uma demanda reprimida, aí é que a gente vai estruturar um mutirão. Haveremos de concordar que mutirão atrás de mutirão evidencia uma lacuna que não está sendo preenchida no dia a dia. Aqui em Rio Branco isso é inaceitável. Nos municípios, estamos estudando quando que vai ser feito, e o que precisa, principalmente o por quê de não ter sido feito antes”.
Hospital de Saúde Mental do Acre
“Na semana passada estivemos na unidade. Ali, temos que mexer em tudo: estrutura, equipamentos, equipe de profissionais. O Hosmac é uma prioridade e está dentro do plano de ação da saúde.
Municipalização da saúde
Vamos estabelecer um contato diário com os secretários de saúde dos municípios para apurar informações do que é necessário para a saúde primária funcionar para, então, prosseguir com a municipalização da saúde, de forma que não onere ao cidadão e nem ao município. Nós vamos fazer um intercâmbio diário com todos os secretários de saúde dos municípios, vamos ouvir suas mazelas, tudo o que eles precisam para fazer funcionar. A pergunta que faço: o que você precisa para funcionar? Não me diga que não pode, ou que não tem como, só me diga o que precisa para funcionar. O Estado está para apoiar, não para absorver o trabalho do município”.
Processo de municipalização
“Está tudo dentro do Sistema Único de Saúde. Como o nome já diz, é um sistema único. A saúde tem um fluxo que precisa acontecer. O Ministério Público já colocou em pauta essa questão da municipalização da saúde e tem que ser feito porque a gente não tem que ser diferente do restante do país. É um sistema único”. Não é uma questão só para a prefeitura de Rio Branco. É um sistema de municipalização do Estado, não é privilégio da prefeitura de Rio Branco ou de algum dos outros vinte e um municípios. Tudo está sendo feito com muito respeito às pessoas, pois o sistema é feito de pessoas para pessoas. Ninguém vai entregar a UPA e dizer: ‘pega, toma conta da sua UPA, toma conta do seu posto, que eu não coloco mais nada’. Isso não existe. Atualmente, temos um fluxo totalmente caótico: o paciente entra no Sistema de Saúde pelo Pronto Socorro. Isso não deveria acontecer, pois o paciente deveria chegar lá encaminhado, se necessário, do Posto de Saúde ou da UPA”. A maioria das pessoas que chega ao Pronto Socorro é casos de atenção primária. O paciente está tão desassistido dessa atenção primária que ele acaba indo para o Pronto Socorro. Não tem lógica”.
Faturamento do SUS
“O Sistema Único de Saúde tem as normas. Tem verba que vai do Ministério da Saúde para o município, aquela equipe de médico, enfermeiro, técnico, sem passar pelo estado, mas não recebe. Por que? Porque a maioria não informa, não compõe novas unidades. O SUS é assim: está previsto? Eu fiz? Informei que eu fiz? Pronto. O dinheiro está na conta. Está sistematizado. É complicado? Não sabe faturar? Não sabe entrar no sistema? A gente vai ensinar. Vamos ensinar o caminho das pedras para cada município conseguir fazer uma boa saúde para as pessoas”.
Prontuário eletrônico
“Atualmente, as unidades não se conversam sobre as informações dos pacientes. Esse mês, a equipe de tecnologia da informação e eu estamos estudando o melhor sistema de prontuário eletrônico. Dentro desse sistema a gente vai conversar com os municípios e com os hospitais de alta complexidade para paciente ser um só dentro do fluxograma, dentro da linha do Sistema Único de Saúde. Além disso, teremos todas a informações sobre medicação, farmácia, faturamento, para que não percamos mais tantos recursos, tanto dinheiro que vem para os nossos programas. O nosso organograma já saiu e estamos implantando o Sistema Eletrônico de Informação (SEI), o ponto eletrônico, que também conversa com a parte de recursos humanos, e também com a regulação. Então, isso vem para colaborar com a dinâmica e otimizar o tempo e que o paciente não demore a ser atendido se ele precisar sair de uma unidade para outra.