A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) promove durante o mês de agosto a campanha de conscientização a respeito do câncer de linfomas. A doença é decorrente da ação dos linfócitos fazendo o contrário de sua função [que seria proteger contra vírus, bactérias e outros perigos], tornando-se uma célula maligna, que, ao se multiplicar, ataca o sistema linfático.
Em abril desse ano, a criadora de conteúdo digital Maxine Silva foi diagnosticada com a doença. Após identificar o nódulo acima da clavícula, aguardou entre quatro e cinco dias avaliando se o gânglio se dissiparia como uma íngua inflamada ou se tratava de alguma anormalidade.
Com a permanência do inchaço rígido na região do tórax, ainda que sem apresentar outros sintomas, foi em busca de exames que trouxessem um diagnóstico. Com direcionamento médico, passou por exame de ultrassom, tomografia e, por fim, de biopsia.
“Fui na consulta com o médico de cabeça e pescoço, fiz a biopsia e logo saiu o resultado. Acho que em 20 dias já tivemos o resultado da biópsia que confirmava que era um linfoma”, relembrou.
Os linfomas surgem com mais frequência na região do pescoço e na região do tórax, denominada mediastino. Porém, todas as áreas do corpo devem ser monitoradas no surgimento de ínguas (gânglios), ainda que indolores. Outros sintomas que devem ser considerados são: febre, sudorese noturna, cansaço excessivo, perda de peso, sensação de saciedade e náuseas.
São divididos em dois grupos: linfomas de Hodgkin e os linfomas não-Hodgkin, e se diferenciam na forma como se espalham pelo corpo, sendo um de modo ordenado e outro não, apresentando não só comportamentos diferentes como sinais e gravidade.
A detecção precoce do quadro é importante para a maior chance de cura e eficiência do tratamento, que são viabilizadas com exame clínico, laboratoriais ou radiológicos. Já nos casos agravados, o diagnóstico é feito por meio de biópsia na região afetada, com auxílio de outros exames, como tomografia computadorizada e Pet-CT, que possibilitam a compreensão da extensão da doença.
Segundo Maxine, ao detectar a doença, escolheu resignificar esse processo e encarar a situação focando nas alternativas de tratamento, reforçando sua espiritualidade e compartilhando desse momento delicado com sua rede de apoio.
“Falo sempre que quando compartilhamos o fardo, ele fica mais leve. Então, eu escolhi compartilhar com as pessoas que estão próximas a mim. Não preciso carregar isso sozinha, e sozinhos, acho que não chegamos em lugar nenhum mesmo. Acredito que o principal de tudo é entender que diagnóstico não é sentença. Temos tendência a trazer a imagem de que a pessoa que está passando por isso tá muito mal, por conta do cenário de quadros terminais, mas não paramos para observar quantas se curam, sabe? E no real é nisso que temos que nos apegar”, afirmou.
De acordo com o médico oncohematologista da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia do Acre (Unacon), Leonardo Assad Lomonaco, alguns aspectos devem ser analisados na detecção da doença.
“O aparecimento de gânglios que se mantêm entre quatro a seis semanas deve ser avaliado, o que não significa que haverá uma remoção do gânglio imediatamente. Após a constatação por meio de exames médicos, é definida a necessidade da biópsia ou de outro método de tratamento. Quanto mais rápido tiver esse diagnóstico, mais rápido pode-se traçar uma conduta de tratamento”, acrescentou.
Entre os tratamentos comuns estão o de quimioterapia, com o uso de medicamentos que matam as células cancerígenas ou impedem o seu crescimento; a de radioterapia, que utiliza radiação de alta energia para destruir células cancerígenas, e a imunoterapia, que auxilia o sistema imunológico, com medicamentos que reconhecem e atacam as células cancerígenas.
“O tratamento existe e está aí. Viva o SUS! Nós temos um bom hospital, com uma equipe médica incrível. Sentiu alguma coisa diferente? Procura um médico, vai atrás de saber o que tá acontecendo. A fé vem junto com a ação. A vida é curta e a gente quer viver. Discordo de quem fala que se tiver alguma coisa, prefere nem descobrir. Descubra sim, faça exames, faça tratamento, porque enquanto temos vida, precisamos também ter esperança de que tudo vai ficar bem”, reforçou Maxine, que já se encontra no processo de tratamento.
A campanha do Agosto Verde Claro, instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), busca não só informar para a educação da população, mas para a viabilização do diagnóstico precoce e da eficácia no combate à doença, assim como a orientação sobre opções de tratamento e recursos disponíveis. Ao apresentar sinais suspeitos, os pacientes que buscam por atendimento podem se direcionar à unidade de saúde mais próxima e, dependendo do quadro clínico, será encaminhado para exames complementares na Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre) e para tratamento na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia do Acre (Unacon).