Saúde do Acre intensifica monitoramento de doenças e alerta a população sobre medidas preventivas durante período de enchentes

O estado do Acre enfrenta sazonalmente alagamentos devido à elevação do nível dos rios, principalmente durante a temporada de chuvas. Contudo, em 2025, o cenário apresenta um alívio para a população. De acordo com o monitoramento hidrometeorológico divulgado na quinta-feira, 27, as plataformas localizadas na Bacia do Rio Acre registraram uma redução no nível da água, não havendo registros significativos de chuvas nas últimas 24 horas. Apesar dessa boa notícia, os municípios de Porto Acre, Plácido de Castro e Cruzeiro do Sul permanecem em alerta devido ao nível elevado dos rios, enquanto a Defesa Civil da capital já iniciou o processo de limpeza de nove bairros atingidos pela enchente.

Embora o cenário geral seja de diminuição das enchentes, a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), por meio da Vigilância em Saúde, segue monitorando de perto as doenças comuns em períodos de alagamento.

Entre as principais preocupações estão aquelas transmitidas por água contaminada e por mosquitos. Entre as infecções mais recorrentes estão a leptospirose, causada pela bactéria Leptospira; a dengue, zika e chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti; e doenças gastrointestinais como a diarreia infecciosa e hepatite A transmitidas por alimentos ou água contaminados. O ambiente úmido também favorece o surgimento de micoses e dermatites de contato, além de infecções respiratórias causadas pela proliferação de fungos e bactérias.

Subida das águas também traz o risco de doenças. Foto: Josciney Bastos/Secom

Leptospirose: causas e sintomas

A leptospirose, uma das principais doenças de preocupação durante os alagamentos, é causada por uma bactéria transmitida por meio do contato com água ou lama contaminada pela urina de animais, especialmente roedores. A infecção pode ocorrer quando as pessoas entram em contato direto com a esses fluidos ou com resíduos deixados pelas enchentes, aumentando o risco de contaminação.

Os sintomas da leptospirose podem variar, mas geralmente incluem dor na panturrilha, febre, dor de cabeça, dores musculares, calafrios, náuseas e, em casos mais graves, pode evoluir para insuficiência renal, hemorragias ou meningite. A doença pode ser fatal se não tratada adequadamente.

Tratamento e diagnóstico

De acordo com Victor Mattos, chefe do Núcleo de Zoonoses da Sesacre, embora a alagação deste ano não tenha surpreendido a população como em outros anos, a vigilância segue atenta, especialmente no momento da limpeza das áreas afetadas. Embora o contato com a água contaminada tenha sido menor, o retorno das pessoas para suas casas e o contato com a lama residual aumentam o risco de infecção.
“Vale ressaltar que o tempo de incubação da Leptospirose é de 7 a 14 dias, podendo chegar a até 30 dias, o que significa que um aumento de casos ainda pode ocorrer, mas a vigilância permanece atenta”, garantiu.

O tratamento da leptospirose deve ser iniciado ainda na suspeita clínica, devido à diversidade de diagnósticos diferenciais que podem complicar a identificação da doença, como dengue e outras viroses. A primeira abordagem terapêutica envolve a administração de antibióticos de amplo espectro, como a penicilina ou a doxiciclina, para combater a bactéria leptospira. O diagnóstico definitivo é feito com o Teste de Microaglutinação (MAT), que confirma a presença da bactéria e é utilizado para distinguir entre casos suspeitos e confirmados. Porém, esse teste leva alguns dias para ser realizado, então o tratamento com antibióticos é iniciado assim que houver suspeita clínica de leptospirose.

Orientações à população

A Vigilância em Saúde orienta a população a seguir algumas medidas preventivas, principalmente durante o processo de limpeza das áreas afetadas pelas enchentes. A Vigilância em Saúde orienta a população a adotar as seguintes medidas preventivas durante a limpeza das áreas afetadas pelas enchentes:
• Uso de equipamentos de proteção: é essencial utilizar luvas, botas e roupas de manga longa para evitar o contato com a lama e áreas contaminadas;
• Reforço na higiene pessoal: lavar bem as mãos antes de ingerir alimentos e após o contato com áreas alagadas;
• Manejo adequado de alimentos: armazenar corretamente os alimentos e garantir a limpeza dos ambientes;
• Descarte correto de lixo: evitar o acúmulo de resíduos, que podem se tornar focos de doenças.
• Uso de água potável: Filtrar, ferver ou clorar a água consumida, com hipoclorito de sódio a 2,5% (adicionando 2 gotas do produto para cada litro d’água e aguardando 30 minutos), pois a água das enchentes pode estar contaminada.
• Desinfecção de ambientes: utilizar água sanitária para garantir a desinfecção adequada dos espaços.
Essas medidas são essenciais para minimizar os riscos de infecções e garantir a saúde da população durante este período crítico.

A Vigilância em Saúde continuará monitorando a situação e alertando a população sobre qualquer novo desenvolvimento, especialmente em relação ao aumento de casos de leptospirose e outras doenças relacionadas às enchentes. A colaboração de todos é essencial para evitar a propagação de doenças e garantir a saúde de todos durante o processo de recuperação pós-alagamento.

Marcos Malveira, coordenador do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) da Sesacre. Foto: cedida

“É essencial que a população adote medidas preventivas rigorosas para evitar o contágio da leptospirose, além de outras doenças comuns nesse período, como hepatite A, tétano e arboviroses”, afirmou Marcos Malveira, coordenador do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) da Sesacre.

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