A Secretaria de Estado da Saúde do Acre (Sesacre) vai mudar o funcionamento das unidades de Saúde, dos centros especializados, hospitais e do Pronto Socorro de Rio Branco, com o objetivo de eliminar os entraves que emperram a pasta e causam deficiência no atendimento à população há mais de 20 anos.
“As pessoas [os servidores] não faziam Saúde para as outras. A carreira desses profissionais está deteriorada e eles estão desestimulados. E esse pessimismo é hoje o fator principal para que o SUS [Sistema Único de Saúde] não funcione”, afirmou a titular da pasta, a secretária Mônica Kanaan, em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira, na Casa Civil.
Há um mês à frente da pasta, Kanaan ressaltou que é preciso que o funcionalismo tenha conhecimento do fluxo de trabalho para que o sistema volte a funcionar plenamente.
“Procurei conhecer os locais, todas as unidades, mas sempre focada nas pessoas. E o SUS, que não funciona, é a nossa receita do bolo, por onde deve passar todas as normativas. Ele só vai funcionar com o trabalho em equipe”, diz a secretária, que para implantar as melhorias, chamou para trabalhar ao seu lado, dois coronéis da reserva do Exército Brasileiro especialistas em administração.
O Acre é o único estado em que as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) são administradas pelo Estado. E Isso sobrecarrega muito com a Fundação Hospitalar, segundo Mônica Kanaan. Por isso, a ideia é que a população tenha o que ela classifica de referência médica, sabendo que pode ser atendida primeiro pelos agentes de saúde no seu bairro, e depois se dirigindo aos centros de média e de alta complexidade, se for o caso, sem atropelar esse fluxo.
O objetivo é que no retorno do atendimento, a pessoa não vá mais à alta complexidade, mas sim à baixa. “Queremos que o paciente procure a UPA e, se for algo mais grave, aí sim, ele vá ao Pronto Socorro. A UPA seria a entrada do paciente. Mas isso acontece? Não. Esse fluxo está deixando o paciente ir direto para o PS”, explica ela.
Há uma semana, a secretária assinou portaria instituindo três comissões, sendo uma para levantar dados estratégicos, outra para analisar contratos, e a terceira, para obter dados de patrimônio. “Estamos na fase de levantamentos de dados e vamos conversar com todas as unidades, fixando a carga horária de cada trabalhador, de modo que o médico, por exemplo, tome conta de seus pacientes de verdade”.