A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) alerta sobre o aumento de doenças cardiovasculares, entre elas o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC), que são a causa principal de morte no mundo, responsáveis por 17,3 milhões de mortes por ano, podendo ultrapassar os 23 milhões de óbitos em 2030. Paralelo a isso, a Revista Brasileira de Hipertensão de 2017 documentou que, no Brasil, a hipertensão arterial atinge cerca de 36 milhões de indivíduos adultos e é responsável direta ou indiretamente por um número elevado de mortes de idosos, além da alta frequência de internações que impacta economicamente a saúde pública.
Ludhmila Hajjar, diretora da Sociedade Brasileira de Cardiologia, relata que, na pandemia, as pessoas que já sofriam com doenças do coração tiveram uma maior probabilidade de desenvolver a infecção pelo novo coronavírus de maneira mais grave e com o risco de morte três vezes maior, pois ele pode afetar qualquer estrutura do sistema cardiovascular.
As doenças cardiovasculares podem acontecer em qualquer idade. Nesse sentido, a hipertensão, doença silenciosa que afeta uma parte considerável da população, pode ser monitorada na própria residência por meio de aparelho adequado. O controle da pressão arterial tem o objetivo de prevenir as ocorrências de um AVC, que apresenta sintomas como dormência na face, braços ou pernas, especialmente em um lado do corpo, dificuldade para falar ou para entender, dificuldade para enxergar e andar, além da dor de cabeça intensa sem causa aparente.
Em 2019, Danilo Feliciano de Moraes, filho mais velho do ex-lateral Cafu, foi vítima de infarto aos 30 anos, o rapaz jogava futebol quando teve o ataque cardíaco. É cada vez mais frequente o aparecimento de problemas cardíacos na juventude. Por isso, associar complicações cardíacas somente aos idosos não é mais um fato exato.
A diabetes e obesidade são fatores de risco que intensificam as complicações da aterosclerose, que é uma inflamação das artérias do coração devido ao acúmulo de gordura. Além disso, o fumo e a falta de atividade física colaboram para agravar o quadro clínico que pode comprometer outros órgãos do organismo. Portanto, o enfrentamento às doenças cardiovasculares depende de medidas, como as práticas de atividades físicas regulares e uma dieta equilibrada. Essas recomendações tornam o coração mais saudável.
A bomba que todo ser humano precisa é o coração. Ele bate, em média, 100 mil vezes por dia, ou quase 3 bilhões de batimentos em toda a vida de uma pessoa. Mas, e quando ele não funciona normalmente? Geralmente, os alimentos são responsáveis por alterar e afetar a dinâmica regular de um coração, logo, não abusar do sal e da gordura é uma dica simples e possível de ser realizada.
Com o avanço da medicina, atualmente é possível identificar já no útero da gestante se o bebê poderá ter alguma alteração no coração, a chamada cardiopatia congênita. Essa anomalia pode ser diagnosticada, preferencialmente em torno da 28ª semana de idade gestacional, por meio de um exame de ultrassonografia conhecido como ecocardiograma fetal.
A cardiopatia pode ser congênita ou adquirida, mas quando é congênita significa dizer que houve alguma má-formação na estrutura e função do coração do feto. Na infância, é importante suspeitar se a criança tem alguma doença cardíaca. Frequentemente, há comportamentos que alertam sobre a condição de saúde da criança, tais como o cansaço excessivo em momentos de lazer, baixo ganho de peso, desmaios, palidez ou cianose (pele arroxeada), dor no peito.
Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que nasçam todo ano no Brasil aproximadamente 30 mil crianças com cardiopatia congênita, tendo em vista a taxa de incidência estimada em 1 caso a cada 100 nascidos vivos. Na rede pública de saúde foi lançado em julho de 2017 um monitoramento acerca do Plano Nacional de Assistência à Criança com Cardiopatia Congênita. Ele visa integrar todos os níveis de atenção, no âmbito do SUS, a fim de promover uma ampliação do acesso ao diagnóstico do pré-natal, neonatal, transporte seguro de recém-nascidos e crianças cardiopatas, assistência cirúrgica e assistência multidisciplinar.
Acompanhamento nas unidades de Rio Branco
Em Rio Branco, a instituição responsável pelos acompanhamentos das doenças cardiovasculares é a Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre), que possui no serviço ambulatorial a especialidade de cardiologia, dentre elas a cardiologia pediatra, que tem exercido um papel importante no diagnóstico e tratamento de crianças com problemas no coração.
Ricardo Batista Ribera, médico especializado em cardiopatias congênitas, foi o pioneiro na cardiologia pediátrica no Acre e atua há 15 anos no estado. O médico é responsável pelo acompanhamento de todas as crianças cardiopatas internadas no Hospital da Criança, incluindo aquelas que têm febre reumática ou que estão aguardando para realizar as cirurgias.
Nesse contexto, a doutora em Saúde Pública, Melissa Vieira, declarou que “o ecocardiograma fetal é um exame salvador de vidas, pois permite que as más-formações cardíacas sejam visualizadas ainda durante o período da gravidez. Isso possibilita que o bebê nasça em local com infraestrutura adequada. O exame é seguro, livre de radiação e todo bebê merece ter a chance do diagnóstico de cardiopatia congênita, pois é a principal ferramenta de proteção às crianças cardiopatas”.
A doutora Melissa Chaves Vieira Ribera atua na Fundhacre há 12 anos. Na semana do dia 10 de setembro, a cardiologista pediatra examinou um dos gêmeos de Bruna de Aguiar Mariano Fiesca, o bebê com 1 ano e 3 meses estava com uma grave arritmia.
Bruna comentou que “se o filho não recebesse o choque no coração no dia do atendimento ele estaria morto”. Nessa perspectiva, graças ao exame a que foi submetido, embora esteja internado no Hospital da Criança, o bebê está bem, e será encaminhado para a realização de uma cirurgia cardíaca para correção da sua cardiopatia.
Nesse sentido, a médica com especialização em cardiologia pediatra, Larissa Mezerhane, também atua na Fundação Hospitalar e atende crianças e recém-nascidos com complicações cardíacas. Na quarta-feira, 23 de setembro, a médica examinou a filha de Ana Paula da Silva Mariano. A menina tem 4 anos, e foi diagnosticada com não compactação do miocárdio, como salienta Melissa Vieira “é uma doença no músculo cardíaco que faz com que ele tenha espaços vazios, o que atrapalha a sua força de contração, ou seja, o torna mais fraco e com riscos de arritmias”. A criança retornará em 6 meses para acompanhamento.