Saúde alerta para os cuidados com o autoteste de HIV disponível em farmácias

Praticidade, discrição e rapidez no resultado. Na teoria, o autoteste para detectar a presença do vírus HIV no organismo, já à venda nas farmácias de Rio Branco, não é muito diferente do teste rápido ofertado na rede pública de saúde – sendo que este tem como garantia o acompanhamento de um profissional de saúde e a gratuidade pelo SUS.

O Brasil é o primeiro país da América Latina e Caribe a disponibilizar o autoteste em farmácias. Em Rio Branco, o produto está disponível desde julho do ano passado. Durante todo esse período, apenas um kit foi vendido em uma das redes de farmácias que vende o autoteste na capital.

“Acredito que a baixa procura pelo autoteste seja pela timidez, pois muita gente sente vergonha de comprar até camisinha, imagina se vai ter coragem de pedir no balcão de farmácia um teste de HIV. Mas a opção é uma boa alternativa para quem não tem tempo de procurar um hospital ou uma unidade de saúde para fazer o exame”, analisa o responsável pelo estoque de medicamentos da Farmácia do Consumidor na Avenida Ceará, Kássio Murilo.

Com divergência de opiniões, o autoteste rápido de HIV, batizado como Action, é destinado ao público em geral, sem nenhum tipo de prescrição.

O kit custa 80 reais e conta com um dispositivo de teste, o líquido reagente, uma lanceta especifica para furar dedos, um sache de álcool e um tubinho para coletar o sangue. A testagem produz resultado em até 20 minutos após o sangue entrar em contato com o reagente.

Para o diretor da Divisão de Infecções Sexualmente Transmissíveis IST/Aids e Hepatites Virais da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), Nelson Guedes, para fins comerciais a venda do produto nas farmácias é bom, uma vez que aumenta a capacidade de diagnóstico do vírus, mas é preciso cuidado, pois o processo envolve outras questões, como janela imunológica e o estado psicológico de quem está fazendo o teste em casa.

“O que se precisa entender é que o autoteste de farmácia não é confirmatório. Porque o diagnóstico em caso de positivo, vai precisar ser confirmado em um laboratório, seja particular ou na rede pública. A preocupação é saber que existe a janela imunológica, que é o período entre a infecção e a produção de anticorpos pelo organismo contra o HIV suficientes para serem detectados pelos testes, e também se essa pessoa que está fazendo o teste está preparada psicologicamente para enfrentar sozinha um diagnóstico reagente”, observa.

Guedes explica que existe uma equipe multidisciplinar na rede pública preparada para acolher esse paciente, com orientações necessárias para a realização do teste rápido para HIV, entre outras doenças sexualmente transmissíveis. “A pessoa que chega ao balcão de farmácia ela só vai pedir o autoteste, dificilmente vai ter alguma orientação. Por isso, nós, coordenadores do Norte, temos um pensamento diferenciado do que o Ministério da Saúde preconiza. A ampliação da cobertura diagnóstica é algo positivo, mas precisamos olhar para o processo como um todo”, finaliza.

O teste disponível nas farmácias tem 99,9% de precisão, lembrando que só detecta a presença do HIV ao menos 30 dias após a relação sexual em que houve a transmissão. Antes disso, o resultado pode apresentar um falso negativo, sendo recomendável repetir o teste mais vezes, 30 e 120 dias depois. Se for positivo, é recomendado fazer um exame de sangue mais elaborado para a confirmação, com acompanhamento profissional e, posteriormente, o início ao tratamento.

Acesso ao teste rápido na rede pública

Recentemente, como forma de ampliar o diagnóstico na rede pública, o governo do Estado, por meio da Sesacre, instituiu portaria para potencializar testes rápidos para a detecção de hiv, hepatites virais e sífilis na atenção primária e nas unidades hospitalares de todo estado. O documento, publicado no dia 21 de fevereiro, visa facilitar e desburocratizar o diagnóstico a essas doenças, além de facilitar o acesso e a resposta rápida no resultado desses exames.

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