No último sábado, 25, a secretária de Estado de Saúde, Suely Melo, esteve em Santa Rosa do Purus, distante 850 quilômetros da capital Rio Branco, para acompanhar a situação do hospital que está em reforma e a assistência às vítimas da enchente do Rio Acre. Metade do município, que tem cerca de 5 mil habitantes, foi atingida: 25% na zona urbana e 25% na zona rural indígena estão ainda mais castigadas devido ao isolamento. Cerca de 1.700 pessoas ficaram desabrigadas.
Suely Melo se reuniu com a secretária de Saúde do município, Francisca da Silva, o prefeito José Brasil, bombeiros, responsáveis pela saúde indígena e funcionários do hospital. Também estiveram presentes a médica enviada pela Força Nacional do SUS e a equipe do Samu que embarcou com a secretária para treinar pessoal e montar as salas de emergência. Ela ouviu de todos as necessidades para que o novo hospital funcione com qualidade. A reforma do hospital de Saúde da Família deve ficar pronta daqui a um mês e está funcionando provisoriamente na Casa de Cultura.
“O governador é extremamente humano, vamos montar uma sala com o que for preciso para estabilizar o paciente em uma emergência. Eu me coloco à disposição para conseguirmos dar conta dessas demandas”, disse Suely Melo. Durante a visita da secretária, o avião da Força Aérea chegou com os equipamentos novos que ela mandara buscar para o hospital: colchões de cama e de maca, roupas de cama e para os pacientes, aspirador de vias aéreas, cobertores, mantas, fraldas descartáveis, nebulizador, kit para coleta de sangue e suporte para soro.
O município também recebeu um kit de medicamentos enviado pelo Ministério da Saúde. “Esse é um momento muito importante. O fato de ela ter vindo pessoalmente ver a situação e fazer essa contribuição para o hospital nos fortalece”, disse Francisca da Silva.
Saúde traça estratégias de atendimento às vítimas depois das enchentes
A área urbana não está mais alagada e as cerca de 780 pessoas que estavam alojadas em abrigos da prefeitura e casas de familiares já retornaram para suas casas. A água baixa, mas a sujeira fica, e a grande preocupação agora é com as doenças, como leptospirose e hepatite A. Durante a enchente muitos moradores não se protegeram adequadamente com botas e luvas ou mesmo sacos plásticos na hora de retirar a mudança das casas, e após algumas semanas os sintomas começam a aparecer.
Por isso, as vigilâncias epidemiológica e sanitária começaram com as ações de saúde, distribuição de kits de limpeza e filtros de água. Já nas aldeias a situação é diferente. Treze comunidades indígenas foram totalmente atingidas e duas, parcialmente; e as plantações, de onde tiram parte de sua subsistência, foram perdidas. A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e a Força Nacional usaram helicóptero para levar sacolões de cesta básica, e a maior urgência no momento é não deixar faltar alimento para essas pessoas. Cerca de 60% da população do município é indígena das etnias Kaxinawá, Kulina e Jaminawa.
“Com a alagação muita gente adoeceu, e a secretária Suely enviou os medicamentos necessários. É o momento que precisamos da ajuda de todos da saúde. Graças a Deus ninguém morreu e agora é cuidar para que ninguém adoeça”, disse o prefeito da cidade, José Brasil.
A Sesacre também preparou spots de orientação de saúde e dos cuidados na volta para casa para serem veiculados nas rádios dos municípios atingidos ou em carros-volantes. A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras Públicas (Seop) também esteve no município avaliando a situação após a enchente.
No lugar certo e na hora certa
Ao chegar ao hospital de Santa Rosa, a equipe do Samu, que acompanhou a visita da secretária, encontrou uma criança peruana de apenas cinco meses diagnosticada com broncopneumonia pela médica da Força Nacional do SUS, que está no local. A situação dela era bem delicada e respirava com auxílio de oxigênio.
A pequena Ágata estava acompanhada da mãe, uma jovem de 16 anos, do pai, de 18, e da avó, todos moradores de Palestina, um povoado peruano. A equipe decidiu que ela deveria vir para um hospital de Rio Branco e a embarcou no mesmo voo que trouxe a equipe da secretaria de volta à capital.
“A nossa vida é assim: toda hora uma situação inesperada. Encontramos esse bebê e pudemos salvar sua vida. A prioridade do socorrista é o equilíbrio, e felizmente chegamos no momento certo”, disse aliviada a enfermeira assistencial do Samu Solange Sousa.