Próxima colheita levará o Acre à autosuficiência, assim como ocorreu com o milho
A produção de feijão deste ano no Acre será ao menos 20% maior que a de 2007,calcula a Secretaria de Agricultura e Pecuária (Seap). São esperados 1,2 mil toneladas do grão apenas no município de Plácido de Castro, onde se concentraram, durante três anos, os experimentos que levaram o Governo do Estado a reunir as práticas adequadas de produção da variedade Pérola, que desafiava as complexidades da região. O Vale do Acre produz outras três variedades, o Preto, o Pitôco e o Anão Cores.
Em 2009, prevê o secretário da Seap, Mauro Ribeiro, o Acre será autosuficiente em feijão, status até agora alcançado pelo milho. A autosuficiência é emblemática ao atual momento vivido pela zona rural, que caminha, segundo Ribeiro, para uma agricultura profissionalizada e industrial. Outro fator dos novos tempos do campo é a presença cada vez maior de pequenos pecuaristas nos leilões de elite: 10% dos lances são ofertados por micro criadores que desejam melhorar a genética de seu rebanho. Para fomentar o cultivo de feijão na Zona Especial de Desenvolvimento (ZED) do Vale do Acre, a Seap distribuiu 27 toneladas de grãos. Apenas no município de Rio Branco foram plantados mais de cinco toneladas do grão. Foram plantados cerca de 100 hectares em Plácido.
A variedade Pérola foi originada na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) a partir de seleção na cultivar Aporé. Após avaliações em 57 localidades dos Estados da Bahia, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais e Mato Grosso foram indicados para lançamento nessas regiões, em 1994.
Atualmente sua recomendação abrange os Estados de Acre, Bahia (Além São Francisco, Nordeste Paraguaçú Vitoria da Conquista), Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia e Santa Catarina. Para melhorar a produção, no entanto, o agrônomo Ênio Lazari, da Seap, produziu uma avaliação que concluiu que o espaçamento (de 90 cm entre plantas com plantio de oito sementes por metro linear) e a aplicação de fungicida eram preponderantes para a boa produção. "E também mudamos o processo de secagem, que era feita ao sol, reduzindo a qualidade do grão. Agora o feijão é secado à sombra", explicou Lazari.
A boa safra está sendo possível pela adição de tecnologias de manejo e mecanização e pelas distribuição adequada das chuvas. Os produtores estão aproveitando a terra onde o milho foi cultivado.
A Colônia São Jorge, localizada no KM 2 do Ramal 6, em Plácido de Castro, mantém oito hectares de feijão Pérola. O dono, Amilton Jorge, diz que havia muito tempo não se ouvia falar de tantas lavouras de feijão no município. "Vai ser uma grande produção", disse. Para colher os oito hectares, a Colônia São Jorge demandará a mão-de-obra de pelo menos dez homens. Somado aos bons preços, o feijão irá mexer com a economia do Vale do Acre, abrindo dezenas de oportunidades de trabalho no campo.
Juruá produz o que consome – As 14 variedades de feijão conhecidas no Vale do Juruá atingem média de 400 quilos de produção por hectare. A região é praticamente autosuficiente no grão, produzido basicamente a partir de sementes caboclas. Existem ações para o resgate das sementes caboclas no Acre. No atual estágio de oferta e procura, as comunidades do Juruá funcionam como bancos de sementes que abrigam e mantém as futuras gerações do feijão, cujas variedades fazem a delícia dos pratos regionais.