Rio Juruá volta a transbordar e invade casas em Cruzeiro do Sul

 Rio Juruá desabriga quatro famílias em Cruzeiro do Sul (Foto: Onofre Brito/Secom)

Rio Juruá desabriga quatro famílias em Cruzeiro do Sul (Foto: Onofre Brito/Secom)

Muitas pessoas achavam que o Rio Juruá não transbordaria mais neste ano, mas o rio surpreendeu: começou a subir ontem durante o dia atingindo 13,38 m, ultrapassando em 38 centímetros a cota de transbordamento. Nesta segunda-feira, 1º, com 13,52 m e já desalojou quatro famílias, que foram retiradas pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBM).

Hoje de manhã, o comandante dos Bombeiros em Cruzeiro do Sul, major Araújo, vistoriou os bairros alagados: Miritizal, Lagoa, Várzea, Olivença e Boca do Moa. Ele observou que dezenas de casas estão no limite, com as águas chegando ao assoalho e se o rio subir mais 20 cm, mais famílias terão que abandonar suas casas. O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Gundim  sobrevoou de helicóptero a região alagada em Cruzeiro do Sul para avaliar as consequências da enchente.

“As pessoas dizem que estão acostumadas com o rio e às vezes nós questionamos isso; as pessoas precisam ficar atentas. Quando se esperava que o rio não fosse subir mais infelizmente veio esta surpresa de última hora no inverno deste ano”, comentou o major Araújo.

Muitas pessoas não querem sair das casas imaginando que o rio não vai passar do que está, mas o major Araújo alerta que em Marechal Thaumaturgo e Porto Walter, cidades situadas rio acima, o rio também está  cheio o que garante que em Cruzeiro do Sul ele vai continuar, no mínimo, estabilizado podendo até subir.

Maria Alcianira mora no bairro da Lagoa, todos os anos o primeiro bairro a ficar alagado devido ao represamento do Igarapé São Salvador (Foto: Onofre Brito/Secom)

Maria Alcianira mora no bairro da Lagoa, todos os anos o primeiro bairro a ficar alagado devido ao represamento do Igarapé São Salvador (Foto: Onofre Brito/Secom)

A dona de casa Maria Alcianira mora no bairro da Lagoa, todos os anos o primeiro bairro a ficar alagado devido ao represamento do Igarapé São Salvador. Neste ano, ela abandonou uma casinha que tinha à margem do rio e construiu com o marido outra casa grande nas proximidades, com 3,5 m de altura do chão para abrigar seus oito filhos e dois netos. Ela conta que não imaginava que a água fosse chegar aonde chegou. Ontem à tarde, a casa ainda estava fora da água, mas às quatro horas da madrugada de hoje ela invadiu o assoalho, molhou os colchões dos filhos e os mosquiteiros.

Hoje, Maria está com 20 pessoas alojadas em sua casa. Uma cunhada que morava nas vizinhanças já foi retirada. Ela demonstra preocupação e como o rio não está baixando podendo subir, ela admite que pode abandonar a casa e ir para um abrigo. “Se tiverem que retirar a gente nós vamos. Tenho filhos pequenos e dois netos e é perigoso”.

Setor de endemias atento

O Setor de Endemias da Secretaria Estadual de Saúde continua com seu trabalho de prevenção à malária, mesmo nas áreas alagadas. Hoje de manhã, o agente de Endemias, Heleno Silva Freitas, fazia coletas de lâminas no bairro da Lagoa. Ele conta que apesar da maior dificuldade de chegar às casas devido à enchente, o trabalho das Endemias continua sendo executado no bairro Miritizal e nos dois lados do rio.

Segundo Freitas a alagação também tem um lado positivo, pois as águas da enchente dissolvem e arrastam as larvas dos vetores, embora as pessoas tenham mais dificuldades de se proteger. “Fica difícil, por exemplo, armar um mosquiteiro em casa alagada que é uma das melhores proteções”, disse.

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