Construção da ponte do Juruá livrou muitas famílias da alagação
O Rio Juruá ultrapassou desde a manhã desta segunda-feira, 5, a cota de transbordamento que é de 13 metros. Hoje, no amanhecer do dia, a cota alcançou 13,47 metros tendo desalojado até o momento15 famílias que foram abrigadas no Salão Cordélia Lima. O Corpo de Bombeiros mantém desde o final de semana um constante patrulhamento da comunidade Olivença até a Boca do Moa que é intensamente povoada de ribeirinhos. O comandante do Corpo de Bombeiros, major Moisés, comanda pessoalmente as operações. Segundo informações obtidas pelo Corpo de Bombeiros, nos municípios de Marechal Thaumaturgo e Porto Walter, no Alto Juruá, o rio já está vazando trazendo a esperança de que em breve o mesmo ocorra em Cruzeiro do Sul.
Há vários dias o Corpo de Bombeiros vinha monitorando o rio que já ultrapassara a cota de alerta, de 11,80 m. Ontem de manhã, as primeiras famílias no bairro da Lagoa Cruzeirinho Novo e Boca do Moa começaram a ser retiradas enquanto o major Moisés fazia um alerta às famílias para o cuidado redobrado com as crianças que na época de cheia aproveitam para se divertir nas águas que chegam ao terreiro de suas casas.
A construção da Ponte do Juruá acabou por contribuir para que menos famílias fossem atingidas pela cheia. Na área da ponte foram retiradas 70 famílias – que hoje residem no conjunto habitacional Novo Miritizal, construído pelo Governo do Estado – que certamente estariam entre os atingidos pela cheia. Já a ponte não sofreu qualquer prejuízo, pois o bloco principal (com quase mil metros de concreto), bem como os demais pilares já estão construídos, o que permitirá que a obra continue sem interrupção.
A viúva Márcia Rodrigues do Nascimento mora com quatro filhos pequenos às margens do Juruá. No domingo à noite ela viu a água invadir sua casa. Ontem de manhã, ela já estava com seus poucos pertences arrumados esperando apenas a chegada do Corpo de Bombeiros para abandonar a moradia.
O pescador Alberto Rodrigues da Conceição mora com nove filhos numa casa às margens do Juruá pouco acima de Cruzeiro do Sul. Ontem, sua casa amanheceu tomada pela água. Enquanto aguardava o socorro do Corpo de Bombeiros cuidava com carinho de um canteiro de cebolinha e outras verduras. Por estar a pouco mais de um metro do solo, o canteiro resistia acima do nível das águas. Alberto, nem por isso, demonstrava desespero ou preocupação.