Evento é realizado em 16 cidades brasileiras e traz filmes de toda a América do Sul
Trazer os direitos humanos para as telas de cinema. Esta é a estratégia para abordar o tema de forma atrativa e fugir dos conceitos pré-formados que permeiam o senso comum. Rio Branco, pela primeira vez, integra a 4ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul. A entrada é gratuita e a exibição acontece na Filmoteca Acreana, localizada na Biblioteca Pública.
Wellinton Pantaleão, assessor federativo da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, explica que o tema Direitos Humanos é muito mal tratado pela mídia. "As pessoas acabam achando que direitos humanos é apenas para quem está em conflito com a lei, para bandidos e esquecem que o direitos dos idosos, das crianças, e muitos outros também fazem parte do tema. A ideia é trazer tudo isso para as salas de cinema para que as pessoas percebam que a proteção ao idoso, por exemplo, também é uma forma de direitos humanos".
Para o secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Henrique Corinto, a mostra de cinema é uma ferramenta para divulgar o tema e envolver as pessoas nesta causa.
Segundo a produtora da mostra, Rose Farias, outra novidade serão as sessões com audiodescrição para o público com deficiência visual. "É algo novo, que nunca aconteceu aqui. Além da narração das falas há também as sensações sendo descritas, como chuva, tarde de sol, manhã nublada".
O evento, que acontece entre os dias 19 e 25 de outubro em Rio Branco (AC), é dedicado a obras que abordam questões referentes aos direitos humanos, produzidas recentemente nos países sul-americanos. No total, estão representados dez países da América do Sul: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Perú, Uruguai e Venezuela.
Além de Rio Branco, outras 15 cidades recebem Mostra: São Paulo, Rio de Janeiro, Natal, Belo Horizonte, Porto Alegre, Teresina, Fortaleza, Goiânia, Belém, Maceió, Brasília, Recife, Curitiba, Manaus e Salvador. Em todas as capitais acontecem sessões com audiodescrição e closed caption.
A 4ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul é uma realização da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, com produção da Cinemateca Brasileira, patrocínio da Petrobras e conta com apoio do Ministério das Relações Exteriores, da TV Brasil e da Sociedade Amigos da Cinemateca. As obras mais votadas pelo público são contempladas com o Prêmio Aquisição TV Brasil nas categorias longa, média e curta-metragem. A programação tem curadoria do cineasta e curador Francisco Cesar Filho.
O Signo da Cidade na sessão de abertura
A sessão de abertura, prevista para às 20 horas, terá a exibição do longa-metragem "O Signo da Cidade", dirigido por Carlos Alberto Riccelli e que aborda questões dos direitos das mulheres, da população negra e afrodescendente e da cidadania LGBT. O mesmo filme será exibido com audiodescrição para portadores de deficiência visual na sexta-feira, dia 23, às 14 horas. Além deste, o longa-metragem peruano "Não Conte a Ninguém", de Francisco J. Lombardi, também terá sessão especial.
Na seção Contemporâneos estão programados trabalhos recentes, como "Entre A Luz e a Sombra", de Luciana Burlamaqui, longa inédito no circuito comercial que acompanha ao longo de sete anos uma atriz tornada voluntária social e seus encontros com uma dupla de rappers de sucesso formada por detentos do Complexo do Carandiru, em São Paulo. Outro filme inédito no Brasil é o "Unidade 25", uma produção argentina dirigida por Alejo Hoijman sobre uma impressionante prisão/igreja, local onde duas centenas de prisioneiros e 30 guardas compartilham sua devoção ao Evangelho.
Programa Especial
Entre os destaques da Mostra está o longa-metragem "Histórias de Direitos Humanos", que integra o Programa Especial com 22 episódios de três minutos cada, assinados pelo argentino Pablo Trapero, o chinês Jia Zhang Ke, o tailandês Apichatpong Weerasethakul e o realizador de Burkina Faso Idrissa Ouédraogo ("África, Minha África"), além da dupla brasileira Walter Salles e Daniela Thomas.
"O Cavaleiro Negro" de Ulf Hultberg e Åsa Faringer, e a minissérie televisiva "Trago Comigo", na qual a diretora Tata Amaral mistura ficção e realidade para abordar a ditadura militar no Brasil, também fazem parte do Programa Especial.
Homenagem
Considerado projeto precursor na área de produção audiovisual dos índios no Brasil, o Vídeo nas Aldeias é foco da Homenagem desta edição. Criado em 1987, a partir de um experimento realizado por Vincent Carelli entre os índios Nambiquara, quando estes eram filmados e depois assistiam a suas próprias imagens, o projeto tornou-se um centro de produção de vídeos e uma escola de formação audiovisual para povos indígenas. Estão programados sete títulos do Vídeo nas aldeias, entre eles o longa-metragem "Corumbiara", vencedor este ano dos prêmios de melhor filme no Festival de Gramado e no Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Goiás), além de menção honrosa no É Tudo Verdade.