Quem entra no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco encontra uma verdadeira operação de guerra no espaço que hoje reúne os desabrigados pela cheia do Rio Acre. A união de esforços entre a prefeitura de Rio Branco, governo do Estado e entidades públicas e civis não para de ajudar as pessoas que precisaram sair de suas casas devido à forte cheia que registrou às 12 horas desta sexta-feira, 17, nível de 16,59 metros de profundidade. A cota de transbordamento é de 14 metros.
Foram contabilizadas mais de 720 famílias desabrigadas – 2.934 pessoas. Desse total, 34 famílias – exatas 138 pessoas – estão agora alojadas nas dependências do Sest/Senat. Mesmo ganhando novos abrigos todos os dias através de tendas e lonas, o Parque de Exposições está com sua capacidade quase esgotada para o recebimento de pessoas. Segundo o coronel Gilvan, coordenador da Defesa Civil Municipal, o Ginásio Coberto deve começar a receber desabrigados ainda na tarde desta sexta.
As famílias que não têm para onde ir são retiradas por equipes do governo do Estado e prefeitura de Rio Branco. Elas ajudam a resgatar móveis e objetos pessoais dos moradores e os encaminham para o abrigo no Parque de Exposições. Setenta equipes, cada uma composta por seis pessoas, auxiliam o trabalho. O presidente do Deracre, Marcus Alexandre, informou que desde ontem direcionou 35 caminhões e sete equipes de trabalho para o resgate, além de equipes de carpintaria e capina para o Parque.
O apoio do governo federal também começa a chegar ao Acre. Cerca de 30 homens da Força Nacional vêm a Rio Branco ainda nesta sexta-feira para apoio à Defesa Civil do Estado. Além de homens, também chegam tendas para serem montadas e servirem como abrigos provisórios.
Segurança, alimentação e saúde
A zona rural também foi atingida pela cheia do Rio Acre e do Riozinho do Rôla. Equipes das secretarias de Produção estadual e municipal ajudaram na retirada de mais de cem famílias e começam a receber doação de sacolões. Na área rural, as principais localidades atingidas são: Bagaço, Extrema, Colibri, Limoeiro, Quixadá, Panorama, Vista Alegre, Catuaba, Extrema II, Liberdade, Belo Jardim, Benfica, Capatará, Moreno Maia e Riozinho do Rôla.
No abrigo, as famílias desamparadas possuem à disposição uma ampla estrutura que inclui três refeições ao dia, posto de saúde, banheiros químicos, espaço para lavanderia, água potável, canil, além de cada família ter um box à disposição para ter onde colocar seus pertences e dormir com seus familiares.
As famílias que estão abrigadas no Parque de Exposições podem buscar atendimento médico num posto de saúde que foi montado no local. São prestados atendimentos de clínica geral para crianças, adultos e idosos. Em casos específicos, o médico poderá fazer o encaminhamento do paciente para uma unidade de saúde especializada. “Com a previsão de receber mais pessoas, estamos com uma grande estrutura aqui, praticamente uma minicidade”, conta o vice-governador César Messias, que está presente com frequência no Parque, discutindo medidas para auxílio dos desabrigados.
A segurança está sendo reforçada diariamente. O coronel Anastácio, comandante da Polícia Militar, informou que de dia há pouca necessidade de homens, à noite é que o policiamento vem sendo reforçado”
Previsão de cheia por todo o mês
O Rio Acre é alimentado pelas águas de três bacias: Bacia Trinacional (na região de fronteira de Brasil, Bolívia e Peru), Bacia de Xapuri (o encontro do Rio Xapuri com o Rio Acre) e Bacia do Rôla (o encontro do Riozinho do Rôla com o Rio Acre). Com chuvas intensas sobre as três bacias, a previsão é de que por todo o mês de fevereiro o Rio Acre mantenha um nível alto de suas águas.
Segundo o meteorologista da Ufac Alejandro Fonseca Duarte, só em janeiro houve chuvas de mais de 100mm em toda a Bacia do Rio Acre. “Esse nível de chuvas deve se manter por todo o mês de fevereiro e março”, completou. Ainda sobre a cheia, mesmo que as chuvas cessassem, o rio se manteria em um nível alto por pelo menos três semanas, devido ao grande volume de água que tem recebido.
Situação no interior do Estado
Em Assis Brasil, a medição deixou de ser realizada devido às águas do rio terem levado a régua de medição, mas 43 famílias já foram desabrigadas. Uma nova régua está sendo providenciada.
O Rio Iaco, em Sena Madureira, também se encontra em uma situação crítica. O nível do rio marcado esta manhã foi de 16,53 metros – 1,33 metro acima da cota de transbordamento. Segundo relatório da Defesa Civil, 53 famílias estão desabrigadas.
Em Cruzeiro do Sul, após uma pequena vazante, o Rio Juruá se encontra com 11,90 metros, ainda acima da cota de alerta, mas abaixo da cota de transbordamento, que é de 13 metros. Já em Brasileia, a cota de alerta também foi ultrapassada. Por lá, o Rio Acre marcou esta manhã 10,05 metros. A cota de transbordamento é de 11,40 metros.
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