Na terça-feira, 20, a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres) ofereceu a primeira aula de yoga para as reeducandas do pavilhão feminino do Presídio Doutor Francisco de Oliveira Conde. Cerca de 10 detentas participaram da aula.
As aulas vão trabalhar a estrutura emocional dessas mulheres em situação de cárcere. “Elas guardam muito atritos dentro de si. O yoga ajuda a amenizar tudo isso. As técnicas, os exercícios de relaxamento, concentração e respiração darão um equilíbrio maior para que elas possam se controlar melhor”, disse Daniel Andrade, professor de yoga.
A iniciativa partiu de uma visita da secretária da SEPMulheres, Concita Mais, ao pavilhão feminino. Na ocasião, foi detectado um alto índice de depressão entre as presidiárias. “Não podíamos ficar sem fazer nada. Cerca de 90% delas estão depressivas. Precisávamos buscar algo que desse um pouquinho mais de tranquilidade”, comentou Concita Maia.
“É muito importante esclarecer que essa iniciativa ainda não foi vista em nenhum lugar do Brasil. É a primeira vez que um órgão se preocupa com o bem-estar de reeducandas e traz uma aula de yoga. Temos que dar os parabéns”, enfatizou Daniel Andrade.
A coordenadora de Humanização da SEPMulheres, Ana Lúcia Ferreira, acredita que os exercícios vão ajudar as reeducandas a passarem por sua pena de uma forma menos sofrida. “Elas estão pagando uma pena. Isso, por si só, independentemente do crime que tenham cometido, já é um sofrimento. O yoga, além de propiciar benefícios físicos por meio dos exercícios, dá também equilíbrio emocional para que elas começem a se conhecer, se respeitar e, acima de tudo, se valorizar mais”, disse Ana Lúcia.
As aulas serão duas vezes por semana em uma sala fechada, com música suave e sempre acompanhada por agentes penitenciários. Cada sessão terá 45 minutos. Para M.L., de 29 anos, presa há dois, é uma experiência única. “Hoje, depois dessa aula, percebi que fiquei mais relaxada, com a mente mais leve. Parece que nem estamos no cárcere. Imagina só com uma aula sentir isso? Por mim teríamos pelo menos três vezes por semana”, disse a reeducanda.
“É esse sentimento que buscamos, o de paz. E elas vão passar isso para os familiares nos dias de visitas e, consequentemente, as famílias vão perceber uma mulher mais tranquila, mais reflexiva. É um efeito cascata que vai influenciar na boa convivência com as outras companheiras de detenção. Trazer um pouco de sossego, de tranquilidade nos deixa emocionadas”, concluiu a secretária Concita Maia.
