Cíbero Viana Freira é assistente social e servidor público. Alberto Francisco da Silva é aposentado. Em comum eles têm a admiração, respeito e paixão pela Rádio Difusora Acreana (RDA), que neste sábado, 25 de agosto, completa 68 anos. São quase sete décadas dedicadas ao trabalho com grande responsabilidade social, levando informação e entretenimento aos mais distantes pontos do Estado, sendo inclusive a única fonte externa de comunicação em comunidades distantes.
Antes de vir morar em Rio Branco, Cíbero residia em Rondônia, na Vila Califórnia, com os sete irmãos e os pais. Depois de dois acidentes, ele ficou totalmente cego, e só tinha cursado até a quarta série. Ele conta que no seringal não tinha a chance de continuar estudando por causa de suas necessidades especiais. “Eu sempre ouvi a Rádio Difusora, e foi durante o programa da Nilda Dantas, depois de ouvir uma mensagem, que resolvi pedir ajuda. Pensei: quem sabe essa mulher não pode me ajudar?”, relata o ouvinte.
Assim como acontece com dezenas de outros pedidos recebidos diariamente, a equipe da Difusora buscou as informações para repassá-las ao ouvinte. A resposta contendo o telefone de contato do Centro de Apoio aos Deficientes Visuais foi o marco para a mudança de trajetória da vida de Cíbero.
“Tenho marcado na memória o nome da Nilda Dantas e do repórter Raimundo Fernandes. A Difusora é um marco fundamental da minha vida. Ainda hoje não saio de casa antes de ouvir a rádio. É importante esse acesso à informação”, enfatiza Viana. Depois de sair do seringal, e se formar em Serviço Social, Cíbero reconhece na Difusora a oportunidade que lhe faltava para seguir em busca de realizar seus sonhos.
Outro ouvinte assíduo da Difusora é o aposentado Alberto Francisco da Silva. “Começo a ouvir a rádio às quatro horas da manhã, e só vou dormir depois do programa das 11 da noite. Escuto toda a programação. E não posso dizer se tenho uma preferida, pois gosto de tudo. Acompanho os 27 programas. Meu rádio não sintoniza outra emissora”, detalha. Alberto conta ainda que traz na memória vários fatos noticiados pela rádio, como, por exemplo, o assassinato de Edmundo Pinto e de um colega de infância.
“A Difusora faz parte da história do Acre. Quero parabenizar a rádio pelos 68 anos, todos os dirigentes que já passaram por aqui e os que ainda estão. Feliz aniversário, Rádio Difusora”, finalizou.
A história da Difusora começou em 1944, quando o então governador Silvestre Coelho fez o discurso de abertura: “Está no ar, pela primeira vez, a título de experiência, a Rádio Difusora Acreana”. Os equipamentos vieram de avião. Seu estúdio foi instalado no antigo Instituto Getúlio Vargas e em 7 de agosto daquele ano aconteceu a primeira transmissão da rádio em caráter experimental. No dia 25 de agosto entrou no ar efetivamente e desde então se consolidou no Acre como o maior veículo de comunicação do Estado, por conta da agilidade em que transmite a informação.
O governador Tião Viana aproveita o momento de comemoração para parabenizar aos servidores da RDA. “A Rádio Difusora é um grande patrimônio do povo acreano. Sou muito grato pelo trabalho de todos que ajudaram a construir essa história, aos funcionários dedicados que passaram pela rádio e aos que estão nela atualmente. São 68 anos levando a informação para os lugares mais distantes do Acre, trabalhando com seriedade, respeito e amor. O governo vai continuar trabalhando para que a rádio tenha condições técnicas e humanas de continuar sendo a ‘Voz das Selvas’.”
Para não deixar se perder no tempo
Um pouco da trajetória da RDA pode ser vista no museu instalado na unidade. Os interessados encontram áudios de locutores e da programação, equipamentos antigos, fotos de servidores e de transmissões e também parte do acerco musical. “Parte do arquivo da rádio foi reunido, para não deixar as coisas se perderem com o tempo”, destaca o atual diretor da RDA, Antônio José Macedo.
Macedo lembra ainda que a RDA tem dois pilares importantes. O primeiro é o jornalismo e outro é o de serviços de utilidade pública, além de ter um aspecto muito relevante: ser o único veículo de comunicação que chega às comunidades mais distantes do Acre e do mundo, por meio da internet.
A história da rádio se confunde com a história de vida dos servidores. Os locutores, repórteres e o pessoal do administrativo têm o trabalho reconhecido pela população. É o caso, por exemplo, da radialista Nilda Dantas. Ela já recebeu inúmeras cartas, ligações e recados demonstrando o carinho que as pessoas têm pelo trabalho que a equipe da rádio desenvolve. “A rádio tem um papel importante na vida das pessoas. Ela faz o papel de companheira em muitas vezes. E na região amazônica essa função é ainda maior. Já que em muitos lugares é a única fonte de informação. Além disso, posso dizer que a Difusora é a minha vida”, disse a grande dama do rádio acreano.
A secretária adjunta de Comunicação, Andréa Zílio, acrescenta que, em reconhecimento ao trabalho das pessoas que fazem da RDA, a Voz das Selvas, o governo do Estado irá realizar um baile comemorativo ao aniversário de 68 anos da rádio. “A Rádio Difusora representa toda essa riqueza cultural do Acre, porque sempre foi feita por profissionais dedicados, esforçados, que têm amor pelo que fazem e respeitam os ouvintes. Com o apoio do governador Tião Viana e de cada funcionário, temos tido conquistas. Um exemplo disso são as transmissões integradas do Sistema Público, as coberturas em grandes eventos do Estado, o trabalho em conjunto da Difusora e TV Aldeia, a transmissão do Gente em Debate e outros. Agora estamos adquirindo kits com novas mesas de som e outros itens, para melhorar a estrutura em cada unidade.”