A Rádio Difusora Acreana dispensa apresentações, confunde-se com a história do próprio Estado e é parte do cotidiano dos seus moradores, seja nos bairros da capital, nos municípios e, principalmente, nos lugares mais remotos. Além de sua função de inclusão social, atingindo um público específico, distante dos centros urbanos, é a ferramenta de comunicação mais eficaz nas colocações, fazendas, aldeias e seringais. Não é à toa que também é conhecida como “A Voz das Selvas”.
A Difusora foi protagonista das mais diversas histórias, facilitou encontros amorosos, talvez, mesmo sem ser sua intenção, alguns desencontros também. Mediou os mais diversos conflitos. Levou informações úteis sobre saúde, educação e política aos lugares mais longínquos. Revelou artistas acreanos e informou sobre a grande guerra. Embalou bailes nos seringais e levou tristes notícias de morte. Assim como alegrou corações com notícias de casamentos, de nascimentos e das chegadas de parentes que moravam longe. Promoveu negócios. Emocionou com suas radionovelas e abriu o microfone para a população denunciar, criticar e elogiar.
No próximo domingo, 25, a Rádio Difusora Acreana completa 69 anos de criação, já que sua primeira transmissão ocorreu no dia 25 de agosto de 1944. Em sua trajetória, muitos foram os que contribuíram – e contribuem – para que a emissora continue a ser referência em comunicação na Amazônia.
Entre os comunicadores que fazem parte da história da Difusora, um dos nomes de grande relevância é o do jornalista Washington Aquino, que foi diretor, por nove anos, da emissora. Atualmente, é o responsável pelo programa de maior audiência, o “Gente em Debate”, que conta com correspondentes em todo o Estado do Acre.
O programa, segundo o jornalista, ostenta esse sucesso, pois tem um estilo próprio: dinâmico, com participação livre dos ouvintes em tempo real, divulgando as mais variadas informações de interesses da sociedade. Um fórum permanente de comunicação aberta.
O jornalista diz ainda que a rádio é uma grande família: “Hoje, temos um encontro de gerações na Rádio – jovens recém-chegados e estagiários convivem com profissionais com mais de vinte, trinta anos na casa. Mas o ambiente é tão familiar que, logo, os novatos já se sentem em casa, tão velhos como os outros”.
“A Difusora é a sintonia do interior. Foi a maior escola de comunicação do Acre e, ainda hoje, é fonte de referência por sua tradição e história. Temos o compromisso com a veracidade, pois respeitamos o ouvinte. Não divulgamos nada, absolutamente nada, sem antes confirmar a notícia. Sabemos de nossa responsabilidade como formadores de opinião. A credibilidade da Difusora é o seu maior patrimônio”, emociona-se Aquino.
Para Andréa Zílio, diretora-presidente da Fundação Aldeia de Comunicação do Acre (Fundac), órgão ao qual todo o Sistema Público de Comunicação está vinculado, é impossível enxergar a Difusora Acreana com um olhar dissociado da história do Acre.
“Em todos os momentos históricos da sociedade acreana, a Difusora esteve presente. Na elevação do Território a Estado, em 1962, nas conquistas e avanços da última década. A equipe de profissionais da Difusora relatou fatos que marcaram época, apresentaram mudanças políticas, sociais e culturais dos últimos 69 anos. Não consigo imaginar o jornalismo acreano sem a existência desse veículo, que está presente nos lugares mais distantes do nosso Estado”, revela a diretora.
O secretário de Estado de Comunicação, Leonildo Rosas, completa dizendo que a Difusora Acreana tem um papel importantíssimo na história do Acre e dos acreanos.
“Impossível para alguém ter vivido em Rio Branco na infância, adolescência ou juventude e não ter acordado ao som da frase ‘Bom dia, dona Maria, olha a hora, olha hora’, ou desconhecer a abertura do programa de Estevão Bimbi: ‘Se você tem nervos fracos, desligue agora seu rádio, vai começar… Mundo Cão’. Para nós, falar da Difusora é falar da nossa história, e é por isso que nossa equipe já trabalha para que no próximo ano, no aniversário de 70 da Rádio Difusora, possamos realizar uma vasta programação. Teremos um ano marcante, com eventos espalhados por todo o Estado”, revela.