Rádio comunitária promove integração em abrigo público

“Os pedidos são os mais inusitados”, diz Lidianne Cabral (Foto: Luciano Pontes/Secom)
“Os pedidos são os mais inusitados”, diz Lidianne Cabral (Foto: Luciano Pontes/Secom)

“Bom dia, comunidade!”. É com esta frase que a comunicadora Lidianne Cabral inicia a programação da rádio instalada no abrigo público do Parque de Exposições Marechal Castelo Branco. O projeto, idealizado pela prefeitura de Rio Branco, com o apoio do governo do Estado, busca promover a integração e o lazer às vítimas da enchente.

Além de muita informação, os ouvintes desfrutam uma programação cultural composta pelos mais diversos estilos musicais. A transmissão é possível por meio de caixas de som instaladas entre os boxes. Com o sucesso de audiência, este ano a prefeitura inovou instalando dois estúdios no local, localizados, estrategicamente, na administração e no estacionamento do parque.

A duplicação busca facilitar o acesso dos ouvintes aos serviços radiofônicos. Leitura de bilhetes apaixonados, pedidos de namoros, ofertas musicais como forma de declarar os sentimentos são comuns entre os moradores temporários do abrigo público. “Os pedidos são os mais inusitados. Já anunciamos até propostas de casamento”, conta Lidianne, responsável pelo estúdio 01.

A dona de casa Marcela Martins, 43, soube que havia perdido a carteira de identidade por meio de um aviso na rádio. “Uma amiga minha ouviu quando a locutora anunciou o meu nome e disse que estava com o documento. Até então, eu nem sabia que tinha pedido meu RG. Graças a Deus o recuperei”, comemora.

Radialista há mais de 20 anos, Jacira Abdon é a responsável pela programação do estúdio 02. Segundo ela, a rádio promove uma boa convivência entre os desabrigados. “As pessoas estão se conhecendo. É normal que se aborreçam, mas existem normas gerais de convivência que devem ser respeitadas. O prêmio, no final, é o retorno para casa”, declara.

Marcela Martins (direita) soube que havia perdido a identidade por meio de um aviso da rádio (Foto: Diego Gurgel/Secom)
Marcela Martins (direita) soube que havia perdido a identidade por meio de um aviso da rádio (Foto: Diego Gurgel/Secom)