Quero Ler: ser estudante em qualquer tempo

No dia 11 de agosto, o Brasil inteiro celebra uma data mais que especial: o Dia do Estudante. No Acre, o governo do Estado lançou, em 2015, o programa de erradicação do analfabetismo Quero Ler.

O projeto vem transformado o ambiente educacional e consagrando uma nova classe de estudantes, que demonstra a todos que o saber renova sonhos, e ser estudante é algo que pode se dar em qualquer tempo da vida.

Quero Ler, o programa que transforma vidas e estudantes em qualquer tempo da vida (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Quero Ler, o programa que transforma vidas e estudantes em qualquer tempo (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

A cada aluno, uma história de vida em comum: pessoas que não puderam estudar durante a infância e a juventude – um sonho adiado, na maioria, pelas responsabilidades que chegaram prematuramente, pelo trabalho pesado e excessivo ou por tempos difíceis de uma geração que não teve a oportunidade de frequentar a sala de aula.

Só em Rio Branco, o Quero Ler reúne 329 turmas, responsáveis pela alfabetização de mais de cinco mil alunos, a maioria entre 30 e 75 anos.

A meta do governo é alfabetizar, até 2018, cerca de 20 mil pessoas, transformando o Acre no primeiro estado brasileiro a erradicar o analfabetismo.

o Quero Ler tem esse objetivo de provocar uma mudança profunda na sociedade acreana
O Quero Ler tem esse objetivo de provocar uma mudança profunda na sociedade acreana (Foto: Sérgio Vale/Secom)

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”

A célebre frase é do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, mas constantemente proferida pelo governador Tião Viana a cada visita que faz às turmas de novos estudantes do programa.

Para o governador, o Quero Ler tem esse objetivo de provocar uma mudança profunda na sociedade acreana.

Transformação social e liberdade

Constituído por uma política pública que transcende valores sociais, o programa Quero Ler traduz exatamente isso: transformação social e liberdade.

“Ler é liberdade. É a esperança nos olhos pelo amanhã. É a atração do conhecimento. A educação é, sem dúvida, um complemento da liberdade, de sonhos e da vida”, acredita Tião Viana.

Exemplo disso é o aposentado Antônio Soares, 64 anos, do bairro Betel. Ele conta que chegou ao Acre na década de 1980. Ajudou a construir a BR-364. Há dois meses frequentando a sala de aula, pela primeira vez na vida conta, orgulhoso, que começou a ler algumas frases.

Há dois meses frequentando a sala de aula, Antônio Soares conta que pela primeira vez, já lê algumas frases (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Há dois meses frequentando a sala de aula, Antônio Soares conta que já lê algumas frases (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

“Toda a vida eu trabalhei nos acampamentos, operando máquina pesada. Passava meses, anos longe da cidade. Assim, nunca tive oportunidade de estudar. Quando soube dessas vagas, corri para me matricular, porque todo homem ou mulher que se formou um dia passou pela ordem das letras. Toda oportunidade é única. Se eu perder agora, pode até vir outra, mas esta já era! Então vou aproveitar”, conta.

Outras histórias…

O casal Claudineis Aguiar, 47, e Adalcilene Aguiar, 42, está vivendo uma experiência única: eles vêm sendo alfabetizados pela própria filha, Nágila, educadora de uma das turmas do bairro Betel.

“Olha só eu aqui, sendo alfabetizado pela minha filha! Que coisa boa, um presente. Não seria tão gratificante com outra pessoa quanto é com ela. Um orgulho para mim”, exprime o pai, emocionado.

O casal Claudineis Aguiar, 47, e Adalcilene Aguiar, 42, está vivendo uma experiência única: estão sendo alfabetizados pela própria filha (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Claudineis e Adalcilene vivem uma experiência única: estão sendo alfabetizados pela própria filha (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Já no bairro Altamira, o casal de estudantes Antônio Castro, 72, e Creuza Oliveira, 67, é considerado a inspiração da turma.

Naturais do Seringal Macapá, situado às margens do Rio Purus em Manoel Urbano, eles contam que chegaram a Rio Branco em 1992, e até então nunca tinham tido a oportunidade de aprender a ler.

“Nunca tive tempo de estudar quando era novo. Hoje eu vejo que a idade é o que menos importa: eu quero mesmo é estudar, e em algum dia da minha vida aprender a pegar pelo menos um ônibus e saber que fiz isso sozinho”, relata o aposentado.

No bairro Altamira, o casal de estudantes, Antônio Castro (72 anos) e Creuza Oliveira (67 anos), é considerado a inspiração da turma (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
No bairro Altamira, o casal Antônio Castro e Creuza Oliveira é considerado a inspiração da turma (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Creuza lembra que pertence a um tempo em que no seringal sequer caderno existia. “Eram umas folhas grandes de papel que a gente cortava no meio. Algumas vezes cheguei a frequentar a aula, mas nunca segui adiante, de modo que a gente esquece. Hoje me sinto muito feliz por estar de volta à sala de aula”, conta, entusiasmada.

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