É “nóis” no Liga

Centro Cultural Liga Nóis dá exemplo de mobilização comunitária oferecendo oficinas e atividades culturais gratuitas para jovens de Rio Branco

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Oficina de Break mobiliza a garotada do bairro (Fotos: Gleilson Miranda/Secom)

No bairro Cadeia Velha, em Rio Branco, o dono de uma grande propriedade saiu um dia de casa e não pôde deixar de notar que várias crianças e jovens passavam muito tempo nas ruas do bairro. Foi então que ele pensou: "e se eu colocasse essa galera aqui dentro?". Foi com essa ideia que surgiu uma importante iniciativa de inclusão social e apoio à crianças e jovens carentes da periferia da capital: o Centro Cultural Liga Nóis.

Em fevereiro, o artista plástico Adão "Babu" Segundo levou a Central Única das Favelas (Cufa) para o espaço que antes só alugava como moradia para outras pessoas. Pouco tempo depois, novas parcerias foram surgindo, o espaço foi se estruturando, doações aconteceram e projetos foram sendo aprovados nas leis de incentivo a cultura. O espaço deixou de ser apenas da Cufa e passou a se chamar Centro Cultural Liga Nóis, inaugurado dia 4 de julho e que hoje reúne Cufa, Coletivo Catraia, Centro Acreano de Hip Hop, Liga Acreana de Capoeira, Tropa de Elite Break e produtores audiovisuais independentes.

Entre as atividades desenvolvidas, estão oficinas de graffiti, break, hip hop, xadrez, capoeira e arte circense. O objetivo é trazer o máximo possível de jovens dos bairros Cadeia Velha, 6 de Agosto e Baixada do Habitasa, público que os administradores do Centro mais esperam alcançar. "As oficinas dão muita gente. Quando não rola, a molecada vem e bate na porta", explica Ronaldo Tiago. Um exemplo de iniciativa que mostra como é possível transformar uma comunidade quando há mobilização e força de vontade.

Parcerias

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Centro Cultural atende crianças e jovens de diferentes idades de Rio Branco (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

"Não é um negócio burocrático, é um lugar para acolher", define Israel "de Menor", uma das pessoas que ajudam a manter o centro e dá aulas de break. A casa ainda está em uma grande transformação. Já funcionam os escritórios da administração e o estúdio das bandas, que realizam ensaios com frequência.

Mas falta muita coisa. Ronaldo conta os planos do grupo, diz que pretende montar uma brinquedoteca, mas não tem certeza de quando vão conseguir tudo o que precisam para concluir a nova área. Os organizadores do Centro Cultural buscam construir o espaço como um local que vive de doações, esforço e dedicação intensiva daqueles que se comprometem com a causa.

Nos saraus realizados pelo Coletivo Catraia, um valor simbólico foi cobrado pela entrada justamente para ajudar a manter um espaço. Além disso, a entrada também deveria ser reforçada com algum produto de limpeza, para manter o estoque do centro sempre abastecido. Já foram dois eventos realizados e há planos para outros.

Ainda assim, quem faz parte do Liga Nóis demonstra claramente sua força de vontade. A lista de eventos que a liga está realizando é intensa. Estão marcados um campeonato de basquete em dezembro, o baile da consciência negra, a final do campeonato de break em duas modalidades, com a vinda de várias pessoas de municípios do interior.

Israel dá um momento para contar e depois afirma, "é um trabalho completamente voluntário, temos cerca de 20 pessoas envolvidas". O centro também tem planos de trazer palestras sobre doenças sexualmente transmissíveis para a comunidade e realizar distribuição de preservativos para o público adulto.

Graffiti também é arte

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Arte da graffitagem cada dia mais valorizada (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Trabalhar com graffiti é uma das grandes paixões da galera do Liga Nóis. Os próprios muros e fachadas do centro estão com pinturas feitas em graffiti. "Estamos querendo pegar outros muros do bairro e fazer uma espécie de galeria de arte a céu aberto", conta Ronaldo. O graffiti é uma forma de expressão artística transportada para as paredes públicas. Não pode ser considerada uma maneira de pichação, pois é feita somente com permissão e expressa valores positivos.

No Acre, a graffitagem está sendo cada vez mais bem conceituada. Vários eventos, como na Expoacre, há um grafiteiro mostrando esta arte, e até em obras importantes da capital, como na Avenida Ceará, é possível apreciar o grafitti do artista "Babu". Atualmente, um projeto apoiado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura, da Fundação Garibaldi Brasil, está graffitando vários muros de escolas públicas de Rio Branco.

Matias de Souza é o proponente do projeto, e junto com Adão "Babu" está levando o graffiti para vários bairros, incentivando crianças e jovens a seguir um rumo artístico e a união da galera que trabalha com essa arte que também ajuda a construir cidadania.

Quem quiser entrar em contato com o Centro Cultural Liga Nóis para trabalho voluntário ou qualquer tipo de ajuda e apoio para essa iniciativa, pode ligar no numero 3223-9110. O centro está localizado na Av. Epaminondas Jácome, nº844, bairro Cadeia Velha.

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