“É preciso que derreta o gelo, não da Groenlândia, mas de nossos corações”

Índio Haru Kuntanawa, da aldeia situada na Serra do Divisor, recebe na Europa o diploma de Embaixador da Paz

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Haru Kuntanawa foi escolhido como integrande de uma rede mundial pela paz (Foto: Flaviano Schneider/Secom)

O índio Haru Kuntanawa, cuja aldeia fica situada na Serra do Divisor, Vale do Juruá, voltou da Groenlândia onde participou – no mês de julho – da ‘Cerimônia do Fogo Sagrado’, acontecimento que reuniu milhares de representantes de todo o mundo e traz em seu bojo um alerta relacionado às mudanças climáticas. A Groenlândia é a maior ilha do mundo, fica situada no Nordeste da América do Norte e tem a maior parte do seu território coberto por gelo. Tendo permanecido nove dias na ilha, Haru, acompanhado do seu pai Univu Kuntanawa, pôde observar in loco os efeitos do aquecimento global.

Haru viu um caudaloso rio correndo para o mar, resultado do gelo derretido devido à alteração da temperatura. Ali compreendeu ainda melhor o quão importante é a Amazônia para a sobrevivência do planeta. "A Amazônia não é apenas o pulmão do mundo é o ponto de equilíbrio do clima no planeta". Também diz que se o gelo do mundo derreter, subindo nível do mar, a Amazônia será atingida.

Sua viagem para a Groenlândia teve uma esticada até a Alemanha, onde, na capital, Bonn reuniu-se com representantes de três ministérios do governo alemão. Na ocasião denunciou os planos de exploração petrolífera na Amazônia peruana e nas proximidades de nascentes de rios da região, fundamentais para manter o equilíbrio do ecossistema amazônico.

Embaixador da Paz

Na Holanda, Haru recebeu o diploma de ‘Embaixador da Paz’ da Federação para a Paz Universal (UPF). Segundo informações do site UPF, os embaixadores da paz são parte de uma rede global de líderes representando as religiões, as raças e a diversidade étnica da família humana, bem como todas as disciplinas do empreendimento humano. São comprometidos com a tarefa de promover a reconciliação, ultrapassando barreiras e construindo a paz.

A indicação de embaixadores da paz começou em 2001, pela Associação Inter-religiosa Internacional para a Paz Mundial (AIIPM), fundada pelo Reverendo Moon. Desde então foi desenvolvida uma rede de embaixadores em 180 países. Em 2005, a AIIPM inaugurou a UPF como novo estágio do desenvolvimento de sua missão e programa. A UPF defende que a revitalização e renovação das Nações Unidas é a questão básica e essencial do tempo atual. Já existem cerca de 50 mil embaixadores da paz no mundo entre os quais diplomatas, clérigos, líderes civis e atuais ex-chefes de Estado.

Para Haru Kuntanawa sua missão como embaixador da paz está diretamente ligada à luta pela preservação da Amazônia. Passa a ser oficialmente um guerreiro brasileiro dedicado às causas ambientais. Haru está consciente do momento crítico que o planeta está passando. Impressionado com o que viu na Groenlândia, com o rio de gelo derretido correndo para mar, Haru considera que se nada for feito, o planeta corre sério risco de ficar inviabilizado para a sobrevivência do ser humano e, isto, num curto espaço de tempo – "no máximo 50 anos" – disse.

"É preciso derreter não o gelo da Groenlândia, mas o gelo dos nossos corações", desafia o indígena.

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